Toda vez que entramos em um campo para dar treino (ou em uma quadra, como no caso do futsal), temos em mente uma certeza: ainda que não seja o nosso foco central, treinaremos as tomadas de decisões dos jogadores. E por que isto acontece? Ocorre, fundamentalmente, pelo fato de que há uma vasta gama de possibilidades (dentro dos contextos do treinamento) que ativem o córtex pré-frontal (área responsável pelas decisões) do jogador, por mais “simples” que possam parecer as tarefas de treino. Exatamente por este motivo que o treinador é um provedor/estimulador de decisões para o jogador.
Sendo assim, cabe ao treinador criar contextos variados no treino para potencializar as decisões e a criatividade do jogador. Isto significa que a versatilidade do jogador pode estar diretamente proporcional à gama de exercícios que o treinador possui e, por mais que se pense sobre repetir exercícios, a ideia de se variar as tarefas (mas com a manutenção dos mesmos princípios) pode fazer com que os atletas tenham maior criatividade, aumentando suas opções de decisão sob diferentes condições competitivas.
Além disso, a variabilidade de contextos faz com que não se permita que o jogador seja bloqueado por estereótipo, ou seja, o atleta não fica engessado, no sentido de saber resolver um determinado problema apenas de forma monocórdia e, quando ocorre uma mudança de padrão, ele perde as suas referências.
Leia outros conteúdos em nosso blog:
Tecnologias para auxiliar o executivo de futebol, por Rodrigo Romano
A perspectiva ecológica e os contributos para estímulo da criatividade no futebol, por Raíssa Jacob
Passaporte define competência?, por Leonardo Monteiro
O treino da tomada de decisão não se trata apenas de ter uma forma de treinar para resolver problemas, mas sim, várias. Quanto mais liberdade de escolhas o jogador tiver, maior a ativação do córtex pré-frontal e, consequentemente, maior carga de treinamento decisional terá.
Isto significa que a variabilidade de contextos faz com que o atleta aumente o seu aprendizado sob diferentes contextos estressantes de treino e de competição (afinal de contas, um dos principais objetivos do treino é aproximar estes dois momentos: treino e jogo; formam uma unidade indissociável). Além disso, há o fator motivacional que pode interferir positivamente no jogador fazendo com que ele esteja integralmente presente no exercício e não faça “somente por fazer”.
É nítido que os treinadores buscam conhecimento sobre todas as variáveis do jogo para treinar da melhor forma possível e ajustar sua equipe de acordo com o que é necessário. Isto irá ter repercussão direta nas decisões dos jogadores, ainda mais se o treinador conseguir ter domínio de treinos variados e originais. Cabe a eles encontrarem seus métodos. Meios que fomentem esses princípios.
Texto de Leonardo Monteiro.
