A relação recuperação versus fadiga e seu impacto no desempenho tem atraído o interesse da ciência no esporte há muitos anos. Recuperação é um termo abrangente e pode ser definido por diferentes modalidades de estratégias terapêuticas. O futebol é um esporte coletivo, portanto considera-se a variabilidade individual das respostas à exposição das cargas da competição e estratégias de recuperação.
A recuperação é considerada como um processo de restauração fisiológico (físico e mental) relativo ao tempo de descanso pós atividade. Caso a recuperação de um indivíduo seja interrompida por novas atividades (fatores externos) ou fatores internos (déficit nutricional, de sono, estresse) tende a desenvolver a fadiga.
A fadiga pode ser definida como a incapacidade de manter uma determinada intensidade ou potência de execução de um exercício, resultante tanto da carga aguda (resposta à uma partida) como residual (recuperação inadequada durante uma sequência de jogos).

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A Copa do Mundo de Seleções do Qatar está acontecendo em um período com a temporada em andamento nas principais ligas nacionais e internacionais de clubes, principalmente europeus, de onde muitas seleções compõem seus elencos. Assim, se o equilíbrio adequado entre a fadiga e recuperação são resultantes de participação de uma única competição, agregamos em 2022 manifestações de fadiga remanescentes que o atleta vivenciara durante a temporada em andamento.
As estratégias de recuperação mais utilizadas nesse contexto de uma competição nesse formato, são: sono, nutrição, recuperação ativa (exercícios de força de baixa intensidade), imersão em água fria e técnicas de manipulação miofascial (ditas liberação miofascial e massagem). A fadiga percebida também pode ser efetivamente gerenciada com técnicas de compressão, como as botas pneumáticas, meias e calças de compressão.
Dentre as melhores e mais novas evidências científicas, as técnicas de manipulação miofascial parecem ser as mais eficazes em controlar a dor muscular tardia. Atrás delas, a imersão em água fria (principalmente quando há curtos intervalos de tempo entre jogos) e o uso de técnicas de compressão também têm impacto significativo, mas com efeito menos pronunciado.
É importante salientar que na rotina dos clubes de futebol, usualmente são utilizadas de 24-72h, 2 a 4 técnicas em sequência de acordo com escolhas do departamento médico, fisiologia e preferências de cada atleta. A grande questão é que a ciência ainda não descobriu se usar sempre o mesmo protocolo para cada atleta pode ser uma boa estratégia (seria muito mais fácil cada atleta ter seu protocolo estipulado para replicar em qualquer equipe) e se combinar diferentes técnicas fenômenos sinérgicos ocorrem de fato.
Texto de Felipe Xavier.
REFERÊNCIAS
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