No mundo do futebol, onde as paixões são intensas e as tradições se perpetuam, há uma figura que vem desafiando o status do Scout. Muitos veem esse profissional como um verdadeiro “estraga-prazeres” da velha guarda, especialmente daqueles que afirmam estar no “clube por amor”, que dizem estar na “bola há décadas”, ou que se orgulham de ter um “bom olho” para identificar talentos. Mas por que o Scout desperta tanta resistência?
O Scout é, acima de tudo, um estudioso. Ele não se contenta em confiar apenas na intuição ou em palpites baseados em décadas de experiência. Pelo contrário, ele se dedica a analisar dados, a estudar tendências, e a desmembrar o jogo em detalhes que muitos sequer consideram. E é justamente essa abordagem meticulosa que desagrada aqueles que preferem manter o futebol como uma espécie de clube fechado, onde as regras do jogo são ditadas pela tradição e não pela ciência.
Para os que estão no futebol “por amor”, a presença do scout representa uma ameaça direta. Afinal, ele vem com uma nova forma de ver o jogo, uma que muitas vezes desafia as crenças arraigadas e as práticas estabelecidas. O scout desmistifica o futebol, retirando o romantismo e a mística que muitos dirigentes e técnicos carregam como um escudo contra a modernização.
E o que dizer daqueles que estão na “bola há décadas”? Para eles, o scout é um lembrete incômodo de que a experiência, por si só, não é mais suficiente. O futebol mudou, e continua mudando a uma velocidade vertiginosa. As habilidades que outrora garantiam sucesso já não são mais as mesmas. O scout, com seus gráficos, estatísticas e análises, escancara a necessidade de adaptação, algo que muitos veteranos preferem ignorar.
Quanto ao “bom olho”, essa expressão tão comum no futebol, o scout desafia a noção de que é possível identificar talentos apenas com um olhar experiente. O scout argumenta que, embora a intuição tenha seu lugar, ela precisa ser complementada por dados concretos e análises profundas. Essa nova realidade assusta, pois questiona a validade de métodos que, por muito tempo, foram considerados infalíveis.
Em clubes que desejam permanecer amadores, o scout é visto como uma pedra no sapato. Ele questiona, desafia e, muitas vezes, desmascara a falta de preparo e profissionalismo de quem quer manter as coisas como estão. No entanto, é justamente esse incômodo que pode impulsionar a evolução. O scout, com sua abordagem metódica e científica, força o futebol a se profissionalizar, a se atualizar, e a abandonar práticas obsoletas.
Mas a resistência ao scout não é apenas uma questão de tradição versus modernidade. É também uma luta pelo poder. Em um ambiente onde a hierarquia e o status são profundamente enraizados, o scout representa uma redistribuição de poder, onde o conhecimento e a preparação se tornam as novas moedas de troca. E isso, naturalmente, gera desconforto.
No final das contas, o scout não é o vilão da história. Ele é, na verdade, o agente de mudança que o futebol tanto precisa. E, como toda mudança, essa também enfrenta resistência. Mas é através dessa resistência que o esporte pode crescer, se desenvolver e, quem sabe, atingir novos patamares de excelência. O scout, longe de acabar com a diversão, traz consigo a promessa de um futebol mais justo, eficiente e competitivo.
Texto de Filipe Calmon
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