FootHub participa de evento para debater o futebol sul-americano

Fernando Carvalho foi speaker no evento Sports Summit Leaders, em Buenos Aires

Painel “A expansão de um mercado e a influência do fator argentino”

Na última semana, o FootHub esteve presente no Sports Summit Leaders, um evento promovido pelo Olé, que reuniu mais de 150 clubes, de mais de 15 países ao redor do mundo, para debater sobre gestão de futebol, categorias de base, inovação, relacionamento com os torcedores e alguns cases de clubes como River Plate, Boca Juniors, Flamengo e Sevilla.

Fernando Carvalho, consultor de gestão de futebol, representou o FootHub no painel “Brasil: a expansão de um mercado e a influência do fator argentino”. Ao seu lado estava Mauro Silva, Vice-Presidente da Federação Paulista de Futebol, além dos mediadores Gustavo Villani, narrador do Grupo Globo, e Diego Macias, subdirector do jornal Olé, da Argentina.

Antes de entrar nos assuntos abordados no painel, é importante trazer o contexto do futebol brasileiro como indústria, principalmente na comparação com o mercado argentino, exercício também feito durante o evento. Economicamente, o Brasil está à frente dos demais países do continente, com o real mais valorizado na comparação com as demais moedas. 

No futebol propriamente dito, também existe uma supremacia financeira, com valores mais significativos e uma diversidade de receitas. No painel foram citados os exemplos de direitos de transmissão, receitas com estádios e programa de sócios. Essa diferença financeira implica em um aumento no número de estrangeiros na liga brasileira. Falando apenas de jogadores, eram apenas 8 em toda a série A no ano de 2003. Hoje, 20 anos depois, são 130, de diversas nacionalidades. 

Influência argentina no futebol brasileiro

O intercâmbio de culturas é muito positivo para qualquer liga. São novos conhecimentos e escolas de futebol diferentes complementando a cultura brasileira. Tratando especificamente dos atletas argentinos, e aqui é possível incluir os treinadores, o ganho é voltado para a parte tática, outro fator que contribui muito para a chegada deles ao Brasil. Estes conseguem se adaptar a diferentes realidades e funções táticas dentro de campo.

Durante o painel, Fernando Carvalho trouxe uma consideração importante. O professor do FootHub ressalta que as escolas de técnico na Argentina existem desde os anos 1960, enquanto no Brasil começaram a funcionar apenas a partir da década de 2010. Ainda existe muito espaço para crescimento da educação voltada aos profissionais brasileiros, e o exemplo argentino pode influenciar de maneira positiva na formação de novos treinadores.

A expansão do mercado brasileiro

Ainda que o futebol brasileiro se mostre superior financeira e desportivamente superior aos seus concorrentes da América do Sul, os anos que vem pela frente prometem ser de expansão.

Para começar, a lei da SAF. Aprovada em agosto de 2021, seu objetivo em um primeiro momento foi solucionar os graves problemas financeiros vividos por alguns clubes como Botafogo, Cruzeiro e Vasco. Na sequência, a lei traz ao futebol brasileiro práticas de gestão, incluindo processos que direcionam os clubes para uma administração mais profissional.

Tal profissionalização já pode ser vista em alguns casos. Um deles é na escolha de treinadores. Clubes como Cruzeiro e Red Bull Bragantino realizaram processos seletivos semelhantes aos vistos em grandes empresas para escolher seus treinadores mais recentes, incluindo uma entrevista no final. Vale lembrar que esse método era utilizado por Fernando Carvalho enquanto presidente do Internacional, prática ressaltada em uma das aulas do curso Executivo de Futebol. 

Além dos processos, a lei da SAF já está contribuindo para a expansão do mercado através dos recursos de investidores como John Textor, 777 Partners, Grupo City e de Ronaldo Fenômeno. Ao lado das receitas advindas da próxima venda de direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro, têm capacidade de colocar o futebol brasileiro em um patamar mais próximo de grandes ligas, como ressaltaram os painelistas. 

Após todo o aprendizado, um momento de descontração fechou o painel, com Diego do jornal Olé questionando se o Boca Juniors tem chance contra os outros três brasileiros na busca pela conquista da Libertadores.

Texto de Rodrigo Romano

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