No primeiro texto da coluna a importância dos dados foi discutida, como a ajuda para a entender o jogo e o fato de que necessitam de contexto. Números em si não são fáceis de digerir, por isso muitos comunicadores ao utilizarem em artigos e apresentações, optam por tentar trazê-los de outras maneiras.
A fim de tornar mais atrativo, dinamizando a compreensão, os números passam a ser representados em gráficos. A área de visualização de dados é responsável por transformar informação em imagem atendendo a um propósito. A partir dessas imagens, o autor é capaz de direcionar o olhar do leitor para aspectos que números crus não transparecem facilmente. Um exemplo bem claro disso é o gráfico de casos diários de COVID-19.
Acima podemos ver o número de casos confirmados de cada país até o dia 31 de março. Como descrito pela legenda, o gráfico apresenta o valor acumulado desde Janeiro do ano passado e mostra como os Estados Unidos apresentam números bem superiores ao Brasil e a Índia.
Este gráfico já mostra a média móvel que é tão citada nos noticiários. Agora a atenção do leitor é direcionada para os casos confirmados diariamente. E vemos como Estados Unidos mesmo tendo um total bem maior que Brasil e Índia, a média decaiu bastante, enquanto o Brasil infelizmente ultrapassou a média no período recente.
Os números no futebol
No futebol, a visualização de dados é tão importante quanto. Se eu disser que o Leeds comandado por Marcelo Bielsa tem aproximadamente 32% de intensidade de pressão, lhe transparece ser muito ou pouco? Olhe agora o gráfico e conclua novamente:
32% significa que o Leeds é o time que tem mais intensidade de pressão, mas nesse gráfico outra variável é adicionada, a pressão alta. A partir dela vemos que Leeds é intenso, mas não pressiona a bola tão alto quanto Bayern de Munique e RB Leipizig.
Existem várias maneiras de representar visualmente os dados. Uma das poucas lembradas, mas muito utilizadas são as tabelas. Sim, tabelas são formas visuais de ver os dados. Tabelas são organizadas de forma a dispor diversas informações nas quais o leitor tem liberdade para fazer a associação e tirar as próprias conclusões.
A tabela acima relaciona a quantidade de passes chave e assistências via esses passes de jogadores no Brasileirão 2020. Passes chave são os passes que precedem as finalizações, nesta tabela foram deixados de fora passes provenientes de situação de bola parada. A tabela possui 4 colunas: Jogador, Time, Passes Chave e Assistências. A imagem em questão foi organizada por ordem alfabética dos times, mas haveria outra forma de organizar esses dados? E se quisesse comparar quem deu mais passes chaves? Neste caso um gráfico de barras é um dos que melhor se habilita, como na figura abaixo:
Um gráfico de barras em muitos casos é subestimado, mas é uma das melhores formas de comparar dados. Na figura acima fica clara a diferença de Claudinho para os demais jogadores, foram 77 passes no total, uma diferença de 20 unidades para Keno. Após Keno, vemos um equilíbrio maior na comparação.
Neste gráfico de barras alguns elementos foram adicionados de forma a facilitar a compreensão: o título, chamando a atenção para um ranking de atletas com mais passes; o subtítulo, explicando como foi feita a contagem de passe e os números ao lado de cada barra para ajudar na leitura do gráfico. Agora sabemos que Claudinho foi o atleta com mais passes, mas se tratando de futebol é bom saber onde essas ações ocorreram. Um mapa de passes é a representação mais indicada para o caso.
Cada seta acima no campo representa 1 passe chave, onde a cabeça da seta indica o destino do passe. 77 passes no campo pode ser difícil de visualizar, mas nota-se a região predominante de seus passes, majoritariamente viajam distâncias médias mas em variadas direções. A cor chama a atenção para 4 passes, essa diferença foi utilizada para caracterizar quais deles se tornaram assistências.
A partir das informações abordadas, fica evidente a diversidade de estratégias utilizadas pelos comunicadores a fim de propor um modo de apresentação dos dados. Aquela que deverá ser utilizada dependerá do objetivo a ser alcançado através da análise interpretativa dos números, tendo o condutor que adequar o modo de apresentação de acordo com o público a ser atingido e com o conteúdo a ser comunicado.
Texto de Caio Batatinha.