Construção do repertório de jogo dos futebolistas nas categorias iniciais

A formação de um (a) jogador (a) de futebol compreende uma série de fatores

Reprodução: Prefeitura de Manaus

Desde a iniciação até a equipe profissional, um longo caminho é percorrido, e, neste período, conhecimentos, informações, vivências e práticas acontecerão de maneira recorrente. Todos estes aspectos irão compor o conjunto de recursos, habilidades e competências que estes atletas terão.

Para que possamos formar os/as jogadores/jogadoras de futebol com o repertório mais amplo, compreensão do jogo, ações técnicas e táticas apropriadas, é importante que eles apresentem recursos diversos e tenham consciência, corporal e espacial, daquilo que estão fazendo, bem como de suas consequências.

Um exemplo disso é quando o atleta, consegue em um passe de primeira, sem dominar a bola,  desequilibrar toda defesa adversária e cria uma situação de gol para o seu time, surpreendendo os oponentes, deixando seu companheiro em condições excelentes para marcar. Poderia ser um gol de cabeça, de bicicleta, um drible, uma interceptação inesperada da bola.

Este domínio das ações de jogo depende muito dos recursos técnicos (movimentos), psicomotores (orientação espaço-temporal, conhecimento corporal) táticos (percepção e decisão), posicionamento dentro de um sistema, atitudinais (coragem, ousadia) que o (a) jogador (a) traz consigo desde sua iniciação esportiva, que geralmente ocorre a partir dos 7,8 anos de idade no Futebol / Futsal. É um ponto fundamental nesta empreitada, pois as crianças estão em um período rico para a aprendizagem e construção de suas respectivas memórias motoras, cognitivas e afetivas.

As práticas de treinamento formais em grupos/categorias geralmente são relacionadas e organizadas de acordo com os aspectos físicos, técnicos, táticos e coletivos das equipes. Entretanto, existem elementos concernentes ao desenvolvimento geral destas capacidades que podem (e devem ser) feito por meio de atividades indiretas e que sejam atrativas para os participantes, e, se bem utilizadas, adaptadas ao contexto da formação podem ser fundamentais para que estes atletas, ao completar seu período nas categorias de base, apresentem recursos capazes de jogar futebol com excelência. 

Um destes grupos de atividades se refere aos “jogos com os pés”, onde o Futsal, tem muito destaque no apoio aos jogadores de campo, é um esporte muito apropriado para o desenvolvimento do (a) futebolista, pois traz consigo uma série de fundamentos e ações muito similares ao campo com alto nível de complexidade e “pressão” devido ao espaço reduzido;

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O Futevôlei, estimula bastante o controle, cabeceio, passe com a bola no ar, ainda contribui para o  preenchimento de espaço e cobertura na fase defensiva;

O Futebol de Rua, atenção: isso não quer dizer que seja obrigatória a prática no meio da rua, na verdade não requer necessariamente um espaço específico, o importante é que os envolvidos consigam desenvolver sua autonomia, poder de criatividade e apresentem atitudes para vencer os desafios próprios da atividade. Num cenário das categorias maiores, o próprio “Rachão” é um exemplo. O engajamento pela vitória e poder de concentração são altos, muitas vezes, se faz necessário acalmar os ânimos de tão acirrado que fica o ambiente.

Ainda podemos citar vários pequenos jogos como “três dentro, três fora”, que contribui muito para questões relacionadas ao fundamento do cabeceio e finalização com a bola em suspensão, “gol a gol”, “golzinho” (1×1), “fogueirão” o próprio “bobinho” até mesmo, com os tempos modernos, os jogos virtuais (video-game) envolvendo futebol e, para quem é mais antigo, o jogo de botão, também pode ser considerada uma forma indireta de aprendizado, de consciência tático-estratégica do jogo.

As brincadeiras de rua como “pega-pega”, equilibrar-se em cima de um muro, subir em árvores, pular poças, soltar pipa, também são elementos importantes para a construção deste repertório. Infelizmente, é algo que tem sido cada vez mais raro em um país onde existem cada vez menos espaços para que as crianças e jovens possam andar livremente.

Durante o período inicial do desenvolvimento do atleta, que vai, em média até os 14, 15 anos de idade, a apresentação às crianças e jovens de oportunidades relacionadas a outros esportes, sejam eles individuais ou coletivos, também são muito válidas, uma vez que, os estimulam a vivenciar diversas ações motoras, onde podem se desafiar e se deparar com diferentes tipos de influências e oposições.

Alguns exemplos:

  • Tênis que relação entre corpo e objeto (bola-raquete), técnica da  preparação, ponto de contato e terminação do movimento, e ainda constrói referências de paralela e diagonal, correr para frente e para trás a todo tempo;

  • O Judô onde existe a sustentação da força corporal, pé de apoio trabalha bastante para dar equilíbrio, finta de golpe com a perna, aprender a cair, disciplina em função das regras;

  • Capoeira, importante para a obtenção de ritmo, drible, finta;

  • Karatê, potência no chute, amplitude articular;

  • Basquetebol, compreensão relacionada à marcação dentro da área em bolas paradas, finta de corpo, drible, percepção. Diversas modalidades podem contribuir com a memória motora dos atleta de diferentes maneiras. Estes são apenas alguns exemplos e ideias.

Tudo pode ser adaptado e vivenciado por meio de oficinas, projetos e programas de desenvolvimento vinculados ao treinamento de futebol. Este ponto, é o mais importante: sempre procurar fazer a correlação dessas atividades com a modalidade principal. No caso das atividades com os pés, pode-se incluir na sessão de treinamento (como em diversas vezes acontece) ou projetos. Porém, não se pode inserir simplesmente na periodização ou plano de treino, há de se ter intencionalidade e sentido para que essas práticas aconteçam, principalmente, nestas fases iniciais, pois é um momento rico para o aprendizado.

Enfim, quanto mais estímulos e possibilidades, maiores serão os recursos e, consequentemente, repertório de jogo – capacidades e habilidades e mais “completos” serão estes atletas.

Texto de Wilson Souza

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