players com novos comportamentos no futebol
players com novos comportamentos no futebol

Os players são outros graças às plataformas

A tecnologia e a economia das plataformas transformaram o jogo; mas sem um preparo jurídico, os players não conseguirão aproveitar todas as oportunidades.

O mote do momento, muito explorado pelo Marcos Motta, uma das grandes referências do mercado desportivo e do entretenimento, é: “The Players are the new Players”, ou seja, os jogadores são os novos protagonistas do jogo. Beleza, parece óbvio, mas o que isso realmente significa?

Por muito tempo, o protagonismo do espetáculo estava centrado nos clubes. O jogo era o ponto de encontro dos atletas e praticamente o único momento de grande importância dos atletas. O jogo, quase que se bastava, pois dali vinham os recursos do Clube; associação, acesso ao museu, compra de ingressos, vendas das lojas e outras receitas diretamente relacionadas ao espetáculo. A mídia tradicional explorava o jogo nos telejornais e nas publicações, com a narrativa do jogo e as informações objetivas sobre as escalações, o número de cartões amarelos, vermelhos, as substituições e o momento dos gols, ponto alto explorado pela mídia.

E, mesmo em tempos de Nova Economia, a grande maioria dos Clubes, quando pensam no mundo digital, restringem sua atuação a replicar o offline na internet.

Ainda é tímida a exploração de todo potencial dos ativos dos Clubes, e dos Atletas. Só que, com a internet, esse potencial explodiu. Antes se falava de exploração territorial, viabilizando que times alcançassem novos torcedores e fãs mundo a fora, mas também, sempre relacionado apenas ao jogo e à transmissão tradicional. Óbvio, certamente, você fã do esporte ou acostumado aos novos formatos, vai nos falar sobre novos contratos de transmissão, televisionamento próprio dos clubes, etc. Sim, é verdade, mas esses movimentos são as exceções que confirmam o que falamos antes.

Ok, e onde entra a história dos atletas como protagonistas?

O grande ponto é que, além dos clubes e entidades ainda não estarem explorando o mundo digital, com total clareza, foco e objetivos, para além das métricas de vaidade das redes, números de seguidores, interações, curtidas e compartilhamentos, no seu core, os atletas, com a explosão das redes, passaram a dividir com os clubes a atenção dos torcedores.

O atletas do clube já eram uma celebridade, mas seu ponto máximo de protagonismo era no campo ou, no máximo, em alguma campanha de televisão: “Viva com saúde, tome Vitasay!”. E algumas outras ações de marketing do clube e aparições em seleções nacionais, mas sempre do mundo offline.

Agora pense na vida dos atletas de hoje. As redes sociais viabilizaram um oceano de oportunidades para os atletas ditarem os rumos, não só de suas vidas no desporto, mas suas vidas pessoais, patrocínios, parcerias e muito mais. O atleta, nesse cenário, deixa de ser um sujeito passivo de exposição de produtos, para se tornar um ativo na promoção, divulgação e criação de produtos e de conteúdo.

Na verdade, hoje, os atletas de sucesso já ostentam números e potencial que superam tanto suas receitas, quanto as oportunidades que o clube lhe oferece.


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Para ficar, apenas com os maiores, Cristiano Ronaldo, Messi e Neymar acumulam, só no Instagram, mais de 1 bilhão de seguidores. Outro exemplo, aqui do Brasil, é o jogador Rony, atacante do Palmeiras, que possui no Instagram 1 milhão de seguidores, enquanto o seu clube, um dos gigantes da primeira divisão do futebol brasileiro, atual bi-campeão da Libertadores, possui 4 milhões.

O Grêmio possui 2.2 milhões e Lucas Leiva, recente contratação, que retorna ao clube, 1 milhão. E, no Internacional, o recentemente aposentado ídolo D’Alessandro possui 1 milhão de seguidores e o seu último time, 1,4 milhões. E só estamos falando de Instagram.

O que, enfim, significa isso e como os atletas e clubes podem melhor se estrutur para entender e aproveitar ao máximo esse novo momento?

Bom, a grande questão é que, hoje, está muito claro que o clube é, apenas, mais uma plataforma de exploração de ativos, com suas bases de fãs apaixonados, mas também de exploração de seus atletas. O ponto, porém, é que os atletas também podem e devem explorar seus ativos, independentemente dos clubes, em outras plataformas e a escalabilidade dessa exploração supera os limites de fãs dos times.

É possível, inclusive, que sua maior fonte de renda seja fora da plataforma do clube.

A Nova Economia hoje permite que os clubes e atletas explorem uma multiplicidade de canais, mas, para isso, é essencial que os direitos e obrigações de cada um, assim como de patrocinadores e investidores, estejam muito claros.

E, sem dúvida alguma, um planejamento jurídico sobre as formas de exploração dos ativos, entre as plataformas e suas conexões, é essencial. Um conjunto de contratos bem elaborados, certamente, se faz necessário para que, tanto atletas quanto clubes, consigam bem aproveitar as oportunidades do novo mundo.

A Economia das Plataformas chegou ao Esporte e quem se adaptar, construindo seu arcabouço de contratos e estruturas jurídicas adequados, irá melhor performar.

O mundo dos esportes não se resume mais à plataforma do clube e nem a carreira do atleta ao seu vínculo trabalhista atual. A dualidade de contratos, trabalhista e de imagem, não mais compreende toda a gama de oportunidades que existem, tanto para clubes quanto para atletas, embora sejam estes os mais beneficiados.

A longevidade de suas carreiras nunca foi tão viável, não só fisicamente, como se vê, mas em sua exploração comercial. Uma carreira bem gerida é garantia de um futuro próspero e um clube que está atento ao novo mundo e bem explora seus ativos e oportunidade é, certamente, uma plataforma imune às mudanças.

Texto de Gustavo Sudbrack e Felipe Oliveira.

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