Lucro nas categorias de base
Lucro nas categorias de base

Como aumentar o lucro da base brasileira?

O Brasil é, sem dúvida, a maior usina de talentos formados nas categorias de base para o futebol mundial. Somos líderes absolutos na exportação de jogadores para as ligas mais ricas e competitivas do planeta, conhecidas como as “Big Five” (Inglaterra, Espanha, Itália, Alemanha e França).

Dados da FIFA indicam que, entre 2011 e 2020, o Brasil liderou as transferências internacionais, com 15.128 jogadores negociados, movimentando aproximadamente US$ 7 bilhões no período. Em 2022, o país continuou no topo, com 2.061 jogadores envolvidos em transferências internacionais, gerando US$ 843,2 milhões. Portanto, ano após ano, milhares de jovens deixam o país para movimentar centenas de milhões de dólares em transferências internacionais.

Contudo, essa potência opera com uma lógica amadora e ineficiente. Em 2024, o Brasil seguiu no topo. Apesar do volume expressivo, não temos uma estrutura que permita lapidar todos os talentos disponíveis. O que temos, na prática, é um sistema que seleciona, não forma. Essa diferença, embora sutil, explica a razão de tanto desperdício .

Hoje, as categorias de base no Brasil funcionam como filtros seletivos. Em um cenário onde a demanda por formação é muito maior do que a oferta de espaços disponíveis, os clubes se acomodam ao operar com base na triagem. Selecionam os melhores talentos disponíveis para integrar suas estruturas limitadas e, a cada semestre, promovem cortes.

Aqueles que não “engordam” rápido o suficiente, ou seja, que não demonstram evolução acima da média em curto prazo, são descartados para abrir espaço para outros que aguardam a chance de entrar no sistema. Essa dinâmica é fruto de uma equação desequilibrada: temos mais crianças querendo ser atletas do que campos, treinadores e recursos para atendê-las.

O problema, portanto, não está na falta de talento, mas na falta de estrutura para detectar, receber e lapidar esses talentos. Na prática, essa oferta insuficiente de centros de treinamento para as categorias de base e profissionais qualificados impede que o Brasil transforme seu potencial em lucro máximo. O modelo atual é desperdiçador: confiamos no instinto, na sorte, no próximo corte e na próxima peneira, deixando para trás um número incalculável de jovens que poderiam ser atletas de alto nível.

É um sistema que premia o acaso e negligencia o planejamento, gerando perdas financeiras expressivas em um mercado que poderia ser ainda mais lucrativo. E olha que somos há anos os campeões em exportação de pé-de-obra para as Big Five, tanto em número de atletas quanto em valores gerados nas transferências.

Agora, imagine outro cenário. Se o Brasil investisse em infraestrutura para equilibrar a oferta de formação à demanda de jovens atletas, os resultados seriam revolucionários. A criação de mais campos, com treinadores capacitados e bem distribuídos pelo território nacional, eliminaria a lógica de seleção e permitiria que a formação fosse o foco principal.

Isso significa transformar crianças com potencial em jogadores de excelência, maximizando o valor de mercado de cada atleta formado. Em vez de descartar diamantes brutos, o país poderia lapidá-los, gerando um retorno financeiro exponencial para clubes, investidores e o próprio sistema esportivo.

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) é o player com maior legitimidade para liderar essa transformação. Com recursos e alcance nacional, a CBF tem a oportunidade de criar uma rede de centros de excelência que atenda à demanda real do país. Essa não é apenas uma questão de responsabilidade social, mas de estratégia de negócios. A expansão da infraestrutura de base aumentaria o volume de talentos disponíveis, elevaria a qualidade do futebol brasileiro e resultaria em transferências internacionais muito mais lucrativas.

Além disso, o envolvimento da iniciativa privada é essencial. Empresas que enxergarem o futebol brasileiro como um mercado estratégico têm a chance de investir em projetos que vão muito além de patrocínios. Academias de formação, programas de treinamento e desenvolvimento de tecnologia esportiva são caminhos para profissionalizar ainda mais a prospecção de talentos. Imagine o impacto financeiro de um sistema que, ao invés de selecionar, consegue formar, desenvolver e valorizar seus atletas. O retorno, em patrocínios, visibilidade global e valorização de ativos, seria imenso.

Ao equilibrar oferta e demanda no mercado de formação, o Brasil não apenas eliminaria o desperdício e maximizaria os lucros, mas também elevaria a preocupação com o lado humano das crianças a um patamar inédito. Com mais estrutura disponível, os clubes não poderiam mais recorrer à lógica predatória dos cortes constantes, que descarta jovens como se fossem números em uma planilha.

Nesse novo cenário, o foco não estaria apenas em selecionar e descartar, mas em formar e reter talentos, incentivando os clubes a aprimorarem seus métodos para permanecerem competitivos no mercado e a permanecerem com o atleta. Isso significa oferecer melhores condições de desenvolvimento técnico, suporte psicológico e uma formação que vá além do campo, preparando-os para o sucesso dentro e fora do futebol. O equilíbrio de mercado não seria apenas lucrativo, mas transformador, ao alinhar ganhos financeiros com o respeito à dignidade humana.

Ainda que os benefícios sociais de um sistema mais equilibrado sejam evidentes – menos pressão sobre crianças, mais oportunidades iguais e um ambiente mais humano –, o foco principal dessa transformação está no potencial econômico. É preciso compreender que apenas selecionar é sintoma de um mercado doente.

Investir em mais campos e profissionais, mais bem distribuídos pelo país, significa criar uma indústria mais eficiente, que aproveita ao máximo a abundância de talentos que temos. E essa eficiência se traduz em mais lucro, mais audiência, mais relevância no cenário esportivo global e em maior cuidado com a criança e o adolescente de forma holística, integral ou global, conforme o termo que o leitor queira usar.

É hora de transformar a lógica de seleção e desperdício em formação e valorização. O Brasil já é o maior exportador de talentos do futebol mundial, mesmo operando de forma amadora. Imagine o que poderíamos ser com planejamento, estrutura e visão de longo prazo. A oportunidade de negócio é clara: consolidar o Brasil como o maior e mais eficiente celeiro de talentos do futebol, o verdadeiro “Big One” entre as nações, deixando as “Big Five” em segundo plano. Chegou a hora de lapidar nossos diamantes. Como? Os tratando como humanos, dentro de uma lógica econômica.

Texto de Filipe Calmon

FootHub promove curso de Scouting com prática na Copa São Paulo de 2025

Na busca por seguir com o processo de acompanhar de perto a evolução da área de Scout/Análise de Mercado, auxiliando diversos profissionais a evoluírem em suas carreiras e ajudar aqueles que desejam ingressar na área de análise, o FootHub lança o curso Scouting: Análise de Mercado – edição Copa São Paulo, uma oportunidade única para quem deseja começar ou aprimorar sua carreira na área que mais cresce no futebol. Voltado à prática e com foco na Copa São Paulo de Futebol Júnior, este curso une teoria e prática para preparar os alunos a desenvolverem seus portfólios e fortalecerem suas habilidades em análise de mercado.

Estrutura do Curso

O curso é dividido em três módulos teóricos e um estágio prático:

  1. Os Princípios de um Analista
    Com Arthur Fraga, abordando desde o início da carreira em análise de mercado até habilidades-chave e montagem de bases de dados. Aqui, os alunos serão introduzidos a conceitos como Time Sombra e Hot List.
  2. Processos de Análise
    Com Luiz Alencar, que apresenta as ferramentas, rotinas e práticas diárias de um analista, além de ensinar a montagem de relatórios de análise.
  3. Montagem de portfólio
    Quer saber como montar seu portfólio na área de análise de mercado e se aproximar da sua primeira oportunidade? Nesta aula comandada por Arthur Fraga você receberá um passo a passo para sair do curso com seu material de trabalho completo! 
  4. Case Copa São Paulo
    Ministrado por Matheus Rosa, este módulo desvenda as estratégias aplicadas na Copa São Paulo, ajudando os alunos a adaptarem essas práticas para outras competições e contextos.
  5. Estágio Prático na Copa São Paulo
    Durante a Copa São Paulo 2025, os alunos terão a oportunidade de aplicar o conhecimento adquirido, observando equipes e jogadores, dividindo-se entre grupos para elaborar relatórios e análises de desempenho ao longo da competição.

Se você tem o objetivo de desenvolver sua carreira na área, esta é a oportunidade certa para você! Com dicas de networking, montagem de currículo e estratégias de atuação, o curso ajuda o aluno a construir uma base sólida para conquistar espaço no mercado no setor que mais cresce no mercado do futebol.

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