O futebol praticado atualmente ainda é remanescente do passado ou perderam as suas características? Ainda existem craques na nossa atualidade?
O desenvolvimento dos nossos atletas é um pilar fundamental quando refletimos sobre evolução e projeção futura do jogador de futebol profissional. Questionamos como podemos tirar o melhor de cada atleta e fazê-lo competir em alto nível. A resposta é bem ampla e muito complexa diante dos cenários que se encontram na formação de um jovem. A individualidade de cada pessoa é uma questão muito importante a ser estudada, pois a partir disso conseguimos entender pensamentos, posicionamentos, e questões individuais conseguindo então tirar o melhor, e torná-lo competitivo.
Temos ao longo dos anos a nossa essência no futebol que sempre foram os dribles, a criatividade, e a ousadia. Criando jogadores talentosos, e jovens promissores ao futebol mundial. O futsal por sua vez foi um dos esportes que conseguiu potencializar atletas a evoluírem no raciocínio lógico em curto espaço, e a velocidade do jogo potencializando a individualidade e a criatividade do indivíduo.
Por muitas das vezes comparamos o nosso futebol atual com o futebol que era praticado antigamente, mas esquecemos que os atletas de antigamente também faziam comparações com o esporte que era praticado desde o início e que eles aprenderam a competir. Um exemplo disso foram as entrevistas de atletas importantes, como: o nosso Rei Pelé, Garrincha e Edmundo.
Pelé em uma entrevista nos anos 60 disse a seguinte frase “O futebol era mais futebol clássico, mais para público, era mais um espetáculo. Hoje se preocupa mais em vencer e não tomar gol, ficou mais feio.”
Garrincha por sua vez, na década de 80, quando perguntado o que era mais atraente, o futebol de antigamente ou o futebol que praticava na época em que jogava. Com convicção respondeu “Futebol antigo, uma maneira de jogar que hoje já joga de uma maneira diferente ‘a beça’. Eu acho que o futebol antigo era um futebol mais rápido e mais ofensivo”
Seguindo na mesma linha de raciocínio, Edmundo nos anos 90 respondeu com veemência quando perguntado do assunto dizendo que o futebol era para todos, e só jogava quem realmente sabia jogar futebol, quem tinha condições para isso, e completou dizendo que o futebol virou para todos – confirmando a sua opinião que atualmente os atletas eram tecnicamente abaixo. E o que realmente mudou das épocas anteriores às atuais, o futebol realmente ficou chato? Há menos qualidade do que antigamente? Não existem mais craques?
Craques na história
A verdade é que o Brasil é um celeiro de craques competitivos, mas por muitas das vezes ficamos engessados a gerações passadas pois cada década existe referências que vieram para protagonizar e marcar uma era.
Década 10 e 20 – Friedenreich apelidado como “El Tigre” atacante de dribles curtos e rápidos, criativo e habilidoso. Como suas principais características sendo o chute preciso com ambos os pés.
Década de 30 – Leônidas da Silva conhecido como o pai da bicicleta protagonizando um dos lances mais bonitos do futebol. Como era conhecido o “Diamante Negro” na época, jogou as copas de 1934 e 1938 (sendo o melhor do torneio).
Década de 40 – Zizinho, surgindo o primeiro meio campo de criação da seleção brasileira. Com Domingues da Guia e Leônidas da Silva foi um dos destaques na época chegando como esperança em 1950 na seleção canarinha.
Década de 50 – Garrincha denominado como a alegria do povo ou também conhecido como “Mané” Garrincha fazendo história ao lado de Didi e Pelé. Ajudou a seleção Brasileira em 1958 e 1962 e 1966. Era um ponta direita ousado caracterizado pelos seus dribles abusados na época, um exemplo era o drible para a direita, o arranque e o cruzamento para área.
Década de 60 – O incomparável Rei Pelé, não poderia deixar de citar o melhor jogador de todos os tempos. Encantou diversos jogadores e admiradores do seu futebol. Fez a sua estreia em 1957 tendo apenas 17 anos incompletos contra a nossa maior rival, Argentina. Participou de 115 jogos com a camisa da seleção marcando 103 gols, sendo 92 oficiais. Foi campeão em 1958, 1962 e 1970. Uma lenda do futebol que até os dias atuais é lembrado e citado como melhor jogador de todos os tempos.
Década de 70 – Rivelino era conhecido pela qualidade da sua perna esquerda, conhecido como a “Patada Atômica”. Herdando a camisa 10 da seleção que anteriormente Pelé usava fazendo história atuando nas copas de 1974 e 1978.
Década de 80 – O “Galinho de Quintino” é denominado um dos craques mais inteligentes da história no Brasil, Zico era um meia direita que está entre os melhores jogadores do futebol mundial, liderando uma das eras mais qualificadas de jogadores na seleção brasileira. Participou de três edições da Copa do Mundo 78, 82 e 86. Infelizmente não levou nenhum título, mas Zico foi um dos craques que será eternamente lembrado pela sua técnica refinada.
Década de 90 – Um dos maiores artilheiros da seleção brasileira, e um dos maiores atacantes da história, Romário era irreverente, ousado e com uma personalidade forte. Apelidado por Johan Cruijff como “gênio da grande área” era um dos grandes admiradores de seu futebol. O baixinho Romário foi o grande nome do Brasil na conquista do Tetracampeonato em 94.
Década de 00 – Seguindo a trajetória do Rei Pelé, Ronaldo fenômeno foi convocado para a seleção com apenas 17 anos. Participando de 4 copas (1994, 1998, 2002, 2006). Sendo campeão de duas, 94 sendo reserva de Romário, 98 sendo vice-campeão e 2002 sendo o principal protagonista. Conhecido como Fenômeno, Ronaldo marcou uma era pela sua arrancada e raciocínio rápido.
Ainda nesta década também não poderíamos deixar de Ronaldinho Gaúcho, também campeão em 2002, sendo um dos maiores dribladores do futebol mundial, era rápido e ousado. Com a bola nos pés era genial tendo bastante contribuição na Copa do Mundo levando o Brasil a ser campeão do torneio, quebrando também todos os recordes individuais de títulos e de números que um profissional pode ganhar.
Década atual – Atualmente é o grande nome da nossa seleção, Neymar Jr. é um dos atletas mais habilidosos e talentosos no futebol atual. Rápido, habilidoso e técnico, contribuiu para o inédito título Olímpico da Seleção Brasileira. É um talento raro de se ver pela sua genialidade, ousadia e contribuição para equipe, sendo decisivo em muitas ocasiões tanto em clubes ou pela seleção.
Nova geração – Sendo o maior protagonista em decisões da Champions League, Vinícius Jr. é uma das promessas brasileiras a ser o melhor do mundo. Decisivo, driblador, implacável e goleador, podem ser um dos adjetivos para defini-lo.
De fato, o sucesso dos jogadores brasileiros no exterior atualmente confirma a tendência de exportação de talentos e a busca de jogadores do Brasil por clubes estrangeiros. Vários craques conquistaram títulos nas principais ligas europeias. A nossa essência é revelar jogadores com grande potencial para o futebol mundial, apesar das comparações temos um futebol competitivo, bons atletas e craques.
Porém fazendo comparações que acabam por ser involuntária, podemos ver outros craques de gerações que eram contestados e que não eram reconhecidos pelo potencial que tinham. Comparações que acabamos não desfrutando com a potência futebolísticas de cada geração.
Aprender com o passado, ou cometer o mesmo erro em comparações? A história continua sendo cíclica e o melhor caminho será sempre desfrutar dos nossos talentos entendendo que cada geração existe suas particularidades, e o que faz o esporte ser tão apaixonante são as contradições e opiniões que estão constantemente sendo alteradas pela realidade mostrar o oposto. Pelé nunca será Zico, e Zico nunca será Pelé.
Podemos relembrar nosso passado, e valorizar nosso presente. Sendo assim, conseguimos então evoluir e entender que somos bons exatamente pelas gerações anteriores sem querer nos adaptarmos ao futebol estrangeiro. Mas sim continuar com nossas próprias ideias e com a qualidade técnica, com habilidade e velocidade comprovando no presente através do passado porque sempre fomos os maiores campões mundiais.
Texto de Carlos Lopes
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