mulheres jogando futebol
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Lições para 2021: Transformação social

Os últimos anos têm mostrado um crescimento quanto à intolerância das pessoas da sociedade. Crimes de ódio são comuns e 2020 ficou marcado por alguns destes atos, como o assassinato de George Floyd, nos Estados Unidos, no final do mês de maio. Assim como nos mostrou o pior, o último ano também nos deu esperança. Em 2020 atitudes evidenciaram que o esporte tem papel fundamental na transformação social para que todos nós tenhamos um futuro melhor.

Este é o segundo texto de uma trilogia que irá trazer algumas lições que o futebol brasileiro viu em 2020 e que devem ser aplicadas neste ano para melhorar o ambiente do esporte como um todo no país . No primeiro texto o tema foram os orçamentos dos clubes brasileiros. O próximo e último texto sai na sexta-feira, 8 de janeiro.

O futebol sempre teve seu caráter transformador. No livro ‘A dança dos deuses: futebol, sociedade e cultura’, o autor Hilário Franco Júnior traz o seguinte trecho que expressa bem este pensamento:

“Ele, contudo, não se diferencia do cinema, do teatro, da literatura e das artes em geral. Assim como essas formas culturais, o futebol expressa, repensa e reconstrói idealmente a sociedade, ainda que à sua maneira em outro registro, com instrumentos próprios. Por canalizar com eficácia as esperanças e frustrações da sociedade, ele desperta emoção tão envolvente e adesão tão intensa que claramente se destaca de qualquer manifestação contemporânea.” 

Um dos exemplos mais antigos de combate a preconceitos vem do Rio de Janeiro. Falamos aqui do movimento protagonizado pelo Vasco da Gama que ficou conhecido como Resposta Histórica. Em 1924 a Associação Metropolitana de Esportes Athleticos (AMEA) exigiu que o Vasco excluísse de seu elenco 12 atletas que não apresentariam “condições sociais apropriadas para o convívio esportivo”. A partir disso, o cruzmaltino preferiu abandonar a associação, enviando uma carta-manifesto ao órgão explicando o porquê de negros e pobres permanecerem em seu elenco. No ano seguinte, o Vasco da Gama foi novamente admitido na AMEA, sem que seus jogadores fossem escolhidos. 

Com a transformação do esporte em indústria, a ligação entre questões sociais e o futebol parece ter sido deixada de lado. A transformação dos estádios brasileiros para a Copa do Mundo ilustra esse sentimento. As chamadas “Arenas” são mais modernas, mas também mais elitistas. A mudança no perfil do torcedor já estava em curso com o fechamento das áreas mais populares como a tradicional Geral do Maracanã, e as reformas da última década fecharam este ciclo.

Ano de transformação

Em 2020, esse papel transformador do esporte voltou com força. Felizmente, podemos considerar esse comportamento como tendência para os próximos anos. Aqui temos dois exemplos para ilustrar tal pensamento.

A mulher no esporte

O primeiro é em relação ao empoderamento das mulheres. O futebol feminino costumava ser uma modalidade completamente desvalorizada no cenário esportivo brasileiro. Foi apenas em 2019, com a Copa do Mundo feminina, que as coisas começaram a mudar. O torneio teve grandes audiências e mostrou que o futebol feminino tem seu espaço. Com a chegada da pandemia, várias dúvidas surgiram na cabeça de profissionais da modalidade e torcedores, já que a crise financeira poderia ser cruel. No entanto, quando o Campeonato Brasileiro foi retomado em julho, uma notícia positiva: o Guaraná Antartica iria patrocinar a competição. A marca de refrigerantes ainda realizou campanha para atrair outros patrocinadores ao torneio, estampando marcas de outras 10 empresas em suas latas.

Além do futebol feminino em si, a mulher esteve mais presente no ambiente do futebol. A Rede Globo contratou algumas profissionais para sua equipe de jornalismo, incluindo Renata Silveira, a primeira narradora da emissora. Já para 2021, teremos a árbitra Edina Alves Batista como representante brasileira no Mundial de Clubes da FIFA, disputado no próximo mês de fevereiro.

Combate ao racismo

O outro exemplo envolve a questão do racismo. O tema foi muito falado no mundo inteiro, principalmente através da campanha Black Lives Matter, que ganhou força após o assassinato de George Floyd. Diversos jogadores de modalidades diferentes se manifestaram a favor da campanha, atitude que deve servir como uma espécie de aula para as gerações mais jovens que têm estes atletas como grandes ídolos.  

Dentro do futebol, a melhor resposta para este ou qualquer outro tipo de preconceito veio em dezembro, na partida entre PSG e Istanbul Basaksehir pela fase de grupos da Champions League. Na ocasião, o quarto árbitro insultou Pierre Webo, membro da comissão técnica do Basaksehir. A reação das equipes foi abandonar o campo, retomando a partida apenas no dia seguinte. Rigidez necessária para combater algo tão significativo.

A conclusão deste texto é, além de tudo, um desejo. O futebol, assim como outros esportes, tem a capacidade de auxiliar na mudança que a sociedade precisa, acabando com todos estes preconceitos relatados aqui. Para isso, os profissionais que atuam na indústria precisam entender seu papel, construindo um mundo mais justo principalmente através de ações.

Texto de Equipe FootHub.

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