Alguns meses atrás, o fenômeno Casimiro Miguel disse que enquanto produzia conteúdos somente na TNT Sports, prioritariamente nas redes sociais, suas idas à São Januário para torcer pelo Vasco da Gama eram repletas de pedidos de fotos por parte dos torcedores mais jovens. Quando passou a trabalhar no SBT, emissora aberta, as pessoas mais velhas, como os vendedores que trabalhavam no local e os pais das crianças, também passaram a reconhecê-lo. Dois públicos diferentes no mesmo lugar. Ah, sabe onde ele disse isso? Na Twitch, onde ele também trabalha.
A ocasião era uma entrevista de Casimiro para André Henning. Ambos são profissionais da TNT Sports, mas produzem conteúdos em seus canais da Twitch diariamente, como a própria entrevista exclusiva citada. Não vamos focar na figura genial de Casimiro, mas sim no que o seu exemplo prático nos traz. Ele evidencia como um público interessado num mesmo assunto não necessariamente se alimenta de conteúdos pelos mesmos veículos de informação. E é justamente por isso que um profissional de mídia precisa saber atuar de diferentes maneiras em diferentes plataformas.
Veja que oceano de oportunidades: há quem tenha tempo e dinheiro para acompanhar programas esportivos nas TVs fechadas com debates e análises mais longas sobre cada assunto. Há quem não tenha acesso aos canais fechados, mas esteja sempre nas redes sociais para buscar informações sobre seu time, tendo muitos que preferem vídeos curtos e objetivos de um minuto, enquanto outros que assistem as populares e gratuitas lives de longa duração. Há também o público com remoto acesso à internet, tendo os programas esportivos da televisão aberta como principal fonte de informação. Há quem escute rádio nos trajetos de ida e volta para casa em seus carros ou no transporte público, assim como há quem deixe o rádio como companheiro diário enquanto executa uma função. Há quem compre jornais impressos e também há quem leia apenas sites gratuitos. Há muitos públicos diferentes espalhados por aí… Como atingir todos eles?
Leia também em nosso site:
Os clubes mais inovadores do mundo, por Rodrigo Romano.
Preparados para verdade?, por Los Futebólicos.
O assessor de imprensa e as armadilhas da função, por JP Fontoura.
Mais do que procurar atingir todos esses públicos diferentes em busca de informações sobre um mesmo assunto, é preciso compreender a plataforma onde esse público está para saber como impactá-lo de maneira assertiva. Não basta o profissional estar em todas as plataformas para se considerar multifacetado. Ele precisa compreender como cada uma delas funciona para conseguir se tornar fonte de conteúdo por lá, caso contrário apenas lá estará falando sozinho. Se não entender com que público você fala e qual a linguagem daquela plataforma, estará apenas gastando tempo em vez de verdadeiramente investi-lo.
Por qual motivo o Instagram se utiliza de vídeos curtos para entreter seus usuários? Quais fotos impactam mais o público? E o Tik Tok? De que maneira é possível produzir um conteúdo de 15 segundos sobre o meu assunto? Uma matéria produzida para a televisão pode funcionar em alguma plataforma de rede social? Adaptá-la é o melhor caminho? Consigo escrever uma reportagem para uma coluna de vários parágrafos sobre um jogo, assim como comentar o que aconteceu de mais importante em um tweet?
Compreender a linguagem de cada plataforma é parte fundamental da evolução de um profissional cuja intenção é tornar-se multifacetado. Errar também faz parte desse aprimoramento. Fato é que cada vez mais uma mesma informação é divulgada em diferentes formatos e se um profissional quer fazer com que seu trabalho chame a atenção de diferentes faixas etárias e classes sociais interessadas num mesmo assunto, é fundamental estudar e planejar cada plataforma. Caso contrário, não será um profissional multifacetado. Será apenas alguém com muitas coisas para fazer e pouco resultado a colher.
Texto de Rodrigo Fragoso.
