O povo brasileiro é resultado de uma miscigenação de pessoas de várias origens: índios, europeus, africanos e orientais, o que deu margem, em um país continental, ao surgimento de várias culturas que, a partir de 1.500 foram sofrendo transformações até os dias de hoje.
As diferenças presentes no painel da nossa gente em todo território nacional, surgiram da combinação de várias etnias que contribuíram para uma formação cultural plural, que espalha suas diversas crenças pelo nosso território que às vezes confortam, outras vezes assombram nossos habitantes.
O sincretismo religioso que permeia essas crenças, permite a coexistência de cristianismo, com sua variantes, candomblé, com origem africana e religiões indígenas como doutrinas que apresentam muitas coisas em comum e fizeram surgir ao longo de nossa história, diversas lendas urbanas que atendem essa diversidade cultural.
Nessa perspectiva, convivem com pessoas das varias religiões que por aqui habitam mitos como o Saci Pererê -( menino negro, com 1 perna so, fumante de cachimbo, muito brincalhão e travesso que possui poderes mágicos)- o Curupira -( outro menino travesso de cabelos vermelhos e pés virados, que parecia caminhar em direção diversa da verdadeira, protetor da fauna e da flora, surgia para assustar e atrapalhar os exploradores da natureza)- a Mula sem Cabeça -( surge pela transformação de uma mulher que namora um padre, vira Mula e passa a assombrar aqueles de mau proceder)- o Boitata -( significa cobra de fogo ,grande serpente que protege animais e matas)- o Negrinho Pastoreio -( após ser agredido por um fazendeiro e colocado ferido em um formigueiro, aparece ao lado da Virgem Maria montado em um cavalo Baio e passa a ser objeto de devoção por aqueles que perderam alguma coisa)- e finalmente Lenda da Cuca -( associada ao Bicho papão , trata-se de personagem temida pelas crianças pois e invocada diante de desobediências mirins, principalmente na hora de dormir).
Reza a lenda que diante de fatos marcantes, que assolam, agridem, chocam, golpeiam, sovam, incomodam, entristecem, amarguram, atormentam e até desesperam a população brasileira ou parte dela, de forma muito marcante, atingindo grande contingente de pessoas, essas entidades se reúnem em uma espécie de conclave, analisam, deliberam e julgam o causador desses variados sentimentos, culminando pela cominação de pena a ser cumprida pelo ente ofensor.
Pois bem!
A seleção Alemã na Copa do Catar ora em realização, foi desclassificada ainda na primeira fase da competição, em grupo onde também participaram Japão, Espanha -( Classificados)- e Costa Rica, em cujo grupo era favorita.
Afora o Brasil, maior vencedor de Campeonatos Mundiais de Seleções organizados pela FIFA, os alemães aparecem em segundo lugar no ranking, apresentando irreparável cartel: em 20 edições, participou de 18 disputas. Nessas certames, chegou entre as 4 melhores em 13 vezes, sendo Campeã Mundial em 54-74-90-2014, Vice em em 66-82-86 e 2002, em Terceiro Lugar em 34-70-2006 e 2010 tendo ainda um 4 lugar em 1958.
Invejável retrospecto!
Nesse momento surge a indagação: que ligação teria a Seleção Alemã com o conclave entre as mais famosas lendas urbanas brasileiras?
Ocorre que na Copa de 2014, realizada em nosso país, afora sagrar-se campeão de forma brilhante, o que em última análise não teria causado grande trauma, pois os germânicos eram tidos como candidatos ao título, os alemães impuseram a seleção canarinho devastadora goleada por 7×1, humilhando 80% dos torcedores que se encontravam no Mineirão naquela fatídica tarde e também uma população inteira de mais de 200 milhões de brasileiros, aqueles mesmos que ao longo dos anos forjaram o surgimento dos personagens e das lendas reunidas em conclave, exatamente para avaliar esse fato.
Decepção, choro, desilusão, vexame, surpresa, reversão de expectativa, frustração, desapontamento, fato inesperado seja qual for o substantivo nada poderá jamais representar o sentimento dos brasileiros com a goleada que nos impuseram os alemães naquele malfadado 08.07.2014. Algo inexplicável !
Nossos torcedores cumpriram seus rituais, acordaram cedo, fizeram suas orações, seus exercícios, alguns foram ao jogo, outros nas Fan Fests, outros em Bares com Tv, reuniram-se em grupos, ficaram a frente de telões, televisores, celulares, enfim viram o jogo de todas as formas , preparam-se para o evento das mais variadas formas porém, certos de confronto no mínimo parelho, mas cedo começou a frustração e até os 30 minutos o placar já atingia 5X0 contra; demais ! Sem explicação! Inacreditável! Perplexidade! Com mais 2 tentos na etapa complementar e formou-se o acachapante placar a ecoar planetariamente, desencadeando série infinita de reações e sentimentos.
Reunidas em conclave, logo após o término da copa brasileira, conquistada pelos mesmissimos alemães, as lendas nacionais decidiram que esses 7X1 não poderiam passar como algo simples, corriqueiro, normal.
Ninguém aplica 7 X 1 na Seleção Canarinho IMPUNEMENTE.
Veio a decisão.
Em voto condutor do “Negrinho do Pastoreio” -( aquele defensor dos perdidos) acompanhado do “Saci Pererê”-( aquele com poderes mágicos que gosta a assustar as pessoas)- com argumentos favoráveis do “Curupira”-( aquele dos pés virados que enganava os exploradores)- com apoio da”Mula Sem Cabeça” -( monstro mulher que aparecia para assustar pessoas)- decidiram instituir a “MALDICAO DOS 7X1” pela qual a Seleção Alemã a partir da copa de 2014, por ela vencida, passaria por sucessivos vexames, em doses homeopáticas, virando assunto mundial, objeto de deboche e”memes”em todos os quadrantes do planeta terra, até tornar esquecida a tragédia brasileira.
Resultou vencido nessa drástica decisão o “Boitata” -( aquele da Serpente de fogo protetor das florestas e animais)- que votou para que os alemães nunca mais se classificassem para um Mundial.
E começou a maldição dos 7 X 1. A partir daí os alemães, embora classificados para as Copas da Rússia e do Catar, venceram somente dois jogos nesses dois certames, em ambos sendo desclassificados na primeira fase. Um Fiasco. Um vexame equivalente ao acachapante escore imposto ao Brasil em 2014.
Será que terminou a MALDIÇÃO DOS 7 X 1?
Texto de Fernando Carvalho.