O tema da manipulação de resultados esportivos tem sido objeto de discussões recorrentes, especialmente após a implementação da Lei 14.790, conhecida como “Lei das Bets” de 2023, que como mostrado em artigo anterior, visa regulamentar o mercado de apostas esportivas no Brasil. Esta lei abrange diversos aspectos, desde a definição dos agentes operadores de apostas até questões relacionadas à publicidade, integridade e penalidades. Entre os grupos proibidos de apostar estão dirigentes desportivos, atletas, membros de comissões técnicas e outros envolvidos diretamente com as competições esportivas, bem como seus familiares próximos.
Apesar dos esforços de regulamentação, a vigilância sobre casos de aliciamento de jovens atletas por apostadores, especialmente em eventos esportivos de categorias de base, apresenta desafios adicionais devido à menor supervisão sobre a gestão desses eventos. Um exemplo recente ocorreu na Copa São Paulo de Futebol Júnior, onde um goleiro do Nacional Atlético Clube relatou uma tentativa de suborno, destacando a vulnerabilidade dos jovens atletas a esse tipo de influência, conforme noticiado pelo Portal Unesp, o goleiro teria recebido oferta de R$ 10 mil para levar dois gols numa partida contra o Avaí de Santa Catarina.
O caso em específico acende um alerta sobre a vulnerabilidade existente no sistema de formação de atletas, tendo em vista que, em geral, os jovens atletas de categorias de base não recebem altos salários por seus serviços prestados aos clubes e encontram-se expostos a um grande número de competições que giram em torno dos aplicativos de apostas.
Neste contexto, é fundamental que as categorias de base adotem medidas para reduzir ao máximo a exposição desses jovens a esse tipo de problema. O advogado especialista em direito desportivo e apostas esportivas, Udo Seckelmann, enfatiza a importância do investimento em educação desde a formação nas categorias de base. A falta de conhecimento sobre as normas legais e regulamentares relacionadas à manipulação de resultados pode deixar os atletas vulneráveis e sujeitos a sanções severas, incluindo suspensões e até mesmo a eliminação do futebol.
Em linha com essa abordagem preventiva, foi realizada uma palestra sobre o tema das apostas esportivas para os atletas da categoria sub-20 do clube, com a participação do Subprocurador Geral do STJD, Rafael Bozzano, destacando os prejuízos que a manipulação de resultados pode trazer para os profissionais, os clubes e o esporte como um todo. Além disso, é encorajador observar que a FIFA tem reconhecido e acatado denúncias e punições realizadas em nível local, o que demonstra um compromisso internacional em combater esse problema.
Como parte desse esforço educativo, ações formativas como palestras e programas de conscientização devem ser continuamente implementadas, especialmente em clubes formadores, para garantir que os jovens atletas estejam devidamente informados e preparados para lidar com situações desse tipo. Por fim, iniciativas como a plataforma online lançada pela Federação Catarinense de Futebol, em parceria com as Federações do Rio Grande do Sul e Paraná, para combater e prevenir a manipulação de resultados, são passos importantes na direção certa e devem ser amplamente adotadas por todos os clubes.
Sendo assim, nossa aposta deve estar na Educação!
Texto de Lucas Klein
Quer debater sobre esses formação de atletas e muito mais sobre Categoria de Base?
A Comunidade Categoria de Base do FootHub é o lugar certo para isso! Uma comunidade gratuita, onde você tem acesso a conteúdos especiais sobre o tema como ebooks, entrevistas e lives, acessos exclusivos e networking com profissionais referências no mercado.
Para participar, clique aqui!