É normal ouvirmos em diversos canais e plataformas de jornalistas e entusiastas do futebol que não temos mais aquele camisa 10 extremamente técnico e “pifador”, capaz de colocar os atacantes a um toque de marcar.
Refleti a respeito disso com as minhas últimas análises concluídas e cheguei a conclusão que isso é culpa do futebol europeu, e posso explicar.
Nosso futebol é por muitas vezes influenciado pelos êxitos das grandes equipes do velho continente, e recentemente, essas equipes tiveram sucessos com um trio de ataque bem rápido e habilidoso, como os mais populares MSN (Messi, Suares e Neymar) e BBC (Bale, Benzema e Cristiano Ronaldo) formados pelos 2 grandes times da Espanha, seguidos por um Liverpool, que contava com o seu trio MSF (Mané, Salah e Firmino), e com essa influência, os técnicos do futebol brasileiro começaram a forçar que os seus times jogassem da mesma forma, muitas vezes sem ter os jogadores certos para essas funções, e ai que começa o problema do fim do camisa 10.
Os jogadores das categorias de bases que eram rápidos e habilidosos viraram automaticamente pontas, sendo que muitos desses jogadores em sua base toda eram usados como esse jogador cerebral que vinha por dentro e tinham ótimo passe, os destros viraram pontas pelo lado esquerdo, e os canhotos viraram pontas direitos para cortar pra dentro e bater no gol. Com isso, esses mesmos jogadores foram caindo de produção e não evoluindo na posição em que mais temos deficiência no futebol mundial, vou pegar somente um clube da serie A para usar como exemplo:
Camisa 10 na base
O Corinthians fez exatamente isso com jogadores promissores que deixaram a desejar em suas continuidades, são alguns deles: Pedrinho que era um típico camisa 10 em toda base e tendo como principal característica a criação de jogadas e assistências. Ao chegar no profissional, virou ponta com a obrigação de acompanhar o lateral adversário e recompor, tanto que essa não era sua principal característica, e mesmo assim era sempre criticado por não ter condições físicas de terminar os 90 minutos além de não render da mesma forma que se esperava.
O atleta que era visto por muitos como uma promessa para grandes times do futebol acabou indo parar no Benfica, onde não desempenhou como esperado e acabou sendo vendido por baixo valor ao Shakhtar Donetsk, onde não foi muito aproveitado e retornou ao futebol brasileiro para jogar no Atlético Mineiro e ter mais minutos, coisa que não aconteceu e o jogador não foi titular na maior parte das partidas.
Temos outro exemplo, o Adson que tinha as mesmas características e funções de Pedrinho e também foi deslocado para o lado, após alternar em boas e péssimas atuações no time paulista foi vendido ao modesto Nantes, da França, onde após não ser aproveitado, retornou ao futebol brasileiro para jogar pelo Vasco, onde também não tem tido o destaque que seu tempo de base vislumbrava.
Mateus Vital é outro que chegou muito jovem ao Corinthians, vindo de boas atuações pelo Vasco, sendo um jogador de criação que agia pelo meio do campo e também virou ponta automaticamente e não evoluiu como esperado, até ser liberado de graça para o Cruzeiro, onde também não tem tido boas atuações e vem perdendo espaço após chegada de reforços.
Eu poderia ficar por horas escrevendo e dando exemplos de jogadores que eram 10 em sua base e foram deslocados para os lados do campo, como o Helinho do São Paulo por exemplo que hoje está no Bragantino.
Enfim eu pergunto a vocês, não temos mais esses camisas 10 clássicos ou temos e estamos limitando e espremendo eles juntos a linha lateral do campo com a esperanças de eles virarem o novo Messi ou novo Neymar?
Os setores de Scout dos clubes não tem essa visão e não conseguem passar para as equipes técnicas os históricos desses jogadores antes de virarem profissionais? Ou pior ainda, a opinião e dados trazidos por esses profissionais de análise são negligenciados pelos treinadores que acham que entendem mais do esporte? Ou por presidentes e diretores que veem o ponta sendo vendido mais e com maior valor do que esse camisa 10? Deixo a vocês minha reflexão e pedido de socorro para que as equipes técnicas dos clubes montem táticas de acordo com o seu elenco e não monte jogadores de acordo com a sua tática.
Texto de Léo Lopes
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