A partir da visibilidade que os campeonatos dos principais países passaram a ter no mundo, com o surgimento da internet, as estratégias foram mais vistas e adaptadas de forma quase instantânea, na medida que se assistiam aos jogos toda a semana. Os treinadores adaptaram as estratégias a isso. Com a campeã seleção espanhola em 2010, na África do Sul, jogando em 4-3-3 com muito sucesso, a maioria das seleções e dos clubes passou a atuar da mesma forma.
Em Barcelona, Guardiola fazia amplo sucesso no clube catalão com seu estilo de posse de bola e pressão em bloco alto, futebol vistoso, competitivo e vencedor. Isso teve grande influência no mundo e principalmente no Brasil, onde 90% dos treinadores passaram a utilizar esse tipo de estratégia, quase todos montando seus times em 4-2-3-1 com posse de bola em construção a partir do goleiro e zagueiros. Isso será abordado em texto especifico sobre o tema, mas desde logo adianto que essa prática acabou fragilizando muito a imagem dos treinadores brasileiros, o que deu margem ao surgimento de interesse dos nossos clubes por técnicos estrangeiros.
Desde o ano passado, estamos vendo que o futebol tem apresentado muitas alterações, principalmente no exterior, com alguma repercussão no Brasil. O 3-5-2 voltou a grassar no mundo todo. Vimos Liverpool e Chelsea assim. Os times italianos da mesma forma gostam de três defensores. O Chelsea joga com três zagueiros que, além de tarefas defensivas, saem com a bola e são os verdadeiros iniciadores das jogadas ofensivas do time. A profundidade se dá pelos laterais e isso faz com que os dois atacantes atuem na zona central, sem as tarefas estafantes de acompanhar defensores adversários, ficando inteiros e com fôlego para as ações ofensivas. Para responder a isso, os adversários também acabam usando três zagueiros para obstaculizar os dois atacantes internos. Assim o 3-5-2 volta gradativamente a ser utilizado.
No Brasil de hoje, isso ainda não se tornou regra, embora o Fortaleza, que está se destacando nos dois últimos anos com um time forte, utilize esse esquema. Com o material humano que dispõe, o acúmulo de jogos em três competições importantes e a logística complexa, a equipe cearense não vem tendo bons resultados nesta temporada.
Mais recentemente o Corinthians do português Vítor Pereira tem jogado com sucesso com três defensores. Assistimos também ao Palmeiras de Abel Ferreira atuando com o trio de zagueiros, tendo inclusive ganho uma Copa Libertadores assim. Havia jogadas ensaiadas com os alas que criaram muitos gols pelos lados. Pelo meio, os zagueiros ajudavam a armar também, a exemplo do que fazem Liverpool e Chelsea.
Estão abertas as vagas para a quarta turma do curso Executivo de Futebol, sob o comando de Fernando Carvalho e com a participação de diversas referências da área de gestão esportiva.
Rogério Ceni treinador que começa consolidar sua carreira nessa atividade, após praticar o esquema 4-4-2 no Fortaleza e Flamengo, agora no São Paulo optou por armar sua equipe com três defensores, com laterais (alas) espetados, dois volantes móveis, dois meias por trás do atacante de última bola. Com essa diretriz tem alcançado bons e maus resultados, estando em ascensão.
Faço toda esta análise para mostrar que o futebol está em permanente e constante evolução. Hoje a tônica dos esquemas que dão certo e da maioria dos resultados positivos é tomar poucos gols.
Todos os esquemas são revigorados e utilizados como forma de trazer mais produtividade e condições de enfrentamento. Releituras de estratégias pretéritas tornam-se atuais e concedem aos analistas desse palpitante tema amplo material para debate.
Para cada esquema adversário há um antídoto que vem da análise histórica de todas estas estratégias táticas utilizadas e presentes a todo instante, a todo momento. Temos contato com estas estratégias e formas de jogar nos mais variados países do mundo, ao contrário do que acontecia há 10 anos, quando as grandes transformações ocorriam basicamente durante as Copas do Mundo.
Sei que o tema é fascinante e merece muitas horas de reflexão e debate. Aqui no FootHub somos apaixonados por isso e estamos sempre disponibilizando cursos e apresentações para seguirmos evoluindo neste importante aspecto do jogo. Da minha parte, seguirei estudando e trocando ideias com todos os interessados nesta área. Tive o privilégio em toda minha trajetória como dirigente de trabalhar e aprender bastante com muitos profissionais que, assim como eu, amam conversar e discutir sobre tática. Convido vocês a fazerem o mesmo com a gente.
Texto de Fernando Carvalho