Para que o atleta possa alcançar o alto rendimento e, ao mesmo tempo, tenha seu valor protegido, ele precisa ser percebido como pessoa e como uma Startup.
O enfoque no lado “empresa” do atleta não é novidade. Não é nossa ideia subestimar o entendimento do leitor sobre a realidade do mercado esportivo. Sabemos, também, que grande parte dos atletas já possui, de uma forma ou outra, uma organização jurídica em sua volta, que permita uma a exploração adequada de seus ativos.
Contudo, com o potencial de alcance, impacto e oportunidades que se colocam nas suas mesas, é fácil visualizar que quanto maior o potencial de exposição dos atletas, mais precisarão de empresas aptas a gerir não apenas os seus contratos, mas a organização de suas vidas nos campos financeiro, patrimonial e na exploração e rentabilização de ativos, especialmente, os intangíveis – como a sua imagem.
É possível importar a definição de Eric Ries, de que a startup é uma instituição humana projetada para criar um novo produto ou serviço, sob condições de extrema incerteza, para o mundo dos atletas de futebol profissional, já que cada um deles produz um serviço próprio, único, e as incertezas da carreira e de suas vidas pessoais incrementam o seu risco.
Da mesma forma, para Steve Blank, “uma startup é uma organização criada para buscar um modelo de negócios escalável, repetitivo e lucrativo.” O futebol é o esporte mais praticado no mundo e o que gera as maiores receitas; um estudo da Kearney, estima em 20 bilhões de euros, sendo o esporte que mais receita gera. O impacto positivo ou negativo de uma jogada, gol, declaração ou fotografia inapropriada de um atleta de futebol profissional de alto nível é incalculável. Vários são os direitos que exigem proteção e valorização a partir de uma assessoria estratégica permanente voltada a incrementar ganhos e reduzir riscos.
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Nesse cenário, é interessante traçar um paralelo entre os atletas e as startups, pois ambos operam em cenário de extrema incerteza, com probabilidades jogando contra eles, em jornada de alta intensidade e velocidade, mas com potencial ganho absurdo.
Quando falamos de estruturação jurídica de empresas de crescimento acelerado, estamos falando sobre endereçar os problemas atuais, mitigar os futuros e preparar o negócio para que possa atingir seu potencial.
A mesma lógica pode ser aplicada aos atletas. Para que eles possam dar o máximo no jogo, é recomendável que estejam com sua estrutura organizada. Evitar problemas previsíveis, resolver adequadamente os atuais e preparar a base para o crescimento, é uma necessidade evidente para os atletas.
Se o foco do empreendedor deve sempre ser o negócio e não as áreas de back office, apesar de sua importância, o mesmo vale para os atletas. Se ele ou seu agente tiverem de gastar tempo e energia endereçando problemas, além de perder o foco da atividade fim – o desempenho dentro de campo e a busca de incremento de ganhos fora dele – não os resolverão da melhor forma. Haverá apenas perdas.
Assim como o apoio de áreas estratégicas é essencial ao empreendedor, o atleta precisa de uma retaguarda apta a prover seu melhor desenvolvimento e aproveitar as oportunidades que a ele se apresentem. Dessa forma, entendemos que se faz mais do que necessária uma visão ampla das ameaças e oportunidades jurídicas do cotidiano do atleta de futebol profissional, compreendendo-o como uma Startup apta a produzir efeitos em grande escala, em repetição e lucrativos, mas sempre atrelada a um modelo mental de compreensão paralela que enxergue as riquezas e peculiaridades das características subjetivas e históricas de vida de cada atleta.
