torcedor no estádio de futbeol
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Lições para 2021: Relacionamento com o torcedor

O ano de 2020 ficou marcado por uma mudança significativa no relacionamento entre os clubes do futebol brasileiro e seus torcedores. Isso aconteceu a partir do mês de março, quando os estádios foram fechados com a chegada da pandemia. Foi preciso engajar os fãs sem ter o principal produto para oferecer, a ida aos jogos. Pensar em estratégias além dos 90 minutos para conversar com seus torcedores é mais uma das lições que devem ser executadas em 2021, mesmo que os estádios voltem a receber público por aqui.

Este é o terceiro e último texto de uma trilogia que trouxe algumas lições que o futebol brasileiro viu em 2020 e devem ser aplicadas neste ano para melhorar o ambiente do esporte como um todo por aqui. Se você não leu os anteriores, pode conferir o que abordamos sobre orçamentos do futebol e a transformação social a partir do esporte.

Estádios vazios, e agora?

Para falar do relacionamento entre clubes e torcedores, podemos dividir a pandemia em dois momentos. No primeiro, de março até julho, foi caracterizado pela ausência de partidas. Os clubes foram muito bem na dura missão de engajar e até mesmo monetizar seu relacionamento com os fãs. Nas redes sociais, o princípio de gamification foi bastante utilizado, com conteúdos em formato de jogos, que facilitaram a interação. Os números de seguidores e de engajamento subiram muito, alcançando um patamar inédito nas redes sociais.

Outro destaque ficou por conta dos ingressos virtuais. Esta iniciativa surgiu para complementar as transmissões de partidas históricas de cada clube, uma alternativa proposta pela televisão para suprir a falta de futebol, principalmente nas tardes de domingo. A venda dessas entradas simbólicas ajudou clubes como Botafogo, Santos, Vasco e Fortaleza a manterem em dia o salário de seus funcionários, evitando demissões em tempos de pandemia. 

No segundo momento, que iniciou com a retomada das partidas e dura até hoje, presenciamos os jogos sem torcida. Com o retorno dos eventos, as instituições parecem ter esquecido do trabalho realizado nos meses anteriores. Voltou-se a produzir conteúdo somente ligado aos jogos, seja a própria cobertura das partidas ou seus bastidores, que basicamente mostram o que acontece nos vestiários antes da bola rolar.

O que os clubes brasileiros parecem não ter percebido é que existe uma infinidade de histórias para serem contadas no dia a dia do esporte, além de outros formatos que o torcedor inclusive prefere em relação aos nem sempre atrativos 90 minutos de uma partida. 

O exemplo que fez muito sucesso recentemente são as séries que trazem bastidores dos clubes, atletas e comissão técnica. Grandes profissionais como Pep Guardiola e José Mourinho aceitaram abrir seus vestiários e escritórios para receber equipes de filmagem e o resultado foram as séries ‘All or Nothing’ Manchester City e Tottenham, respectivamente, disponíveis no Amazon Prime Video. O Barcelona foi mais um dos grandes clubes a mostrar detalhes que atraem ainda mais os torcedores na produção chamada ‘Match Day’.

Mas o maior sucesso parece ter sido ‘Sunderland Até Morrer’, que assim como o conteúdo do clube catalão, está na Netflix. A produção do clube inglês vai na contramão de tudo, mostrando que as derrotas da instituição também podem servir como forma de entreter seus torcedores e não devem ser totalmente rejeitadas. 

E os torcedores do futuro?

Para o futuro, este ambiente digital precisa ser ainda mais valorizado na construção do relacionamento com os torcedores. O motivo para isso é simples: as próximas gerações precisam consumir cada vez mais conteúdos além do tempo de jogo para permanecerem conectadas com seus clubes. Os clubes devem apostar em formatos diferentes, como melhores momentos, jogos da categoria de base para atrair seus fãs.

Além disso, entender que os torcedores não serão apenas consumidores do conteúdo. Daqui para frente, serão também produtores, utilizando suas próprias redes sociais para interagir com seus amigos a partir de conteúdos do clube. Para concluir, é preciso que as entidades esportivas entendam todos esses comportamentos, pois somente assim conseguirão preparar as ações necessárias para construir um bom relacionamento com o torcedor.

Texto de Equipe FootHub.

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