dados
dados

Formar atletas no feeling? Sem dados, tudo é palpite

dados

Você já imaginou como seria o mundo sem o uso de dados? Provavelmente não teríamos ido muito longe territorialmente, como sociedade e muito menos teríamos desenvolvido tecnologia. Estaríamos então reféns de produtos de baixa qualidade, perpetuando o desperdício de recursos, a ineficiência operacional, a falta de inovação e implodindo a competitividade.

Você compraria um carro cuja autonomia fosse algo entre 3 km/l ou 30 km/l. E se a capacidade dele de carga fosse alguma coisa entre 2 toneladas e apenas 20kg? Que tal voar num avião com o piloto usando apenas os olhos e a intuição para atravessar o Oceano Pacífico? Parece um cenário absurdo, não é mesmo? Mas é exatamente isso que acontece no futebol brasileiro, onde a maioria dos clubes ainda ignora o potencial dos dados para melhorar o seu desempenho esportivo e financeiro.

A verdade é que ainda confiamos o sonho dos nossos filhos a clubes e a profissionais que se gabam da falta de estudo, endeusam o próprio feeling, abusam do “jogou onde?” e desprezam os dados. Como podemos falar em profissionalização do Futebol, a indústria de 7 bilhões de dólares anuais, se decidimos se um atleta vai subir do sub15 pro sub17 baseado numa enquete realizada numa rodinha de 2 ou 3 profissionais que puxam da memória impressões sobre 4 ou 5 fundamentos tidos como essenciais e suficientes?

Os dados são essenciais para o futebol moderno, pois permitem avaliar o desempenho dos jogadores e equipes de forma objetiva. Certamente que sensores, câmeras com inteligência artificial e outros dispositivos high-techs – e caros! – podem parecer essenciais e, pelo preço, servir de desculpa para a perpetuação dessa cultura. Mas não estou falando disso. Me refiro ao que pode ser feito com uma smartphone nas mãos: filmar, assistir e anotar dados. Com apenas esses 3 passos é possível capturar uma quantidade massiva de dados, seja durante competições ou até treinamentos.

Esses dados podem ser usados para identificar padrões e tendências, ajudando os técnicos a tomar decisões estratégicas durante os jogos ou entre partidas; a renovar contratos, realizar dispensas ou ir ao mercado; a treinar fundamentos técnicos específicos, seja para mitigar fragilidades ou para explorar fraquezas dos adversários; a monitorar performance para antecipar crescimentos ou declínios técnicos especiais.

No entanto, no Brasil, a cultura do futebol ainda é baseada na intuição e na experiência dos profissionais, que muitas vezes não têm acesso ou não sabem como usar os dados de forma eficaz. Isso pode prejudicar a formação e o desenvolvimento de jogadores, pois impede uma avaliação mais precisa e detalhada das suas habilidades, pontos fortes e pontos fracos.

Além disso, os clubes brasileiros perdem oportunidades de se destacar no cenário nacional e internacional, pois ficam atrás dos seus concorrentes que já adotam a análise de dados como ferramenta para gestão, treinamento e mercado.

Mas isso pode mudar. Deve mudar e está mudando. Estamos vivendo uma revolução de dados, proporcionada pelas novas tecnologias, que tornam a coleta, o processamento e a interpretação de dados mais acessíveis e eficientes. Os clubes que se adaptarem a essa nova realidade terão mais chances de se tornarem mais competitivos, rentáveis e sustentáveis. Digo os mesmos sobre os profissionais, afinal é de pessoas que os clubes são feitos.

Para isso, é preciso investir em tecnologia, capacitação e cultura de dados no futebol brasileiro. É preciso entender que sem dados tudo é palpite, e que só a partir dos dados é possível realizar gestão de verdade.

Na sua opinião, por que há tanta resistência aos dados no Brasil? Quais as principais mudanças que a gestão orientadas por dados pode trazer para a formação de atletas? E quais os perigos que essa mentalidade data driven apresenta?

Texto de Filipe Calmon

compartilhe

Faça parte do nosso time

Preencha o formulário para que nossa equipe possa avaliar suas informações e entrar em contato.

Publique o seu artigo

Preencha o formulário para que nossa equipe possa entrar em contato e ajudar você a publicar seu artigo.

Confira os maiores descontos da história do FootHub.