Por que até jogadores milionários sofrem sem planejamento financeiro?
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Quando se fala em falta de planejamento financeiro no futebol, muita gente pensa logo em jovens da base, atletas com salários baixos ou jogadores que ainda estão tentando se firmar no profissional. Mas a verdade é que o problema vai muito além disso. Ele atinge também quem conquista grandes contratos, quem chega ao topo e ganha cifras milionárias. E, em muitos casos, é justamente aí que mora o perigo.
O dinheiro alto cria uma falsa sensação de segurança. O jogador passa a acreditar que aquele fluxo de renda será eterno, que o contrato será renovado indefinidamente e que o estilo de vida luxuoso poderá ser sustentado sem esforço. Casas, carros, viagens, festas, ajuda a familiares e amigos — tudo parece natural quando o saldo bancário está sempre cheio. O problema é que o futebol, por mais glamouroso que pareça, é uma carreira extremamente curta e incerta.
Poucos atletas conseguem se manter em alto nível por mais de 10 ou 12 anos. Lesões, mudanças de mercado, troca de treinadores e até fatores pessoais podem encurtar a trajetória de um jogador. A aposentadoria, quando chega, vem muitas vezes sem aviso e, com ela, o corte abrupto da principal fonte de renda. E é nesse momento que a falta de planejamento financeiro cobra seu preço.
A história do futebol está repleta de exemplos de grandes nomes que brilharam em gramados pelo mundo e, poucos anos após o fim da carreira, enfrentaram dificuldades financeiras sérias. Muitos viveram cercados de luxo, mas não souberam administrar o que ganharam. Outros confiaram cegamente em empresários, amigos ou familiares e acabaram vítimas de má gestão e golpes. O resultado, em geral, é o mesmo: um patrimônio diluído, dívidas crescentes e a dura realidade de começar do zero fora dos holofotes.
Planejar financeiramente não significa deixar de aproveitar o sucesso ou de desfrutar das conquistas da carreira. Significa encontrar equilíbrio. O jogador precisa compreender que o dinheiro é uma ferramenta de segurança, não um fim em si mesmo. Ter uma equipe de confiança — formada por especialistas em finanças, contadores e planejadores — é tão essencial quanto ter um bom preparador físico ou fisioterapeuta. É essa estrutura que ajuda o atleta a fazer o dinheiro trabalhar por ele e não o contrário.
Investir bem, diversificar fontes de renda e pensar a longo prazo são atitudes que separam quem apenas ganha dinheiro de quem constrói riqueza. O atleta que entende isso cedo descobre que pode continuar vivendo com conforto mesmo depois de pendurar as chuteiras. Mais do que isso: pode se reinventar, empreender, estudar e abrir novas portas para o futuro.
Outro ponto importante é o aspecto emocional. O futebol é um ambiente de altos e baixos, onde a euforia da vitória pode se transformar em frustração em poucos dias. O consumo impulsivo muitas vezes surge como válvula de escape para lidar com a pressão. Por isso, o planejamento financeiro também é uma forma de equilíbrio mental. Ele dá ao jogador segurança para enfrentar períodos de instabilidade e reduz a ansiedade sobre o futuro.
O mesmo foco, disciplina e esforço que fazem um atleta ser campeão em campo são as qualidades que podem garantir vitórias fora dele. Assim como cada treino prepara o corpo para o jogo, cada decisão financeira consciente prepara o atleta para a vida após o futebol. O dinheiro pode acabar, mas o conhecimento e a organização permanecem.
No fim, fica a reflexão: talento abre portas, mas é o planejamento que mantém essas portas abertas por toda a vida. O sucesso verdadeiro não está apenas em levantar troféus, mas em garantir que cada conquista se transforme em legado, estabilidade e liberdade para escolher o próximo passo.
Texto de Eduardo Weydmann
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