Foto: Jota Finkler
Os processos de avaliação, transição e adaptação nas categorias de base são constantes e estão presentes no dia a dia de todos os envolvidos. A transição entre categorias ou fases da formação são realizadas normalmente ao final de cada temporada, porém sendo construídas durante todo o período de formação.
O que seria importante considerar, para realizar um processo de transição adequado?
Partimos do princípio de que todo o clube deve possuir uma filosofia de formação clara e relacionada à cultura e ao contexto do clube. Esta filosofia deve ser amplamente divulgada e presente em todas as ações internas e/ou externas ao clube. Os profissionais e colaboradores envolvidos necessitam trabalhar tendo como norte está filosofia e suas respectivas diretrizes. Os objetivos podem ser inúmeros, porém sempre deverão estar bem estabelecidos.
O clube objetiva formar atletas para a sua equipe profissional?
O clube buscar formar atletas para o mercado, obtendo o máximo retorno financeiro?
Ou as Categorias de Base servirão apenas como categorias competitivas e com foco nas conquistas de base?
A partir disso, pode-se ter clareza no perfil das pessoas que irão trabalhar com cada área e etapa da formação, buscando construir um processo sólido e coerente com os objetivos do clube. Isto impacta na contratação dos profissionais das mais diferentes áreas, que possam entregar o máximo desenvolvimento do trabalho, dentro daquilo que se busca.
Neste sentido, deverá ser definido também o perfil dos atletas que o clube quer formar, possuindo uma visão clara da formação em todas as etapas de desenvolvimento e performance. A partir da ideia norteadora referente ao perfil, busca-se a partir da relação entre a área técnica, mercado e captação, desenvolver e captar jogadores com margem de evolução neste cenário. Cabe ressaltar que o perfil é uma diretriz, que não pode ser excludente, devendo ser ajustada ao contexto e necessidades de cada faixa etária.
O processo de desenvolvimento dos atletas precisa ser pensado a partir da filosofia de formação do clube, mas adequado a cada faixa etária e etapa formativa. Entender o processo de formação com um processo longitudinal e multifatorial é fundamental, como abordado no texto anterior.
Diante disso, precisam ser construídos processos de avaliação periódicos de forma interdisciplinar, reunindo todos os aspectos internos e externos referentes a formação individual dos atletas. Acredito que a periodicidade ideal, é realizar uma reunião interdisciplinar trimestral para avaliação de cada categoria, porém com ênfase no desenvolvimento individual de cada jogador.
Visualizando este cenário, a partir da construção de todos estes processos norteadores, a transição de categoria passa a ser mais criteriosa e baseada naquilo que o clube busca. Deve-se considerar todos esses fatores, propondo ações que possam orientar a melhor condução da transição entre categorias, conforme citado abaixo:
- Realizar reuniões trimestrais de avaliação dos atletas + Reunião final de temporada reunindo todas as informações da temporada e histórico do atleta.
- Construir o relatório individual do atleta, a partir destas reuniões, reunindo informações de todas as áreas envolvidos (interdisciplinar);
- Relatório de desempenho técnico detalhado (minutagem de treinos e jogos, nº de treinos, jogos e avaliação do desempenho e evolução).
- Relatório de dados físicos detalhado (avaliações físicas, crescimento e maturação) e de saúde (nutrição, fisiologia, área médica e fisioterapia, histórico de lesões e afastamentos).
- Relatório psicossocial detalhado (reunindo todas as informações referentes as rotinas do atleta, histórico e frequência escolar, questões familiares, psicologia e demais temas pertinentes).
A partir de todas essas informações é possível ter um panorama da situação de cada atleta e que podem auxiliar na avaliação final de todos os atletas de cada categoria (plantel) e que envolvem, pontos de atenção referentes a área técnica, mercado, captação e gerência. Neste sentido, existem alguns outros pontos de análise referentes a transição do atleta:
- Índice de evolução do atleta durante a temporada em todos os aspectos.
- Perfil do Atleta = Perfil desejado pelo Clube.
- Margem de evolução do atleta (aspectos técnicos, táticos, físicos e psicossociais) + Parecer da comissão técnica atual/futura.
- Nº de atletas no Plantel e na Posição do Atleta (considerar o número de atletas destinado para cada categoria).
- Possibilidade da chegada de novos atletas (panorama do mercado de base – captação/mercado).
- Acompanhamento e adaptação do atleta na categoria subsequente.
Por fim, acredito que é preciso ser feita uma reunião entre as coordenações de área e a gerência de base do clube para definição e consenso sobre as decisões a serem tomadas e que envolvem o futuro de cada atleta no clube ou a saída. Ressalto que essas decisões sempre devem ser tomadas em conjunto, considerando todas as áreas envolvidas, primando pela decisão mais coerente com os objetivos do clube e reduzindo a margem de erro.
Vale lembrar que estas decisões envolvem o sonho de cada atleta, família e agente envolvido, portanto sendo de maior complexidade. Muitos atletas vão avançando neste processo formativo, outros tantos buscarão outros rumos que possam ofertar as devidas condições e contextos favoráveis para o seu desenvolvimento. Nem sempre, o clube e a condição que o atleta se encontra é o melhor contexto para a sua formação, sendo necessária uma virada de chave e cenário.
Acredito que foi possível tocar em vários pontos de atenção referentes ao processo de transição dos atletas entre categorias, durante o processo formativo. Ressalto que não foi abordado o processo de transição base-profissional por ser um processo específico e que envolve uma abordagem mais complexa e detalhada, que poderá ser tema de um próximo texto.
Texto de Marcelo Freitas Prestes
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