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Estão se tornando muito comuns as aparições de personagens do mundo da bola, como jogadores na ativa ou aposentados, técnicos e até dirigentes nos chamados “canais alternativos” da mídia brasileira, seja através de Podcasts, de canais no Youtube, na Twitch ou qualquer outra plataforma digital. É claro que, com esse aumento da exposição, as polêmicas também passaram a vir à tona.

Várias dessas personalidades viram nesses canais a oportunidade de contar os seus “causos” antigos, histórias de clube, resenhas entre amigos, algum aspecto interno que muitas vezes foge das lentes e dos microfones habituais. Talvez o maior exemplo disso seja Vampeta, ex-jogador e campeão do mundo em 2002 pela seleção brasileira. O “Velho Vamp” nunca foge de uma polêmica, sempre contando histórias de sua época de Corinthians, suas resenhas com outros jogadores e técnicos. Chegou a criar o seu próprio Podcast, o “Pergunte ao Vampeta”, onde ele responde qualquer tipo de pergunta, que são previamente selecionadas.

Porém, como nada na vida é perfeito, estão surgindo também algumas declarações que chamam a atenção negativamente e acabam, de certa forma, manchando a imagem do profissional. Recentemente tivemos dois exemplos disso: Eduardo Barroca, atualmente sem clube, mas com passagens por Botafogo, Atlético-GO, Vitória-BA e o agora ex-jogador Rafael Sóbis, ídolo do Internacional e que encerrou sua carreira no Cruzeiro, ano passado.

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No primeiro caso, em entrevista ao canal de Youtube denominado “Flow Sport Club”, o técnico afirmou que “barrou” o jogador Honda de uma partida, simplesmente pelo motivo do Japonês ter enviado dicas para o técnico de como o time poderia jogar contra o São Paulo, adversário do time carioca no jogo que viria a seguir ao longo do campeonato brasileiro de 2020. O então comandante não viu com bons olhos aquele gesto e proferiu as seguintes palavras: “O que me relatavam quando eu cheguei ao Botafogo é que ele dava opiniões, que era cultural, ele mexia no quadro tático e o cara***. Eu falei: ‘Vai tomar no c*. Quer montar o próprio time, vai ser treinador do próprio time”.

Já o Rafael Sóbis, em entrevista para o canal de Youtube do Jornalista Duda Garbi, afirmou que, em 2016, numa partida entre Cruzeiro e Internacional, teria “tirado o pé”, não tendo entrado na área a partida toda, batendo escanteio mal propositalmente, sem buscar realmente jogar a partida, para de alguma forma tentar ajudar o Internacional a fugir do rebaixamento naquele ano.

Essas duas declarações efervesceram os debates futebolísticos em todos os programas da semana, ganhando bastante destaque, por exemplo, no programa Seleção Sportv, onde o profissionalismo de Sóbis enquanto jogador foi questionado. O comentarista Carlos Eduardo Lino chega a dizer a seguinte frase: “acaba comprometendo tudo aquilo que o jogo tem de mais bonito que é a credibilidade”. 

Com isso em mente, abre-se o debate: até que ponto estamos preparados para ouvir essas “verdades” sobre o futebol? Sempre cobramos que os jogadores e técnicos fujam das respostas protocolares, que eles realmente falem o que pensam, o que acham, o que vivem no futebol, mas será que realmente estamos prontos para entender isso? Uma coisa é imaginar que essas coisas existem, outra é ter a certeza. Como esse ambiente mais descontraído, mais informal está influenciando nas palavras dos personagens do futebol? Revelando um lado que não conhecemos? E mais, se você fosse um desses personagens, iria querer participar de um papo sincero como esse ou iria preferir se resguardar? Fica a reflexão.

Texto de Marcus Multari, do Los Futebólicos.

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