A má interpretação de cláusulas contratuais quase levou o time paulista a uma disputa judicial, com risco de multas e ações judiciais.

O Corinthians e dois fornecedores de material esportivo estavam em um embate: de quem serão os próximos materiais, Nike ou Adidas? A Nike patrocina o time paulista desde 2003, de forma contínua. Porém, devido a reclamações por falta de uniformes e pouca oferta de tamanhos para os torcedores nas lojas oficiais, o clube buscou soluções para isso no grande rival da marca, a Adidas.
Essa possível negociação iniciou no mandato do ex-presidente, Augusto Melo, afastado por conta do caso VaideBet. Segundo Melo, o valor desse novo contrato era de aproximadamente 1 bilhão no período de 10 anos. Contudo, para ocorrer essa troca, seria necessário um parecer positivo do Conselho de Orientação (Cori) do Corinthians, pois o rompimento com a atual fornecedora poderia provocar uma disputa judicial e possíveis custos por conta da rescisão contratual.
O contrato da Nike valia até final deste ano, porém, ano passado, a marca acionou a cláusula de renovação automática até o fim de 2029. O clube questiona essa renovação contratual, argumentando que, atualmente, a operação da Nike no Brasil não é conduzida diretamente pela marca, mas sim pela Fisia, integrante do grupo SBF.
Outro ponto central da discussão envolve cláusulas contratuais que determinam a notificação obrigatória em caso de propostas de terceiros. Isso significa que o interesse do Corinthians pela Adidas deveria ter sido comunicado diretamente e formalmente à Nike. Ignorar esse compromisso pode levar a prejuízos financeiros, além de abrir espaço para disputas judiciais. Esse tipo de conflito mostra como a falta de cuidado com os termos contratuais pode afetar diretamente decisões estratégicas e acordos comerciais relevantes.
Na noite do dia 24 de junho, o Corinthians resolveu permanecer com a Nike e renovou o contrato até o fim de 2035. Nesse novo documento, a Nike se comprometeu a resolver o problema mais comentado pelos torcedores (maior disponibilidade e distribuição dos produtos do clube) e pagará 59 milhões de reais fixos por ano, valor que será corrigido anualmente devido à inflações.
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Texto de Maria Heloisa Pinzetta