troféu de campeonato sub-20
troféu de campeonato sub-20

Existe uma fórmula de sucesso para formar jogadores?

O Campeonato Brasileiro Sub-20 foi decidido entre Athletico Paranaense e Atlético Mineiro. Duas equipes com conceitos, modelos de jogo, treinadores e atletas promissores, que rapidamente ganham apelidos de “joias” pela mídia.

Esses times encontraram alguma fórmula para o sucesso?

Nos dois períodos em que trabalhei no Athletico Paranaense (de 2012 a 2014 e, depois, de 2017 a 2020), pude acompanhar diversos atletas de várias gerações iniciando na categoria Sub-14 e chegando ao Sub-23 (hoje também chamado de Aspirantes). Vi gerações consideradas talentosíssimas que ganhavam quase todos os campeonatos que disputavam, com jogadores convocados para Seleções de Base, e que atualmente apenas dois ou três atletas estão jogando na Série A do Campeonato Brasileiro ou em clubes de médio escalão europeu. E também convivi com gerações e equipes consideradas medianas, sem convocações de base e que algumas pessoas questionavam que “nem clássicos regionais venciam”, mas que hoje pelo menos cinco atletas atuam na Série A e em grandes times da Europa.

A temporada de 2020 (que acabou nesse primeiro mês de 2021) das Categorias de Formação do Athletico Paranaense pode ser considerada positiva. Tanto o Sub-20 como o Sub-17 tiveram campanhas expressivas nacionalmente depois que foram retomados os campeonatos paralisados por conta da pandemia do COVID-19. A equipe Sub-20 foi vice-campeã do Campeonato Brasileiro da categoria depois de ficar na segunda colocação na primeira fase da competição (atrás do Atlético Mineiro, campeão nos pênaltis contra o CAP) e eliminar o São Paulo nas quartas de final e o Flamengo na semifinal. Em 25 jogos, foram 14 vitórias, seis empates e cinco derrotas, marcando 53 gols e sofrendo 27.

O Sub-17 também foi vice-campeão do Campeonato Brasileiro e chegou até as quartas de final da Copa do Brasil, sendo eliminado nos pênaltis. Em 20 partidas disputadas nas duas competições, 13 vitórias, 3 empates e 4 derrotas. Foram marcados 56 gols e 20 sofridos.

Além dos resultados coletivos desportivos chamarem a atenção e alguns destaques individuais aparecerem para a mídia e torcida, foram 9 atletas convocados para as Seleções Brasileiras Sub-20 e Sub-17.

Já as categorias menores (Sub-15/Sub-14/Sub-13/Sub-12/Sub-11) pouco treinaram, uma vez que, por conta da pandemia, o Brasil parou na primeira quinzena de março. Porém, sempre existe a possibilidade de enxergar a oportunidade no problema e, assim como alguns clubes, o CAP também colocou em prática a estratégia de focar no desenvolvimento integral do ser humano (antes do atleta) de modo online. Além do acompanhamento das aulas regulares e aulas de inglês (iniciativa que o clube adotou em 2012), todos os profissionais envolvidos na formação dos atletas de alguma maneira contribuíram para que o ano de 2020 não fosse perdido.

Como exemplos dessas ações, temos casos de preparador físico que instruiu os meninos mais novos a montarem seus cones e materiais de treinamento com garrafas pet, treinadores e auxiliares-analistas ensinando análise de desempenho, e encontros com ídolos do clube, como Renan Lodi, Fernandinho, Kleberson, Lucas e Wellington.

Por mais incoerente que possa parecer, os encontros online também aproximaram os pais dos atletas do clube, pois eles também foram inseridos em bate-papos com as áreas de Desenvolvimento Humano (psicologia, assistência social, pedagogia etc), DNA CAP (valores que um atleta precisa ter para jogar no clube) e sobre a história e projetos da instituição para o futuro.

Claro que a formação do atleta também passa pela constante atualização e aprendizado dos seus professores. Em paralelo às iniciativas que o clube teve com os jogadores, outras surgiram para os colaboradores. Um extenso estudo de modelos de jogo de clubes sul-americanos e europeus foi apresentado por treinadores, auxiliares e analistas. Aconteceram encontros com treinadores de futsal, especialistas em pedagogia do treino e formação de treinadores.

Pensando numa formação integral também dos colaboradores, algumas dinâmicas envolveram convidados externos para falarem sobre softs skills como empatia, adaptabilidade, comunicação assertiva e outros pontos presentes no desenvolvimento de lideranças. Após a volta dos treinamentos das categorias Sub-20 e Sub-17, os membros das comissões técnicas das categorias Sub-15, Sub-14 e Iniciação Desportiva também auxiliaram no dia a dia, criando ainda mais integração entre todas as áreas.

Como é possível concluir, a resposta do título do texto é: Não, não existe fórmula de sucesso para formar jogadores.

E já deixo uma nova pergunta com uma sinalização de resposta: Será que todo esse esforço dará resultados esportivos e financeiros no time principal daqui a 5 anos?

Não tem como prever, mas uma coisa é certa. Todos (e não só atletas, mas também os colaboradores que participaram desses momentos durante a pandemia) tiveram ensinamentos e aprendizados que levarão como cidadãos para a vida.

Por isso, acredito que, antes de falarmos em formar atletas, precisamos pensar em como formar os cidadãos. Como diria Albert Einstein: “O que há de melhor no homem somente desabrocha quando se envolve em uma comunidade”.

Texto de Caio Derosso.

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