Cristiano Ronaldo na base do Sporting (Foto: Reprodução)
Se há uma palavra que possa descrever o futebol em Portugal, essa palavra é heterogeneidade. Por mais que passe uma visão unificada acerca da formação de jogadores neste país, a verdade é que, assim como o Brasil, Portugal também possui características socioculturais que interferem direta ou indiretamente nos clubes de futebol, seja dentro ou fora das quatro linhas. Ah! E deixo aqui uma quebra do senso comum: mesmo em Portugal, nem tudo é Periodização Tática e 1-4-3-3.
Geograficamente falando, os clubes não se dividem de forma homogênea: existe uma densidade de clubes muito maior no norte de Portugal do que no centro e no sul do país. Quando cheguei pela última vez em Portugal (2021), lembro de ouvir: “O futebol do sul é mais técnico; no norte, é mais aguerrido”. Se é verdade ou não, sinceramente estou até hoje querendo saber, mas que essas histórias “correm por aí”, ah, correm, sim!
A formação dos clubes não fica para trás, uma vez que cada clube define os escalões que ficam entre as categorias de base (formação, como se diz) e o profissional (ou sénior). Formalmente, os clubes na sua grande maioria possuem até a categoria sub-19, porém esta não é uma regra, especialmente para clubes de primeira e segunda divisão do campeonato português. Ainda há escalões de sub-23 e equipes “B” em alguns casos, dependendo da filosofia de cada clube e estes dois escalões não são necessariamente vinculados. Um clube pode ter categoria sub-23 e não ter uma equipe B, ou vice-versa.
Citamos alguns exemplos: o Sporting CP, o SL Benfica e o SC Braga possuem: sub-19 (e abaixo, obviamente), sub-23, equipe B e equipe A (profissional/sénior). Assim como estes clubes, CD Santa Clara, GD Estoril Praia entre outros também possuem estes escalões intermediários. Por outro lado, equipes como FC Porto possuem sub-19, equipe B (que joga a 2ª Liga) e a equipe A. Da mesma forma, o FC Vizela e o Académico de Viseu possuem equipes sub-23, mas não possuem (até o presente momento) equipes “B”.
Um detalhe importante é que as categorias sub-23 jogam um campeonato específico chamado Liga Revelação. Esta proposta teve o intuito de promover o produto interno e junto com a Federação Portuguesa de Futebol conseguiu alavancar um enorme apelo midiático, uma vez que praticamente todos os jogos são televisionados em canal aberto (canal 11). A maioria dos jogadores que disputa esta competição sequer chega perto dos 23 anos. Ainda que haja brecha e vejamos um ou outro caso de jogadores presentes na Liga Revelação com mais de 23 anos, a maioria que apresenta evolução passa a jogar nesta Liga mesmo tendo menos de 20 anos, por exemplo.
Já as equipes “B” jogam campeonatos considerados profissionais ou semi-profissionais, mas com características de idade sénior, por exemplo: 2ª Liga, Liga 3, Campeonato de Portugal (4ª divisão) ou até mesmo distritais (que representam da 5ª divisão para baixo). Esta iniciativa reforça o aprimoramento dos jogadores e busca enquadrá-los, de acordo com suas potencialidades, nas equipes acima.
Como podemos entender, cabe a cada clube ter sua filosofia para que seus jogadores consigam passar pelos estágios necessários até atingirem o patamar mais elevado. Muitas vezes jogadores com 17 ou 18 anos já estão prontos para jogarem em alto nível, mas em outros casos é necessário ter um tempo maior de formação para que o talento consiga emergir e, nitidamente, Portugal pensa nesta transição da categoria de base para o profissional como poucos países fazem.
Texto de Leonardo Monteiro
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