(Foto: Vítor Silva/Botafogo)
O cenário do futebol brasileiro passou por transformações significativas com a introdução do modelo de gestão de clubes como empresas, conhecido como Sociedade Anônima do Futebol (SAF). Durante o nosso e-book “SAF- conceitos e perspectivas”, trouxemos algumas perspectivas para o ano de 2023, como uma grande quantia financeira inserida, dedicando uma parte para contratações de jogadores importantes, além dos motivos pelos quais novos clubes iriam adotar o modelo SAF.
No ano de 2023, foi melhor analisado como estão os processos dos primeiros clubes que viraram SAF no Brasil, como América-MG, Botafogo, Vasco, Cruzeiro, Bahia, Cuiabá, e clubes que aderiram a este modelo neste ano, como o Coritiba, Atlético-MG e Fortaleza.
Se no primeiro momento seguiram por este caminho as instituições que estavam com dívidas significativas e não tinham outra escolha (Botafogo, Vasco e Cruzeiro, Atlético-MG), agora temos clubes com ambiente político apaziguado, com o endividamento controlado podendo negociar percentuais menores da nova empresa que será criada, além de utilizar os investimentos com finalidade para impulsionar os ganhos esportivos ao invés do pagamento de dívidas (Coritiba, Bahia, Fortaleza).
Analisando a situação dos clube-empresas, podemos destacar alguns avanços importantes, como uma melhora na saúde financeira, resultando em investimentos em estruturas, processos e pessoas.
Investimentos das SAF
Segundo a Pluri Consultoria, Bahia, Vasco e Cruzeiro foram os clubes da Série A que mais aumentaram o valor dos elencos na temporada de 2023. O Botafogo é o clube SAF, entre as equipes SAFs da Série A do Brasileirão que mais investiu na formação de seus plantéis, gastando € 21,19 milhões com a formação do seu elenco. A segunda posição fica com o Bahia, investindo € 20,82 milhões. O Vasco está na 3ª posição, com um gasto de € 19,57 milhões pelo seu plantel. Posteriormente, vem o Cruzeiro com um gasto mais modesto que as demais equipes citadas, com um total de € 7,48 milhões investidos na formação do seu elenco.
Outro ponto a ser destacado é a profissionalização na gestão dos clubes. A indústria esportiva representa um dos maiores mercados de entretenimento do mundo, movimentando bilhões de dólares anualmente. Como todo negócio, o esporte demanda gestão, estratégias e objetivos, através da contratação de profissionais capacitados, que não coloquem a emoção na ponta da caneta na tomada de decisões. Ou seja, os investidores estão se cercando de pessoas capacitadas para que a gestão seja da melhor maneira.
Com isso, houve um aumento significativo no número de profissionais que trabalham nos clubes, por conta de novas funções que surgiram, como Gerente de Projetos, e outras que vem ganhando mais importância, como os Gestores Financeiros. Ou seja, a presença de especialistas em diversas áreas contribuiu para um ambiente mais estruturado e orientado para resultados dentro e fora do campo.
Um ponto que chama atenção nas SAF´s brasileiras, é o grande número de troca de treinadores. Confira:
- América MG – 2 treinadores (Vagner Mancini e Fábian Bustos)
- Atlético MG – 2 treinadores (Eduardo Coudet e Felipão)
- Bahia – 2 treinadores (Renato Paiva e Rogério Ceni)
- Botafogo – 4 treinadores (Luís Castro, Bruno Lage, Lucio Flávio e Tiago Nunes)
- Cuiabá – 2 treinadores (Ivo Vieira e Antônio Oliveira)
- Vasco – 2 treinadores (Maurício Barbieri e Ramón Díaz)
- Coritiba – 3 treinadores (Antônio Oliveira, Antônio Carlos Zago e Thiago Kosloski, e para o ano que vem já foi contratado o Guto Ferreira).
- Cruzeiro – 4 treinadores (Paulo Pezzolano, Pepa, Zé Ricardo e Paulo Autuori)
Gustavo Aleixo/Cruzeiro
Durante o campeonato, a média de troca de treinadores foi maior em clubes SAF´s que em associações, que resulta em um ponto negativo para os clube-empresas neste ano de 2023.
Entrando mais no sentimento do torcedor, criou-se uma grande expectativa dos torcedores quando seu clube se torna SAF, de que os problemas financeiros irão ser resolvidos da noite para o dia, e que grandes jogadores serão contratados e dessa maneira, brigar por títulos. Mas, cada vez mais, vemos que o processo é longo.
Porém, em 2023, cenas de protestos dos torcedores contra os investidores, e aos profissionais que trabalham no clube, como o Executivo, Gerente e Diretor, se tornaram mais recorrentes, tanto por conta da performance dos jogadores dentro do campo, quanto pela falta de contratações de jogadores.
Twitter: @newsalmirantee
Se baseando apenas no resultado esportivo, o ano para grande parte dos clubes SAF não foi como o esperado. Vasco, Cruzeiro, Bahia brigaram contra o rebaixamento no brasileirão, e o Coritiba acabou caindo para a Série B. Já Botafogo e Atlético-MG fizeram boas campanhas, alcançando a vaga para a Libertadores do ano seguinte. Já o Fortaleza ficou com o vice na CONMEBOL Sul-Americana, e garantiu sua presença na próxima edição junto com o Cuiabá.
Portanto, a retrospectiva da implementação dos SAFs nos clubes brasileiros revela uma dualidade de conquistas e desafios. A saúde financeira reforçada e a profissionalização da gestão são indicativos positivos, enquanto a pressão intensificada por parte dos torcedores exige uma abordagem estratégica para equilibrar as expectativas com a realidade do esporte. À medida que o futebol brasileiro continua a evoluir nesse novo paradigma, a gestão das SAFs permanece no centro de debates sobre o futuro do esporte.
Veremos o que 2024 reserva para o futebol brasileiro…
Texto de Willian Sanmartin
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