Reza antigo adágio do meio futebolístico, que o grande time vence os seus iguais e goleia as equipes que lhes são inferiores. Contra a Coreia pelas oitavas de finais da Copa do Catar ao vencer por 4X1, o escrete canarinho confirmou essa máxima, jogando bem, sem luzir com intensidade.
Na verdade, ainda não considero a Seleção Brasileira que disputa a Copa do Catar um grande time, pois esse adjetivo se materializa por sequência de atuações positivas, com o mesmo grupo de atletas, redundando em conquistas marcantes. Nosso escrete pode estar a caminho desse “catálogo” mas ainda nele não se inseriu, pois, após a Copa da Rússia em 2018, não preservou os mesmos atletas nas sucessivas convocações, portanto não mantendo a sequência tão necessária para a configuração do adjetivo “grande”. Além disso, ainda não protagonizou êxitos retumbantes, inobstante tenha tido longa série de triunfos a ponto de ser primeira colocado nas Eliminatórias.
Nesse sentido, o jogo contra os coreanos foi, desde logo, decidido pela sóbria atuação brasileira, intensa, com marcação pressão campo todo, velocidade nas retomas de bola de meio campo e defesa sendo letal quando contra atacou o adversário. Esse, por sua vez, demonstrou certa ingenuidade, com marcação flácida no meio campo e repetidas desatenções defensivas que contribuíram muito para o escore ter atingido, ainda na etapa inicial, os 4 X 0 ao depois alterado para o 4X1 definitivo, em descuido da retaguarda verde amarela.
A presença de Neymar, mesmo sem estar na sua melhor forma e sem apresentar atuação no seu nível costumeiro, concedeu ao time nacional a um tempo, tranquilidade, destemor e confiança para agredir e ousar durante o jogo e, a outro tempo, causou temor aos adversários orientais que redobraram as cautelas e os cuidados com o craque, abrindo generosos espaços para Vini Junior, Richarlison e Paquetá transitarem por sua linha média e por sua linha de contenção e aí causarem dano ao rival a ponto de vítima-lo com 4 gols cedo do jogo.
Abro aqui breve parêntesis, para destacar as performances de Marquinhos, Thiago Silva, Casemiro -( o de melhores atuações)- Paquetá , Richarlison e Vini Junior como principais fiadores das vitórias brasileiras, chamando atenção que Alisson não foi exigido a sua altura e que Neymar teve atuações discretas que valeram mais por sua presença a causar dúvidas e receio aos adversários e confiança aos companheiros ,do que brilho pessoal.
Pois Bem!
Nesse último jogo, a mim causou certa preocupação, ainda quando a partida não atingira os números finais dos gols brasileiros, alguns espaços que o time canarinho concedeu aos coreanos no setor central do campo, com Neymar e os extremas não recompondo na medida dos avanços do adversário o que em alguns lances permitiu perceber supremacia numérica dos vermelhos em relação aos amarelos na fase ofensiva, o que ao final não ocasionou nenhum dano ao time brasileiro, em face da lentidão e descoordenação da seleção treinada pelo português Paulo Bento.
O resumo do jogo, porém, remete a conclusão de atuação tranquila, oprimindo ao adversário, superando-o sem muitos riscos, fazendo escoar o relógio no tempo complementar poupando- se para o próximo adversário, nada mais nada menos que a atual Vice Campeã Croácia.
Para as quartas de finais ouso afirmar que nossa seleção é favorita para superar aos croatas, a despeito de ter nas últimas 4 Copas -( Alemanha – África do Sul- Brasil e Rússia)- sido desclassificada ou nas quartas ou nas semifinais, para adversários do velho continente -( França- Holanda- Alemanha e Bélgica)- em partidas em que surgia como favorita.
Primeira tarefa da nossa ótima Comissão Técnica, chefiada por Adenor Bachi, o nosso Tite, e pelos atletas, será superar esse estigma, conviver com o favoritismo e suplantar uma seleção europeia, bem situada no ranking atual do futebol mundial onde, repita-se é atual vice campeã. Aliás a Seleção da Croácia, trata-se de boa equipe. Um pouco esmaecida em relação à disputa na Rússia quando consagrada segunda colocada, pelos 4 anos passados e por ter hoje seus principais atletas já maduros, sem a mesma intensidade, com menos competitividade, sem o mesmo brilho ostentado na anterior copa realizada no leste da europeu.
Modric e Perisic são ótimos, mas com 4 anos a mais, já não causam tantos problemas aos adversários como antes, o que remete à conclusão de que o Brasil terá todas as chances de superá-los, passando de fase para defrontar-se contra o vencedor de Argentina e Holanda nas semifinais.
Aliás, avizinham-se semifinais espetaculares, com seleções de primeira linha no concerto mundial, pois estimo que Portugal suplantará a surpreendente Seleção Marroquina -(maior surpresa dessa Copa pela sua solidez defensiva aliada a disciplina tática de seus atletas, todos, competitivos, intensos, velozes com humildade para jogar coletivamente aguardando erro do adversário)- que enfrentará a França -( até aqui melhor seleção da copa integrada pelo atleta “primus inter paris” do certame Mbappe) . Na outra chave, no meu sentir, teremos o clássico das Américas, com Brasil enfrentando nossos irmãos argentinos, que cresceram muito de produção ao longo da competição e agora já passam a ser o fantasma que assola o inconsciente coletivo nacional.
Concluindo, julgo que o Brasil, pelo até aqui visto, passa a integrar a restrita lista de favoritos para conquistar a Copa do Catar com Portugal, Argentina e França. Aguardemos!
Texto de Fernando Carvalho.