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Crédito: Cesar Greco/Palmeiras/by Canon

O futebol moderno exige muito mais do que talento com a bola nos pés. Para alcançar alto desempenho e minimizar o risco de lesões, os clubes de futebol têm recorrido cada vez mais à tecnologia como aliada fundamental no planejamento e na execução dos treinos.

A ciência do esporte avançou de forma significativa nos últimos anos, e hoje a prescrição de treinos e o monitoramento de carga são baseados em dados objetivos e individualizados. Esse processo, sustentado por tecnologias específicas, contribui para o rendimento do atleta em campo e a longevidade da sua carreira.

Como a tecnologia auxilia na prescrição de treinos

A prescrição de treinos envolve planejar qual estímulo físico o atleta precisa receber para evoluir, sem ultrapassar seus limites fisiológicos. A tecnologia entra como ferramenta para coletar dados precisos sobre a resposta do corpo ao esforço, permitindo que a comissão técnica ajuste cargas de maneira individualizada.

Os dispositivos com GPS e sensores inerciais são, atualmente, os recursos mais usados no futebol profissional. Utilizados pelos atletas durante os treinos e jogos, esses dispositivos medem variáveis, como distância percorrida, número de sprints, acelerações e desacelerações, carga externa total e até a potência gerada.

Esses dados são monitorados em tempo real, o que possibilita à comissão técnica saber se o objetivo do treino está sendo atingido, se corresponde às demandas da posição do jogador e ao seu momento físico. Além do GPS, a frequência cardíaca e a variabilidade da frequência cardíaca são acompanhadas por meio de monitores ou relógios específicos, indicando como o corpo está reagindo ao esforço.

Somando a esses dados, questionários sobre bem-estar e esforço percebido (RPE) respondidos pelos atletas, juntamente com medidas fisiológicas (níveis hormonais, creatina quinase, lactato, entre outros) são utilizados para monitoramento da carga interna.

Todos esses dados coletados são enviados para plataformas de análise integradas, que funcionam como uma central inteligente, onde cada jogador tem um perfil com informações físicas, fisiológicas, médicas e até psicológicas. Essas ferramentas se destacam porque fornecem dados confiáveis, em tempo real, com possibilidade de ajustes instantâneos na rotina de treinos. Assim, as equipes de saúde e desempenho podem cruzar dados de diferentes fontes para entender o desempenho e a evolução de cada atleta.

Nos centros de treinamento, também são realizadas avaliações periódicas com equipamentos como plataformas de força, dinamômetro isocinético e fotocélulas. Estes equipamentos são utilizados para mensurar velocidade em testes de sprints com e sem mudanças de direção, a potência muscular em testes de salto e a força muscular.

Os dados gerados possibilitam identificar assimetrias entre os membros, equilíbrio entre grupos musculares e são fundamentais para a prevenção e reabilitação de lesões. Esses testes são aplicados periodicamente ao longo da temporada, principalmente na pré-temporada, em retornos de lesão e em momentos estratégicos para reavaliação física.

E nos clubes com menos recursos?

Apesar dos avanços tecnológicos, clubes das Séries B, C e D muitas vezes não têm acesso aos equipamentos de ponta utilizados nas grandes equipes. No entanto, há alternativas acessíveis e funcionais, com base na literatura científica e na prática de campo.

Muitos clubes utilizam planilhas inteligentes no Excel ou Google Sheets para monitorar a carga de treino. Uma das estratégias mais comuns é o uso da RPE combinada com o tempo de atividade. Com isso, é possível calcular a carga interna semanal de cada jogador e identificar riscos de fadiga excessiva ou sobrecarga.

Além disso, aplicativos gratuitos como Strava, Polar Beat ou Zepp Coach, combinados com relógios esportivos de entrada ou até smartphones, permitem monitorar distância, tempo e intensidade dos treinos. Apesar de menos precisos que os GPS profissionais, fornecem dados úteis para análise de carga.

Nos testes físicos, recursos manuais como fita métrica e cronômetro são utilizados, além de vídeos feitos com o celular, são alternativas viáveis para acompanhar o desempenho dos atletas ao longo do tempo. Ainda, muitos clubes menores têm parcerias com universidades locais, integrando estagiários em projetos de monitoramento físico com bons resultados e baixo custo. Essas soluções adaptadas demonstram que, mesmo com orçamento limitado, é possível aplicar conceitos da ciência do esporte para melhorar o rendimento físico e a saúde dos jogadores.

O uso da tecnologia no futebol não é mais uma tendência, mas uma realidade consolidada, sustentada por estudos científicos e resultados práticos. O monitoramento preciso da carga de treino, aliado à prescrição personalizada, contribui diretamente para o desempenho e prevenção de lesões.

Embora os clubes com maior poder financeiro tenham acesso a tecnologias de ponta, o monitoramento contínuo, a integração dos dados e a capacidade de individualizar cargas devem ser aplicados em qualquer contexto. Com criatividade, conhecimento e ferramentas acessíveis, clubes menores também podem usufruir da ciência no futebol.

Texto de Gabriela David

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