tempo de jogo do flamengo
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O futebol entre espaço e tempo

Uma das coisas que mais me encanta no futebol é a sua multidisciplinaridade. Chega a ser engraçado que um jogo tão simples — somente 22 homens correndo atrás de uma bola na esperança de guardá-la num retângulo que mede 7,32 x 2,44m — possa ser relacionado com questões tão complexas e que muitas vezes nos dispersam a atenção.

Afinal, quem nunca se pegou nas nuvens futeboleiras no meio de uma aula de física. O time nessa situação e você aí estudando? Pois bem, por mais difícil que possa parecer, aquela aula de física que você estava acompanhando com tão pouco afinco interage com o futebol.

O cálculo que o jogador precisa fazer da força aplicada ao objeto esférico que circula o campo, as trajetórias que ela faz para conseguir ter o seu controle e principalmente, a ideia de velocidade.

O jogo de futebol sempre foi pautado nessa ideia. O equilíbrio na relação entre espaço e tempo é o pote de ouro no fim do arco-íris que todo treinador busca com o seu modelo. Quanto mais tempo ou espaço uma equipe tem, maior a probabilidade de realizar ações eficientes, que resultem em jogadas perigosas, culminando no gol.

É claro que não é só isso, existe uma gama de outras variáveis que possibilitam ou não um time ser vencedor, justamente consequência da multidisciplinaridade mencionada. O futebol é um universo e a sua complexidade está no fato de sempre buscar o retorno à sua essência simples e direta. Quem botar a bola no barbante mais vezes, vence.

Mas retornando à física, uma outra coisa que se aprende durante toda a sua trajetória acadêmica é que quase tudo pode ser relativo, ponto que deveria ser convergente com o mundo da bola. Porém o que observamos são conceitos levados ao pé da letra e que se transformam maiores que os objetivos iniciais do jogo. No cenário atual, há quase que um fetiche pela intensidade, pelo jogo acelerado.

A relatividade trabalha e a heterodoxia ascende. O Flamengo de Dorival Júnior é um caso a se estudar. É um time de outros tempos. Com outro tempo. Não precisa e não quer a aceleração, é quase impossível vencê-los quando conseguem impor o ritmo que apreciam. Não por ser rápido a ponto do adversário não acompanhar, mas por ser lento ao ponto de não entenderem.

Consegue, como poucos, temporizar as ações de forma equilibrada com os espaços que ocupa. Tem organização nos seus movimentos, mas sabe e se aproveita do caos. Não é o leão que ataca a presa com toda a sua força. É um time sedutor, que te atrai, te encanta, te conduz para uma dança que você não está acostumado, gira, trabalha, impõe. Te venceu.

Ao contrário de alguns antecessores, Dorival entende o que tem na mão, mas além disso, entende o que se passa na cabeça individual e coletiva do seu grupo de jogadores. Sabe a cultura que os acomete, o que diverte eles em campo e os conforta. Como diria o poeta Nelson Rufino, “o tempo tem lugar e hora marcada”. É o tempo deste Flamengo. É o tempo de Dorival. Brasil, 2022.

Texto de Pedro Heitor, do Los Futebólicos.

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