A partir da segunda década dos anos 2000 o papel do Executivo no futebol nacional passou a ter protagonismo nunca antes exercitado, em especial no centro do país, onde os dirigentes estatutários deixaram de ter relevância em detrimento do gestor profissional, com autonomia, surgindo como grande mentor e executor das políticas de futebol dos clubes. Esse entendimento não foi acompanhado desde logo pelos clubes do Sul, Norte e Nordeste, nos quais os estatutários ainda por longo tempo seguiram norteando as ações da atividade fim dos clubes.
Aquela figura de dirigente profissional que apenas cumpria determinações e era um mero contratador ou demissor de pessoas, hoje em quase todos os clubes brasileiros de destaque, cedeu espaço a um especialista que gere o principal setor das entidades de prática desportiva, onde figura como grande responsável por criar, estabelecer processos e executar as ações visando acima de tudo, competitividade ao seu clube.
Sob a ótica do profissional, primeira coisa a atentar, diz respeito à análise do clube onde irá trabalhar, sua estrutura jurídica, suas instâncias, sua posição no ranking e portanto suas ambições, seu funcionamento interno, as relações externas que são relevantes e que terão olhos para sua atuação, e finalmente a sua cultura. Como diz Peter Drucker , “A cultura come a estratégia no café da manha”.
Após isso, sabedor de todas essas peculiares características de cada clube, a fala com os dirigentes estuários, que serão seus subordinantes, para deles ouvir qual a consciência que tem da entidade que dirigem, quais os objetivos que pretendem atingir é, muito importante, qual orçamento para o trabalho a ser desenvolvido.
Planejar sem conhecer o ambiente para exercitar o planejamento, constitui tarefa fadada ao insucesso!
Feita essa análise preliminar essencial até mesmo para aceitar o desafio, e já dentro do contexto laboral, deve o executivo implementar junto aos pares do respectivo setor, breve planejamento estratégico – ( que depois deve ser completo)- com indagações como: O que eu tenho? Para onde vou? Quais minhas forças e fraquezas? Onde eu quero chegar? O que fazer para tanto?
Para chegar às respostas necessárias a implementação do planejamento, essencial lançar mão de indicadores de desempenho, internos e externos -(a comparação com rivais e concorrentes e permanente)- , buscando atingir performance compatível com as pretensões do clube, para tanto levando em conta conhecimentos empíricos – ( a experiência vivida e fundamental)- e mais agora, respaldo científico fornecido pelas diversas ferramentas colocadas à disposição da indústria do futebol. Dizia Willian Edwards que o que não pode ser medido não pode ser gerenciado, regra aplicável também no esporte bretão.
Para chegar nesse estágio de trabalho, mesmo que incipiente, necessárias características de bem gerir pessoas, sejam subordinados, sejam subordinantes, logo conhecendo temperamentos, reações para de todos extrair o máximo de rendimento e uma plena integração com as relações de trabalho buscando êxito no projeto.
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Pessoalmente, o dirigente executivo deve ser portador de variadas expertises, a fim de liderar os processos que contemplam várias disciplinas, exemplarmente, conhecimento de legislação contratual, tributária, trabalhista, regulamentos em geral do ambiente do futebol, saber como poucos sobre o mercado do futebol, atletas, categorias de base, treinadores, profissionais de áreas acessórias -(fisiologia, preparação física, especialidades médicas, nutrição, psicologia, scouts, analistas de desempenho, logística e tantas mais existentes no mercado)- , relações com o mercado, conhecendo integralmente o ambiente e principalmente os principais rivais.
Reputo fundamental, para arrematar, ser um ótimo negociador, característica essa que se não ostentar, deve estar assessorado de quem o seja, pois futebol é um mercado sem muito parâmetro, de volatilidade singular, onde as boas oportunidades surgem em passo de mágica, mas logo desaparecem.
Como dizia o ex-Presidente brasileiro FHC “A cara de crise é a cara do líder”, e eu acrescento, para um executivo de sucesso “Equilíbrio é a palavra chave: nem muito eufórico na vitória, nem muito desalentado na derrota”.
Seguindo nas atribuições do executivo, chegamos a contratação do treinador, uma das tarefas mais importantes atribuídas a esse profissional por dizer respeito a implementação de todo o processo definido no planejamento: assim, considerando orçamento a disposição, a ambição do clube, o grupo de atletas existentes e a complementar -( contemplando atletas da base)-, situação no ranking medido pelo desempenho nos anos anteriores, e até mesmo a logística, definir primeiro o perfil – (propositivo, reativo, trabalho dentro de um contexto multidisciplinar, ou quer a chave do vestiário, experiente com títulos, em busca de afirmação )- .
Definido o perfil, identificado o profissional pelas características do seu trabalho, promover a entrevista visando a contratação, primeiro analisando as condições de trabalho, o modo de funcionar, o conhecimento sobre o elenco existente, a discussão sobre busca de novos jogadores, os atletas da base, salientar se for o caso que deve haver aproveitamento de atletas jovens da base como forma não só revelar novos talentos como para propiciar futuras transações essenciais para saúde financeira da entidade, os questionamentos, sobre forma de treinar e jogar, a formação da comissão técnica e suas diversas disciplinas. Somente após isso, com tudo ajustado e esclarecido, passar a falar sobre a questão salarial e relação financeira clube treinador.
Consolidada a contratação do “Coach”, de imediato as discussões sobre elenco e sua montagem, partindo do grupo existentes, acrescidos dos atletas da base a disposição, com preenchimento de lacunas identificadas com base nas avaliações dos analistas do clube, aceitando indicações do treinador, estabelecendo critérios para o preenchimento dos espaços, visando tornar competitivo o elenco.
Como se vê, o executivo de futebol hoje, não é simplesmente um contratador ou demissor de pessoas, deve ser portador de conhecimentos criados, habilidade pessoal inquestionável, liderança incontestável, para comandar o mais importante departamento de um clube de futebol, seja ele de qual divisão for, pois somente assim terá sucesso.
Para encerrar, cito frase de Immanuel Kant, para definir o princípio ético básico que deve nortear as ações desse profissional “ Tudo que não puder contar como fez, não faça”!
Texto de Fernando Carvalho.