O saudoso cronista Nelson Rodrigues foi extremamente perspicaz ao escrever: “No futebol, o pior cego é aquele que só vê a bola”. Ele, que era um opositor ferrenho aos jornalistas que falavam mal desse esporte, já percebia o grande potencial de crescimento dentro e fora das quatro linhas. Durante o século XXI, o futebol entrou em um processo de expansão global, transformando-se em um pilar essencial da cultura e da identidade de diversas nações.
O licenciamento de marcas e serviços é uma estratégia cada vez mais comum em diversos setores. Trata-se de uma estratégia que permite que empresas ampliem a visibilidade da marca e gerem receita adicional com a venda de produtos e serviços que apresentam seu nome e sua identidade visual. O Brasil está entre os dez países com maior faturamento em licenciamento de marcas do mundo. A edição de 2024 Global Licensing Industry Study, realizada pela Licensing International, apontou que o mercado mundial de licenciamento de marcas registrou um faturamento de US$ 356,5 bilhões em 2023, um aumento de 4,59% em relação a 2022.
O setor esportivo foi o terceiro maior tipo de propriedade licenciada, com US$ 39,5 bilhões, obtendo uma participação de 11,1%. O mercado brasileiro, em 2023, faturou cerca de 23 bilhões, sendo o esporte o responsável por aproximadamente 10% deste valor. É imperativo destacar que, segundo a ABRAL (Associação Brasileira de Licenciamento de Marcas e Personagens), os números apresentados a seguir são estimados, pois não existe uma pesquisa oficial que endosse tais números do setor.
A licença de uma marca esportiva, especialmente de clubes de futebol, permite que parceiros comerciais utilizem o prestígio e o apelo emocional dessas instituições para desenvolver produtos e serviços que, de outra forma, não teriam a mesma penetração de mercado. No Brasil, o futebol é um fenômeno cultural, e os clubes têm utilizado a popularidade para explorar novas fontes de receita, como a criação de academias de futebol, linhas de vestuário e outros produtos licenciados. O mercado de licenciamento esportivo, que movimenta bilhões de reais anualmente, é um reflexo direto da paixão do brasileiro pelo futebol.
A oportunidade de licenciar propriedades esportivas, especialmente no caso de uma escola de futebol, proporciona diversos benefícios. Para os clubes, é uma forma de expandir sua presença geográfica, prospectar novos clientes e fidelizar torcedores, além de garantir uma nova fonte de renda. Para as empresas licenciadas, representa a chance de estarem associadas a uma marca de prestígio e de acessar uma base de clientes fiel e apaixonada.
Como supracitado, os dados recentes apontam que o mercado de licenciamento de marcas no Brasil está em franca expansão, com o segmento esportivo sendo responsável por uma fatia significativa. Esse cenário promissor oferece uma série de oportunidades, que clubes e empresas especializadas têm buscado explorar de maneira estratégica.
O Caso Botafogo SAF e a Nova Estratégia de Licenciamento
O Botafogo SAF, em 2023, passou por um processo de reestruturação e modernização do Departamento de Branding, onde está posicionado o licenciamento de produtos, e contratou profissionais com experiência no mercado para encorpar áreas gráficas e potencializar a conexão entre valores e propósitos de sua marca.
O Glorioso não abre mão da excelência e zela pelo alto nível dos produtos, de modo a garantir a entrega de qualidade e sentimento em suas campanhas, fortalecendo sua presença no mercado e comunicando-se cada vez mais com a sua torcida.
Seguindo a mesma linha de trabalho, o departamento de futebol de base da SAF Botafogo, em parceria estratégica com a Licenci Esportes, resgatará o projeto de núcleos oficiais para a prática de futebol. A Botafogo Academy integrará o método de treino ao processo de formação de atletas e estará alinhada às diretrizes da SAF.
A Botafogo Academy foi desenvolvida com a missão de reconstruir a rede oficial de escolas de futebol do clube, implementando unidades licenciadas em todo o país. Ao oferecer uma plataforma moderna e de alta qualidade para o desenvolvimento de jovens talentos, a iniciativa também fortalece o vínculo entre o clube e seus torcedores.
Este movimento estratégico não só amplia a marca Botafogo, fortalecendo sua conexão com a base de fãs, como também atrai novos seguidores em diversas regiões, destacando-se ainda por seu impacto social notável, como destaca Diego Mello, Vice-Diretor das Categorias de Base do Botafogo e professor do curso Executivo de Futebol do FootHub:
“Os clubes de futebol desempenham papel fundamental na promoção do ensino do esporte a crianças e adolescentes e o projeto das escolas de futebol possibilita que nosso alcance seja ampliado em grande escala para realização deste propósito.”
Diego Mello
O clube busca expandir suas operações no segmento de escolas de futebol, utilizando essa plataforma como um vetor de crescimento para sua marca. A Licenci Esportes, por sua vez, é uma empresa com vasta experiência no setor de licenciamento esportivo, tendo desenvolvido projetos semelhantes com clubes renomados, como Atlético-MG, Esporte Clube Vitória e Clube Náutico Capibaribe.
A trajetória da Licenci Esportes no mercado de licenciamento esportivo é marcada por sucessos que atestam sua expertise e capacidade de gerar resultados. Um dos principais casos de sucesso da empresa é a Academia do Galo, projeto desenvolvido em parceria com o Atlético-MG.
Em pouco mais de 12 meses, a Licenci Esportes expandiu a Academia do Galo para mais de 100 unidades, tornando-a uma das maiores redes de escolas de futebol licenciadas do Brasil. Esse sucesso se deve a uma combinação de fatores, incluindo a forte identificação do público com a marca do Atlético-MG, a qualidade do serviço prestado e a gestão eficiente da empresa.
Texto de Diogo Brito
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