Chega-se à final da Copa do Catar 2022, após duas semifinais com diferentes qualificações, mas que remete à finalíssima dois participantes identificados como favoritos desde a primeira hora. Argentina e França, são dois Bi-Campeoes que detém em seu onze principal, para mim, o atual melhor jogador do mundo – (Lionel Messi)- e o próximo Bola de Ouro do Planeta – ( Kylian Mbappe)- ambos com belíssimas atuações no certame até aqui, sendo decisivos para suas equipes atingirem o jogo desfecho da competição, que apontará um novo Tricampeão Mundial de Futebol.
Sinalei que os jogos semifinais apontaram diferentes qualificações, pois a favorita Argentina arrasou sua adversária Croácia, com atuação deslumbrante do extraterrestre Messi, otimamente coadjuvado por Julian Alvarez, ambos protegidos por sólida estratégia montada pelo treinador portenho Lionel Scaloni, agora lançando mão de linha de 4 defensiva e 4 volantes marcadores,-(com 2 mais soltos)- no meio, comandados pelo ótimo arqueiro Emiliano Martinez.
Enquanto isso, os gauleses passaram muito trabalho com a Seleção de Marrocos que ao contrário do previsto, por ter levado gol muito cedo, mudou sua postura sempre reativa, e pressionou seu adversário, teve mais posse de bola, empolgou seus alegres torcedores e andou próximo de fustigar os franceses em prorrogação que por detalhe não aconteceu.
Devo confessar que o jogo que desclassificou os marroquinos me fez sentir idêntica sensação que às vezes me acomete quando assisto alguma série da Netflix e, ao final, fico frustrado pelo término precoce dos episódios, que já passaram a integrar meu quotidiano e também por final embora esperado, sem maior emoção.
Com isso quero dizer que time africano me encantou ao longo do certame, seja por sua organização, seja por sua tenacidade mas, principalmente, pela sua estratégia defensiva, compacta, sempre pronta para retomadas rápidas, com contra ataques fulminantes e letais, por isso sentirei falta de vê-los daqui para frente.
No jogo de ontem, foi uma luta de Davi contra Golias, com o mais fraco causando dano ao mais forte, mas não a ponto de vencê-lo; os franceses prevaleceram pela hierarquia, pela maturidade de seus atletas, pelo costume de vencer e por estarem mais preparados para enfrentar situações de dificuldade sem alterar procedimentos. Foram pressionados, aguentaram, souberam defender-se e foram letais em dois lances, ao passo que o rival, mesmo com muito esforço, com mais posse de bola, não soube aproveitar as chances criadas que poderiam conceder-lhe mais vida no jogo e quem sabe na competição.
Parabéns a Seleção de Marrocos pela brilhante Copa e boa sorte na disputa pelo terceiro lugar contra a Seleção da Croácia no próximo sábado.
Quanto à final, teremos duas grandes equipes, as melhores da competição, cada uma com seu estilo bem definido, buscando melhor rendimento e a forma mais competente de causar dano ao contrário.
A Argentina de Scaloni, deve repetir sua estratégia até aqui implementada, protegendo Messi, retirando dele as tarefas táticas, concedendo-lhe espaço e bola para sua flutuação na zona fronteiriça a grande área adversária, às vezes derivando para a direita de seu ataque, aproveitando as costas do lateral adversário, buscando mano a mano com zagueiro do lado, como fez de forma magistral contra a Croácia.
Para tanto, deve apresentar os mesmos 4 volantes no meio campo liberando um pouco mais Mac Allister pela esquerda, retendo De Paul para a dobra de marcação em Mbappe pelo lado direito -(como fez Marrocos com Hakimi)-. Com essa providência, povoara seu meio para obstaculizar a zona de armação gaulesa por onde se movem Rabiot, Griezmann e Tchouaméni.
A França de Deschamps, certamente reeditara seu esquema 4-2-3-1, até aqui aplicado com sucesso, com zagueiros muito rápidos, um lateral -(Hernandez)- que apoia muito e outro mais concentrado na marcação -(Konate)-. Os 2 volantes um retraído, de marcação, outro móvel -(Rabiot)- andando de área a área com Griezmann desempenhando como nunca tarefas táticas, indo e vindo ao estilo meia treinado por Cholo Simeoni no Atletico de Madrid. Antoine bom sinal, faz uma copa espetacular, tendo atuado bem em todos os jogos, mesmo nos 2 últimos, onde o rendimento do time francês escasseou .
Na parte ofensiva, Dembele cumpridor de tarefas táticas, acompanhando lateral adversário até o final -(assim fará com Acuña ou Tagliafico)- e contra atacando com velocidade do vento, que o caracteriza. Giroud, centroavante ao estilo antigo, matador, homem de área que marca saída de bola adversária e o espetacular – futuro melhor do mundo- Mbappe, que dispensa comentários; veloz, habilidoso, definidor, pronto a assistir companheiros, um segundo de descuido e ele define o jogo.
Será o jogo de dois craques, suportados por esquemas estratégicos já testados e com resultados positivos, situações que remetem a uma final espetacular. Meus melhores desejos estão destinados aos hermanos argentinos, pela nossa vizinhança, pelos amigos que tenho do outro lado, por Messi, pelo futebol sul-americano.
Finalmente, o mundo verá um novo Tricampeão Mundial para acompanhar Brasil, Itália e Alemanha no pódio maior das copas.
Texto de Fernando Carvalho.