Se os moribundos campeonatos estaduais respiram por aparelhos diante de um modelo de negócios cada dia mais ultrapassado e com menos apoio da maior emissora do país, a Copa do Nordeste vem ano após ano expandindo sua relevância e construindo uma autoridade de marca e competição. Carregando uma identidade ímpar e própria, o torneio regional mostrou ao longo da última década que está (re)construindo uma história bonita e vencedora no cenário competitivo nacional.
Organizado pela Liga do Nordeste e com chancela da CBF, a competição vai para sua 18ª edição em 2021, a 9ª seguida desde que voltou ao calendário regional em 2013. Cada ano mais enraizada no imaginário popular dos torcedores da região, além do desejo dos clubes em disputá-la e avançar em suas fases pelo valor intangível e dinheiro que pode ser faturado, a competição acerta em adaptar ou criar elementos, símbolos e linguagens próprias para seu público. Foi dessa forma que nasceram o Zé Cabrito, mascote oficial da competição, o apelido “Lampions League” como é carinhosamente chamada em alusão a maior competição de clubes do planeta, a inconfundível taça da mesma, dentre outros diversos símbolos que contribuem para construção dessa cultura.
Competição digital
No âmbito do digital o torneio tem também seu destaque, com uma boa frequência e timing com tudo que ocorre no futebol da região durante o ano, trazendo um bom engajamento e uma ótima quantidade de seguidores, mais de 1,3MI somando Youtube, Instagram, Facebook e Twitter. Essa presença digital se complementa ao modelo de transmissão multiplataforma que a Copa traz há alguns anos:
- TV Aberta: SBT.
- TV Fechada: Fox Sports.
- Streaming/PPV: Nordeste FC, Youtube, Twitch e Sky.
Com esse modelo híbrido entre pay-per-view/streaming e emissoras de televisão, a Copa demonstra força e capilaridade e busca atingir os mais diversos públicos, com transmissão até mesmo no canal da Twitch do torneio e do seu parceiro Canal Reversão, por exemplo. Tudo isso traz um interesse não apenas do público final, mas também das marcas, como Schin e Ale Combustíveis por exemplo, que se interessam em se posicionar junto a esse público macro que a competição atinge todo ano.
Potenciais melhorias
Mas nem tudo é perfeito e a Copa ainda pode melhorar sua entrega de ativações, fugindo do usual “Tour da Taça” ou Momento Marca Tal com lances da partida, trazendo novas perspectivas para ativar as marcas apoiadoras e conectar com o público potencial. Em questão de licenciamento, ainda falta uma gama maior de produtos, bem como sua distribuição e comunicação para os fãs, área em que o potencial é imenso e pode/deve ser melhor explorado.
A competição é também um sinônimo de organização e costuras políticas e em prol de um “bem maior” para os clubes da região que é o próprio fortalecimento do mesmo. O modelo tentou ser replicado e por vezes ainda se tenta, porém na maioria das vezes vemos uma, ou várias, barreiras que impedem o sucesso dessas competições, que vão desde um alinhamento entre todas as partes e uma visão compartilhada entre todos, mas também o fator cultural e de pertencimento. Afinal a Copa do Nordeste é não apenas uma competição mas a afirmação da grandeza que a região tem, com todas suas pluralidades dentro da mesma.
Auto intitulada como “A copa dos clássicos” dado seu formato propício ao cruzamento entre rivais locais, há quem diga que é a maior competição do primeiro semestre no Brasil, pois Brasileirão, Copa do Brasil e as competições internacionais só terminam no final do ano. Quem somos nós para discordar?
Texto de EntreLinhas.