O futebol brasileiro e o “Guardiolismo”

Há alguns anos, o sucesso do excelente treinador espanhol Pep Guardiola gerou uma busca incansável de imitar seus passos no Brasil. Assisto a jogos em todas as série do futebol nacional, nas mais variadas plataformas como TV aberta, fechada e aplicativos (DAZN, MyCujoo, Prime Video, Sportv, ESPN). Nas muitas partidas que acompanho, há influência das propostas de Guardiola em 80% dos clubes. As principais características são a saída de bola com o goleiro e zagueiro, volante recuando como terceiro zagueiro, marcação alta e jogo posicional.

Mas uma análise mais apurada do contexto em que o “Guardiolismo” se estabelece com sucesso comparando com a nossa realidade colocaria dúvidas sobre ser possível que isso seja reprisado em tantos clubes brasileiros ao mesmo tempo. Isso acaba levando a resultados negativos, porque a maioria dos clubes não têm condições de propor o jogo como é um dos pilares desta maneira de atuar. Também faz com que haja um aumento de descrédito em relação aos treinadores brasileiros e consequentemente abrindo margem para um importante número de estrangeiros trabalhando no país hoje.

Na Europa, Guardiola dispõe de muito mais tempo de trabalho de campo, um calendário bem menos apertado, gramados de excelente condição para a sua proposta de jogo, viagens e desgaste menores e principalmente: orçamentos gigantescos capazes de trazer para ele jogadores absolutamente condizentes do que se propõe em campo. Não são apenas 11 atletas, mas um grupo numeroso e de qualidade internacional ao seu dispor.

Participe da próxima edição do curso Executivo de Futebol

Deixe seu nome na lista de espera para a quinta turma!

Algum clube brasileiro vive realidade semelhante? Nem mesmo o trio de orçamentos bilionários (Atlético-MG, Flamengo e Palmeiras) está inserido próximo a isso. O trabalho de mais sucesso entre os três, no momento, parece ser o do Palmeiras e seu treinador português Abel Ferreira.

Abel é um treinador estrategista e joga de acordo com o adversário. Monta sua estratégia de acordo com sua logística e com a característica dos jogadores que estão à disposição. Por vezes propõe o jogo, por vezes é reativo, alternando isso dentro da própria partida. Ouso dizer que se Abel fosse trazido para executar o modelo de Guardiola, o Palmeiras não teria o mesmo sucesso.

Guardiola trouxe grandes ensinamentos para o futebol moderno, especialmente na sua filosofia de atacar e pressionar sempre, o que parece extremamente conectado com a intensidade impressionante em que as partidas são disputadas hoje. Os times com mais sucesso impõem um ritmo alucinante nos jogos. E esta energia toda é a tônica do futebol europeu e que estamos buscando reprisar aqui no país. Mas para isso, precisamos nos aproximar cada vez mais da estrutura de treino, pós-treino e infraestrutura que as ligas da Europa têm e que ainda estamos bem distantes. Não dá para reprisar a filosofia do espanhol sem termos as mesmas condições de lá.

Texto de Fernando Carvalho.

compartilhe

Faça parte do nosso time

Preencha o formulário para que nossa equipe possa avaliar suas informações e entrar em contato.

Publique o seu artigo

Preencha o formulário para que nossa equipe possa entrar em contato e ajudar você a publicar seu artigo.

Confira os maiores descontos da história do FootHub.