Foto: Rodrigo Coca / Agência Corinthians
O processo de transição entre a categoria de base e a equipe profissional é uma etapa crucial nas vidas e nas carreiras dos jovens atletas. Naturalmente, um momento tão importante carrega consigo uma série de desafios que, dependendo do cenário, podem acabar definindo a carreira de um atleta.
Um dos principais desafios que os jovens atletas recém-chegados ao profissional precisam lidar, é a falta de paciência da torcida e a pressão pelo rendimento imediato. Evidentemente, é impossível generalizar todos os times e torcidas do Brasil, mas creio que seja seguro afirmar que uma grande parte dos torcedores fazem parte dessa equação.
Dentre os motivos que levam à essa impaciência e imediatismo, está o fato de que muitos torcedores enxergam a categoria de base como a salvação para o seu clube, despejando nesses jovens atletas a responsabilidade de resolver os eventuais problemas que o time esteja apresentando.
Isso ocorre, também, pela narrativa construída, em alguns casos, ao redor do atleta, ainda durante a categoria de base. Projetam nesses jovens a imagem do futuro grande craque do clube, do futuro jogador da seleção, da futura grande venda… esquecendo que se trata de um jovem ainda em formação, não apenas profissional, mas também social.
Em paralelo a isso, é impossível não levar o contexto de cada situação em consideração. Muitas as vezes, trata-se de um atleta de grande qualidade e de enorme potencial, mas que está inserido em um contexto desfavorável. Ele pode não ser potencializado pelo modelo de jogo do treinador, pode ser escalado em uma posição ou exercer uma função que não aproveite o melhor de suas características, etc. Por isso é normal que alguns atletas demoram a render o esperado, até achar um contexto favorável.
Foto: Reprodução/Metrópoles
Além do contexto de jogo, é preciso levar em consideração o extracampo. As vezes a oportunidade surge em um momento desfavorável na vida de um jovem atleta. A perca de um ente querido, problemas no ambiente familiar, esgotamento mental, entre várias outras situações que estão sujeitas a acontecer na vida de cada um, e que podem ter um grande impacto no rendimento esportivo de um atleta.
Portanto, é primordial que passemos a estabelecer uma cultura de maior paciência em relação aos atletas mais jovens, que estão iniciando suas carreiras profissionais. Nem todos irão impactar de maneira imediata dentro de campo, pelo contrário, são exceções que comprovam a regra. É preciso entender que o tempo de adaptação e maturação é uma singularidade de cada um, e que as oscilações ao longo desse processo não são apenas naturais, mas também são necessárias para que esses jovens alcancem todo o seu potencial.
Texto de Agildo Medeiros Neto
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