
Foto: Angelo Tzortzinis/AFP
Espanha 1×0 Itália – Rodada 2 Eurocopa

Foto: EPA
O placar final faz não parecer grande coisa, mas o que tivemos dentro de campo foi, em minha humilde opinião, a melhor atuação coletiva do torneio até aqui. Fato é que se não fosse a falta de pontaria (e uma pitada de sorte, por que não?), a Espanha poderia ter repetido a goleada por 4×0, ocorrida 12 anos atrás, na final da Euro 2012.
Se na 1ª rodada a Albânia cedeu tempo e espaço para a Itália construir suas jogadas e a Croácia conseguiu, por bons minutos, frustrar a agressividade da pressão alta da Espanha, nesse jogo aconteceu o contrário. Seja em organização ou em transição defensiva, a Espanha conseguiu sufocar os momentos em que a Itália tinha a bola, subindo suas linhas a partir de alguns encaixes individuais e sendo muito agressiva na pressão.
Ao recuperar e ter a bola, a Espanha conseguiu encontrar soluções para superar os encaixes individuais da Itália e progredir em campo, buscando colocar Nico Williams e Lamine Yamal em situações de 1×1. A estratégia se mostrou acertada, sobretudo com Williams pela esquerda. Alternando entre buscar a linha de fundo e cortar para dentro, Nico desequilibrou o jogo e causou pesadelos pra defesa italiana, inclusive no lance do gol contra, marcado pelo zagueiro Calafiori (por ironia do destino, um dos poucos que se destacavam positivamente no lado dos italianos).
Se a Espanha de 2012 goleou a Itália na final começando o jogo sem nenhum atacante de origem, sendo o time do controle da posse de bola, dos meio campistas baixinhos (alguns nem tanto) e talentosos, a Espanha de 2024 amassou a Itália mostrando uma nova faceta. Elétrica. Agressiva. Impactante. Dominante. Essa foi e é a cara dessa ‘‘nova Espanha’’ simbolizada por dois meninos, de 16 e 21 anos, para mostrar que o novo sempre vem…
Turquia 0x3 Portugal

Foto: Andrzej Iwanczuk/NurPhoto
Se na 1ª rodada os portugueses precisaram enfrentar um verdadeiro ferrolho montado pelos tchecos e só conseguiram marcar o gol da virada no apagar das luzes, no jogo contra a Turquia eles deram os primeiros indícios do porque são uma das melhores equipes da competição.
São vários os jogadores de Portugal que foram dignos de destaque, o que talvez seja a maior prova de que o time atingiu, nessa partida, um excelente nível coletivo. Sem a bola, Portugal teve bons momentos onde conseguiu encaixar uma pressão alta, conseguindo recuperar a bola e controlar o jogo a partir disso. Mesmo quando a Turquia conseguia progredir e se aproximar da área portuguesa, o sistema defensivo mostrava-se seguro, liderado por Pepe, que entregou uma exibição de gala, no auge de seus 41 anos.
Com a bola, Portugal mostrou fluidez, aproveitando o enorme talento de que dispõe. Seja buscando explorar Rafael Leão em situações de velocidade e 1×1, seja cadenciando e trabalhando mais a bola com jogadores como Bernardo Silva, Bruno Fernandes, Vitinha e João Cancelo, os portugueses controlaram o ritmo do jogo e construíram muito bem o placar.
Como não poderia ser diferente ao falar de Portugal, essa vitória pode ser sintetizada a partir da figura de seu maior jogador. No início do segundo tempo, Cristiano Ronaldo se viu frente a frente com o goleiro, no que foi sua melhor chance de marcar pela primeira vez no torneio. Sem hesitar, ele rolou a bola de lado para Bruno Fernandes que, sem goleiro, apenas tocou para o gol vazio.
O passe tornou Cristiano Ronaldo o maior assistente da história da Eurocopa, mais um de vários recordes para sua coleção. Mas também mostrou que ele entende o seu papel de liderança e tudo aquilo o que representa. Mostrou que o coletivo potencializa o individual, que por sua vez potencializa o coletivo.
Dinamarca 1×1 Inglaterra

Foto: Dave Shopland/Shutterstock
Na medida em que segue invicta, a Inglaterra continua decepcionando. Se na 1ª rodada os ingleses superaram a Sérvia sem grande brilhantismo, no jogo contra a Dinamarca eles pareceram ter mais motivos para comemorar do que para lamentar o empate, já que os dinamarqueses se mostraram uma equipe mais equilibrada e mais candidatos ao sair com os 3 pontos.
Se resumirmos os ingleses ao olhar frio da escalação no papel, sem dúvidas estaremos diante de uma das equipes mais fortes da competição. Jogadores de altíssimo nível, que atuam em vários dos principais clubes e ligas do mundo. Fato é que poucas seleções no mundo contam com a qualidade individual que os ingleses dispõem. Mas também é fato que poucas seleções conseguem protagonizar jogos tão sofríveis, morosos e sonolentos quanto os ingleses.
Pode parecer hipocrisia ou falta de noção falar isso de uma seleção que chegou a final da última Eurocopa e que ficou em 4º lugar na Copa do Mundo de 2018. Mas ao deixar de lado, mais uma vez, a frialdade do papel, nos deparamos com uma equipe que parece navegar sem rumo, sem conseguir extrair o melhor de seus jogadores, desperdiçando gerações talentosas.
Como o país que conta com uma das melhores e mais atrativas ligas do mundo não consegue levar esse sucesso para sua seleção nacional? Seria falta de comando? Falta de ideias? Esse parece ser um enigma digno das histórias de Sherlock Holmes e Agatha Christie… terá Gareth Southgate a perspicácia para, enfim, resolvê-lo?
Albânia – Geórgia

Foto: Reprodução/Cazé TV
Albânia e Geórgia estão aqui, juntas, pois, na visão do autor, protagonizaram as histórias mais legais da rodada. Disputando a Eurocopa pela primeira vez, a Geórgia parece ter ido à Alemanha disposta a escrever grandes roteiros. Depois do grande jogo da 1ª rodada contra a Turquia, os georgianos ficaram no empate em 1×1 diante da Tchéquia, o que rendeu o primeiro ponto da história da seleção na competição.
No caso da Albânia, o empate diante da Croácia pode não parecer tanta coisa (já que os albaneses chegaram até a vencer um jogo na Euro de 2016), mas o ponto conquistado contra o rival ‘‘badalado’’ da região dos Balcãs mostrou ao mundo a força de um país que busca emergir para o cenário internacional e que, apesar de cair no grupo mais difícil da competição, encara o desafio de peito aberto.
Albânia e Geórgia precisam vencer Espanha e Portugal, respectivamente, para sonhar com a classificação. Cá entre nós, missão muito difícil. Mas que graça teria se a história fosse escrita e reservada apenas aos vencedores? Albânia e Geórgia devem se despedir da Euro…, mas de que importa? Certamente não muito para os milhares de albaneses e georgianos que, ao final das partidas, festejaram orgulhosos com seus jogadores.
Resultados da 2ª rodada
Alemanha 2×0 Hungria
Escócia 1×1 Suíça
Croácia 2×2 Albânia
Espanha 3×0 Itália
Eslovênia 1×1 Sérvia
Dinamarca 1×1 Inglaterra
Polônia 1×3 Áustria
Holanda 0x0 França
Eslováquia 1×2 Ucrânia
Bélgica 2×0 Romênia
Geórgia 1×1 Tchéquia
Turquia 0x3 Portugal
Texto de Agildo Medeiros Neto

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