Formação Integral para o Futebol – Discussões

Quem transita no meio do Futebol, sabe muito bem que o assunto “Formação Integral” é bem amplo e requer significativa discussão.

Neste artigo, tenho a intenção de provocar a reflexão das principais partes envolvidas nos processos de Formação do jovem futebolista. Para isso, foi-se necessário resumir e pontuar o que considero de mais sensível em relação ao assunto sem maiores aprofundamentos.

Para entender melhor como funcionam as diretrizes da Formação para o Futebol no Brasil, deixo abaixo uma pequena ideia dos que é o CCF e as principais Leis.

Foto: Reprodução

Certificação de Clube Formador – Resolução da Presidência (RDP) nº 01/2019

A CBF, com o apoio das Federações Estaduais, emite o Certificado de Clube Formador (CCF), com o objetivo de atestar quais Clubes cumprem com os requisitos estabelecidos pela Lei Geral do Esporte (L. Nº 14.597) para a devida Formação técnica e social de atletas no Brasil.

Além disso, o CCF identifica os Clubes que alcancem o nível de Formação de atletas estabelecido pelas Leis, fomentando a Formação de novos atletas no Brasil, através das proteções legais concedidas aos Clubes certificados como Formadores, estabelecendo mecanismos de ressarcimento aos Clubes certificados como Formadores em relação aos atletas formados, através da Indenização por Formação.

Para se ter uma ideia do cenário atual, apenas 41 Clubes possuem o CCF até a data desta publicação.


*Lista atualizada em 16 de maio de 2023

Associação Chapecoense de Futebol (SC)

Associação Desportiva Bahia de Feira (BA)

Associação Esportiva Dinamo Esporte Clube (MG)

América Futebol Clube SAF (MG)

Avaí Futebol Clube (SC)

Azuriz Futebol de Alta Performance Ltda. (PR)

Barra Futebol Clube (SC)

SAF Botafogo (RJ)

Ceará Sporting Club (CE)

Club Athletico Paranaense (PR)

Club de Regatas Vasco da Gama (RJ)

Clube Atlético Mineiro (MG)

Clube de Regatas do Flamengo (RJ)

Coimbra Esporte Clube Ltda. (MG)

Coritiba Foot-ball Club (PR)

Criciúma Esporte Clube (SC)

Cruzeiro Esporte Clube SAF (MG)

Cuiabá Esporte Clube – Sociedade Anônima do Futebol (MT)

Desportivo Brasil Participações Ltda. (SP)

Esporte Clube Bahia (BA)

Esporte Clube Juventude (RS)

Ferroviária Futebol S/A (SP)

Figueirense Futebol Clube SAF (SC)

Fluminense Football Club (RJ)

Fortaleza Esporte Clube (CE)

Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense (RS)

Grêmio Novorizontino (SP)

Grêmio Osasco Audax Esporte Clube (SP)

I9 Internacional Academy Organização de Atividades Desportivas E Educacionais (SP)

Ibrachina Futebol Clube Ltda. (SP)

Ituano Futebol Clube (SP)

Porto Vitória Futebol Clube Ltda – Me (ES)

PSTC Centro de Treinamento de Futebol do Paraná (PR)

Red Bull Bragantino Ltda. (SP)

Retrô Futebol Clube Brasil (PE)

Santos Futebol Clube (SP)

São Paulo Futebol Clube (SP)

Sociedade Esportiva Palmeiras (SP)

Sport Club Corinthians Paulista (SP)

Sport Club Internacional (RS)

Volta Redonda Futebol Clube (RJ)

Fonte: Certificado de Clube Formador – Confederação Brasileira de Futebol (cbf.com.br)


Leia “Conheça o Azuriz: clube novo com projeções gigantes”

Texto de Willian Sanmartin

Antiga – Lei Pelé  

Art. 29:

É considerado Formador o Clube que forneça aos atletas programa de treinamento por profissionais especializados, mais assistência educacional, médica e fisiológica. (substituída pela Lei Geral do Esporte em 2023)

Lei Geral do Esporte

Seção VII – Subseção I – art. 99, 100, 101:

Considera-se Formadora de atleta a organização esportiva que forneça aos atletas programas de treinamento nas categorias de base e complementação educacional, e satisfaça cumulativamente uma série de requisitos conforme mostram os §.

(link para baixar a Lei em sua totalidade – L14597 (planalto.gov.br)

Também garantem os seguintes direitos aos atletas de Formação, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente), e na Lei nº 12.852, de 5 de agosto de 2013 (Estatuto da Juventude).

Depois de observar com atenção o CCF, e as devidas Leis de proteção para a Formação ao Futebol, é possível ter a sensação que estamos longe de um modelo ideal, evidenciando que ainda existem diversas lacunas não preenchidas.

Um bom retrato disso está na nova Lei Geral do Esporte e CCF. No caso específico da Lei, houve praticamente uma reprodução da antiga Lei Pelé em seu texto quando chegamos ao assunto Formação para o Futebol. Exemplo? No Art. 101 – VII, existe uma obrigação do clube disponibilizar ao atleta – assistência psicológica, médica, odontológica, farmacêutica e fisioterapêutica. Seguindo a mesma linha, o RDP nº 01/2019 – Anexo II (CCF), também não especifica/intensiva nada, apenas diz que é preciso comprovar a existência dos profissionais acima citados trabalhando diariamente nas Categorias de Base.

O que acontece com isso? Penso que os textos são falhos, ambos não especificam quantos daqueles profissionais o Clube precisa manter de acordo a demanda/número de atletas, sendo assim, o Clube geralmente contrata o mínimo possível, corroborando com a ideia de que algumas instituições só estão preocupadas em cumprir a risca as Leis e normativas impostas pelo CCF, para que em curto prazo haja venda ou empréstimo futuro, valorização do “produto” – jogador, receita.

Sei que é uma discussão ampla e que requer maiores estudos. Minha opinião é que os Clubes estão fazendo o básico, e poucos Clubes têm tratado esse assunto com a merecida seriedade. Portanto, talvez seja nesse ponto que devemos estar alertas.

Penso, que antes de qualquer Lei, CCF, contratos, questões financeiras, exposição exagerada em mídias, patrocinadores, coaches, treinadores particulares de performance, a família de um jovem atleta deveria se preocupar em primeiro lugar com:

– Educação/Uma boa escola;

– Línguas/inglês – espanhol;

– Saúde/Dentista – Plano de Saúde;

– Terapia e ou psicólogo;

– Convivência social;

– Apoio familiar; e

– Outros

As responsabilidades não param na família, que tem a obrigação de sempre apoiar coerentemente e tomar as melhores decisões. Os Clubes e investidores/empresários também precisam ajudar!

Os tópicos de preocupações acima apresentados deveriam ser prioridade e currículo obrigatório em qualquer Formação esportiva formal, onde a competição e o rendimento é o carro chefe.

Bom, chegando em um ponto delicado referente ao assunto, devemos nos perguntar. E se não der certo? Lembremos, que o funil do esporte de rendimento é uma realidade e quando nos remetemos ao mundo do Futebol não tenho receio nenhum de afirmar que a situação ainda piora, no futebol é muito mais difícil alcançar o alto rendimento com uma condição financeira satisfatória e mantê-la ao longo da profissão.

Poucos atletas ganham muito dinheiro e garantem uma boa aposentaria, portanto, se todos os cuidados em relação a prospecção forem bem planejados, podemos ficar mais seguros caso as coisas se compliquem no futuro, e seja necessária uma transição de carreira. Por isso, reforço aqui mais uma vez a importância da “Formação Integral”, dos cuidados que necessitamos ter durante a vida esportiva do alteta, conforme reforça a CONMEBOL em um dos seus cadernos norteadores.

O que a CONMEBOL diz:

A Formação é uma variável fundamental para o Jovem futebolista! Para isso é necessário estar atento:

– Direitos da Criança;

– Assédios;

– Escolaridade;

– Saúde e nutrição;

– Desenvolvimento humano;

– Valores humanos;

– Sócio afetivo (pais, professores, treinadores);

– Uso apropriado das tecnologias e redes sociais;

– Capacitação dos profissionais dos Clubes; e

– Representantes/investidores.

Na nova visão da “Formação” dos futebolistas sul-americanos da CONMEBOL, esse ídolo não é somente uma máquina de dar passes, correr e fazer gols, claro que não.

Esse “craque” é uma pessoa formada, isto é, uma mulher ou um homem adulto, autônomo, que harmoniza seu mundo afetivo com suas capacidades de pensar, discernir e tomar decisões que lhe permitam responsabilizar-se pelos resultados, tanto no mais íntimo de sua individualidade como em seu ser de profissional de futebol. (Cfr. CONMEBOL, 2019, p. 29)

Por fim, com boa vontade é possível que se faça muito mais do que já é feito! Precisamos mudar a nossa cultura e sair urgentemente do trivial. Entender que as Leis e o CFF não podem ser mais um simples cumprir o que está no papel. Os investimentos na Formação podem ser muito mais extensivos, assertivos, fazendo com que os nossos jogadores tenham uma oportunidade natural de Formação mais justa, equilibrada, completa.

Texto por Rodrigo Neves.

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