Foto: Staff Images Woman/CONMEBOL
Nos últimos anos, o futebol feminino tem se consolidado como um campo promissor no cenário esportivo e econômico mundial. O que antes era considerado apenas um gasto simbólico ou uma exigência de cumprimento de regulamentos, hoje se apresenta como um ativo estratégico de mercado, capaz de gerar receita, fortalecer marcas e transformar a imagem institucional dos clubes. A crescente profissionalização do futebol feminino demonstra que este segmento deixou de ser apenas uma pauta social para se tornar uma oportunidade real de negócio e investimento sustentável.
Segundo a Federação Internacional de Futebol (FIFA), o número de transferências internacionais de jogadoras profissionais cresceu 20,8% em 2024, alcançando 2.284 movimentações. O gasto total com taxas de transferência internacionais femininas chegou a US$ 15,6 milhões, mais que o dobro do valor registrado em 2023, que foi de US$ 6,1 milhões (FIFA, 2024).
No primeiro semestre de 2025, o mercado feminino já havia movimentado US$ 12,3 milhões apenas em transferências, representando um crescimento de 80% em relação ao mesmo período do ano anterior (FIFA, 2025). Esses dados refletem não apenas o aumento da circulação financeira, mas também a valorização do talento feminino no futebol global.
O Brasil acompanha essa tendência de expansão. Clubes como Corinthians, Palmeiras e Cruzeiro vêm se destacando pela performance esportiva e pela gestão cada vez mais profissionalizada. Em 2025, o Corinthians registrou um marco histórico ao arrecadar R$ 1.237.699 em bilheteria em uma única partida, diante de 41.130 torcedores na Neo Química Arena. Essa arrecadação superou significativamente a final de 2024, que havia gerado R$ 974 mil (Globo Esporte, 2025).
O Cruzeiro também obteve resultados expressivos, com público recorde de 19.165 espectadores no Estádio Independência, em Minas Gerais (Globo Esporte, 2025). Esses números evidenciam o aumento do interesse do público e a consolidação do futebol feminino como espetáculo esportivo.
Recentemente, o Sport Club do Recife firmou novos patrocínios para o seu time feminino, conhecido como “Leoas da Ilha”. O clube anunciou três novos parceiros comerciais: a Betnacional, que assumiu o espaço master da camisa; a BlinkPlanet, estampando a parte frontal superior do uniforme; e a Selfit, presente nos shorts. Essa ação reforça que o futebol feminino é um segmento com potencial econômico e visibilidade de marca, capaz de gerar engajamento e retorno para patrocinadores.
O crescimento do futebol feminino cria novas demandas para uma gestão financeira mais estratégica e estruturada, capaz de garantir sustentabilidade e retorno sobre o investimento.
Nos últimos anos, o futebol feminino passou de um projeto simbólico para um modelo de negócio em expansão, que exige planejamento orçamentário, controle de custos, diversificação de receitas e análise de indicadores de desempenho. A profissionalização da gestão tem permitido que clubes invistam de forma mais inteligente em infraestrutura, categorias de base e marketing.
O desafio para os clubes está em equilibrar gestão de custos e investimento em performance. É essencial adotar modelos de controle orçamentário, indicadores financeiros para garantir que os recursos sejam aplicados de maneira eficiente.
Além do aspecto financeiro, também cresce a presença do futebol feminino em plataformas de streaming, transmissões televisivas e redes sociais, o que amplia a visibilidade e cria novos canais de receita publicitária. Jogos contam com comentaristas, cobertura jornalística e parcerias comerciais exclusivas, transformando o cenário esportivo em oportunidades financeiras reais e sustentáveis.
O futebol feminino vive uma fase de consolidação e expansão. A combinação entre desempenho esportivo, gestão profissional e interesse do mercado mostra que este segmento caminha para um modelo de negócio sólido e sustentável. O crescimento observado nos últimos anos evidencia que investir no futebol feminino não é apenas uma questão de inclusão, mas também de inteligência estratégica e visão de futuro para clubes, marcas e patrocinadores.
Texto de Bianca Ferraz
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