Marrocos confirma a classificação
Marrocos confirma a classificação

Decepções, confirmações e surpresas

Superada a fase de quartas de final da Copa do Catar 2022, resultam plasmadas e surpreendentes decepções, surgem as esperadas confirmações e uma grande e inspiradora surpresa.

Nas fases anteriores, ficaram no caminho as seleções Alemã, Belga e Espanhola, surgindo as primeiras decepções, vez que tratavam-se de combinados de quem se esperava bem mais. A primeira por ser sempre candidata, segunda colocada no ranking histórico das copas e que nas últimas duas edições sequer superou a fase de grupos, a segunda por ser time a tempo formado, tido como a melhor safra dos últimos anos no futebol belga, agora mais maduro, com chance de chegar bem longe na competição. A última por ser um escrete jovem, em crescimento, com atletas talentosos vindos de uma das escolas mais respeitadas no mundo do futebol.

Todas andaram pouco no certame, Alemanha e Bélgica sequer superando a fase de grupos, a Espanha nas oitavas sendo superada pela surpreendente Seleção Marroquina.

Mais adiante, agora já nas quartas de final ora comentadas, a Seleção Portuguesa, que chegou a competição precedida de grande interrogação, pois repleta de ótimas players, há anos não confirma o cartaz em mundiais. Apresentou-se bem, cresceu no decorrer dos jogos, envolveu-se em celeuma midiática contemplando seu astro CR7, que acabou relegado a reserva pelo técnico Fernando Santos, e por fim, acabou trombando com a indigesta Seleção de Marrocos e também ficou fora.

Nessa fase surgiu a grande surpresa negativa da competição, nada mais nada menos que a flamante Seleção brasileira, de quem sempre se espera o maior, o melhor, o mais, as vitórias, o brilho, o encantamento, mas que nas últimas 5 copas, vem decepcionando sempre que enfrenta seleções europeias, maduras, bem treinadas, estratégicas, que potencializam o coletivo em detrimento da qualidade individual.

Se voltarmos o tempo desde a Alemanha em 2006, ao enfrentar a França- (quanto havia os Ronaldos, Kaká, Adriano, Robinho, Roberto Carlos entre outros), passando pela África em 2010, quando enfrentou a Holanda ( Lúcio, Juan ,Gilberto,Caca, Felipe Melo, Robinho, Júlio Baptista, Luís Fabiano, Grafite)- ou em 2014 em casa no 7 x 1 frente a Alemanha -( David Luiz, Neymar, Bernard, Hulk, Oscar, Marcelo)- e também na Rússia em 2018 diante da Bélgica -( Marcelo, Neymar, Philippe Coutinho, Willian, Gabriel Jesus)-, sempre tivemos os melhores jogadores, nossos treinadores eram competentes, o atual Tite nem se fala, um dos melhores da história e na hora H, somos suplantados por seleções tidas como inferiores.

Será?

Não estaríamos nós brasileiros, superestimando nossas equipes, adicionando adjetivos superlativos para qualificar nossos atletas, tendo visão distorcida na análise dos nossos adversários, esquecendo que antes do individual, devemos ter olhos para o coletivo, para a engrenagem, para a concentração e o foco que não temos e que eles tem de sobra.

Enquanto Mbappe oprime seus adversários, com intensidade, velocidade, gols, dribles objetivos, passa 20 dias sem dar entrevistas, limita suas aparições nas mídias sociais, para não envolver-se em questões menores, pensando só em vencer, nossos principais talentos revezam-se no Twitter, no Instagram e nas demais mídias, com fotos, danças, cabelos diferentes a cada dia, respostas a desafetos, explicações de fatos desimportantes, pensando mais nas consequências de suas atuações do que nos seus desempenhos propriamente ditos.

Na análise do jogo contra a Croácia, via-se um time superior, com atletas bem escalados, com estratégia bem montada, mas com execução sem consistência, contra adversário inferior, mas com muita consciência tática, sabendo que ao menor erro sofreria danos. Diante desse quadro o time croata tratou então de manter a posse de bola como forma de defender-se, não agredindo ao adversário, a fim de não conceder espaços, para esperar oportunidade para ser letal – ( aquela chamada uma bola)- ou levar o jogo em “banho maria”, passar pela prorrogação e chegar aos pênaltis, onde a experiência, frieza, maturidade fariam a diferença.

Com essa estratégia, retiraram velocidade do jogo, fecharam os caminhos atrativos para o leve e habilidoso futebol brasileiro, tendo Modric seu único craque, um fiador extraordinário para essa estratégia, onipresente no campo todo, ora como condutor da bola, ora como desafogo dos companheiros, ou ainda obstruindo os caminhos tentados pelos brasileiros para fustigar a defesa do leste europeu.

Num único momento de desatenção, em jogada individual, em velocidade, já na prorrogação, Neymar comete o gol, superando o estigma das derrotas para seleções do velho continente, em quartas ou semi em mundiais. Pensamos todos nós brasileiros a 5 minutos do final, que acabara o jogo.

Ledo engano: em ação na qual certamente não tem o “dedo” do treinador, que fez substituições defensivas adequadas naquele momento, a equipe brasileira, foi desnecessariamente ao ataque, pressionar ao adversário no seu último terço  de campo, com 6 atletas adiante da linha da bola, com os volantes fora do lugar, com o lateral esquerdo marcando no lado direito, em retomada de bola do selecionado croata, veio fulminante contra ataque iniciado por Modric que acabou em gol adversário.

Inacreditável, porém previsível, digo eu, pois faz parte da nossa cultura, dizem a maioria dos nossos melhores e mais brilhantes pensadores, que o Brasil não pode jogar feio, não pode praticar o anti-jogo, o “bico” está proibido, aliviar sem destino trata-se de crime lesa pátria. 

Naquele momento a fórmula adequada seria ficar atrás, reter bola em zona morta, dar chutão, e não tentar atacar. Ao contrário da nossa cultura de melhor futebol do mundo, nos levou a tentar fazer um segundo gol para poder dançar, virar meme positivo, foto no Instagram, reportagem especial nas redes de comunicação.

Resumo, somos todos culpados, nós brasileiros alimentamos esse estado de espírito, por isso em repetidas vezes, a situação da grande decepção futebolística tem aparecido, e a cada ano parece maior.

Logo, desnecessário denominar qual a grande frustração dessa copa!

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Pois bem!

Como fui muito longo na análise do escrete brasileiro, serei econômico na avaliação das confirmações e da surpresa positiva, temas que reservarei para próximos escritos.

A Argentina que começou titubeante e reinventou-se no decorrer do certame, protagonizou grande jogo contra a Holanda, talvez o melhor até aqui, onde após aplicar convincente 2X0 no adversário, perdeu terreno em vista da resiliência e tenacidade holandesas e cedeu empate na bacia das almas, porém na sequência, com luminosa atuação de seu goleiro Emiliano Martinez, no jogo e nos pênaltis acabou conquistando, com justiça, a vaga para a semifinal onde enfrentará a Croácia.

Messi tem sido notável condutor e fiador das principais jogadas portenhas, mercê de um esquema de jogo que lhe favorece, tendo o treinador Lionel Scaloni, repetido Carlos Bilardo em 1986, com Maradona, quando alterou seu esquema de jogo para 3-5-2 , com três defensores, cinco meio campistas e dois atacantes, como forma de a um tempo proteger e a outro tempo liberar Messi das tarefas táticas.

Nossos hermanos confirmam presságios pré copa, esmaecidos pela primeira rodada, com a derrota para Arábia Saudita, mas ganhando corpo gradativamente até esse jogo contra os Países Baixos, um grande adversário que suplantaram com brilho, tendo a marca dos sempre presentes dramas, que cercam os triunfos portenhos.

Seleção francesa, favorita de primeira hora, previsão confirmada pelas atuações anteriores neste certame, pelo brilho de seu principal protagonista Mbappe mas também e principalmente pelo conjunto da obra que tem em Rabiot, Griezmann, Varane, Dembele e até Giroud como coadjuvantes de luxo, que suplantaram a grande seleção da Inglaterra em ótimo jogo, onde o “english team” poderia ter vencido, tamanha foi a qualidade da sua atuação.

Por fim, o  grande espanto do certame, a surpreendente Seleção de Marrocos, que um a um foi superando seus adversários, pautada em sólido esquema defensivo,-( levou apenas 1 gol na competição)- tão criticado pelos arautos ofensivistas. Ciente de suas limitações, sabendo ser inferior aos adversários, montou estratégia pela qual concede a bola ao rival, mantendo defesa intransponível, ora com linha de 4 ora até com 5 defensores, não permitindo mínimo espaço na sua retaguarda.

Marcam tenazmente em bloco baixo com praticamente 10 atletas atrás da linha da bola, para de repente nas retomadas, como uma verdadeira “sanfona”, contra atacar velozmente o rival, causando pânico a defesa adversária. Ato contínuo essa mesma “sanfona” se fecha com os marroquinos rapidamente recompondo e voltando à posição anterior. Dá gosto de ver, uma equipe inferior, com jogadores tão conscientes e determinados a cumprir as tarefas táticas traçadas previamente pelo treinador.

Contra Portugal, os marroquinos tiveram 28% de posse de bola e concederam 72% aos lusitanos, todavia foram agraciados com maior número de chances para marcar. E poderia ter sido mais.

O atletas que compõem a Seleção de Marrocos na sua maioria atuam fora do país, merecendo especial destaque Hakimi do Paris Saint Germain, Hakim Ziyech do Chelsea, Amine Zarit, Olympique de Marseille, o ótimo goleiro Yassine Bounou do Sevilha, além do treinador Walid Regragui que vem fazendo história como estrategista, mantendo intacta sua ideia de jogo, com equipe organizada sempre, voltada para o contra ataque letal, partindo de sólido sistema defensivo. Para ele, sobre modo, vale a célebre lição de Fabio Capello, tão desprezada em território verde amarelo: “time que faz muitos gols ganha jogos, time que não toma gols ganha taças”.

Essa é a longa “síntese” do que assisti até aqui na melhor Copa de todos os tempos, em exceção da Copa de 1970, realizada no México.

Até os presságios da Finalíssima!!!!

Texto de Fernando Carvalho.

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