A área de análise de desempenho é um setor relativamente novo no futebol. Até meados dos anos 2000, os clubes possuíam olheiros e observadores que auxiliavam dirigentes a buscar reforços, no cargo mais semelhante ao do analista atual. Com o passar do tempo, a área foi se profissionalizando, até chegarmos aos dias de hoje. Atualmente, a área de análise de desempenho funciona como uma das portas de entrada no mercado do futebol.
O que é Análise de Desempenho?
De forma mais simples, a análise de desempenho é um processo de coleta, análise e interpretação de dados sobre o desempenho individual ou coletivo dos jogadores, seja da própria equipe, dos adversários, ou de atletas que estejam sendo observados para futuras contratações.
O trabalho do analista serve como uma ferramenta que tem como objetivo contribuir na performance coletiva e individual, com dados coletados de forma qualitativa, observando a movimentação do jogador, quais as características, e quantitativa, que são números de partidas, participações em gols, passes, quanto correu, etc. Vale destacar que o analista de desempenho realiza as observações tanto nos jogos, quanto nos treinamentos.
Após coletar os dados, eles são organizados em um banco de dados, e transformados em materiais para serem apresentados para os jogadores, em forma de feedback, de maneira mais prática, para que o atleta consiga compreender e absorver as informações, e assim melhorar sua performance, realizando exercícios específicos para o aprimoramento.
Além disso, esses relatórios são divulgados para a comissão técnica também, pontuando aspectos fortes e fracos da equipe, padrões táticos, e situações que precisam ser aperfeiçoadas.
Essa relação do analista com a comissão técnica vai além de observar a própria equipe. Existem profissionais que analisam os adversários da equipe, detectando o modelo de jogo, e diversas especificidades de cada equipe, com o objetivo de nutrir o treinador de sua equipe com o máximo de informações possíveis, para que o time esteja o mais preparado possível para a partida.
Em suma, os objetivos da análise de desempenho incluem:
- Medir o desempenho individual ou coletivo dos jogadores do clube;
- Analisar os adversários;
- Observar possíveis futuros jogadores;
- Identificar pontos fortes e fracos;
- Realizar relatórios;
- Desenvolver planos de ação para melhoria;
- Auxiliar o processo de tomada de decisão;
Mas além dessas relações, com quem mais o analista de desempenho se relaciona?
Relações do Analista de Desempenho
Começamos citando aqui a relação do analista com o Executivo de Futebol, líder do departamento como um todo, responsável pela contratação de jogadores e profissionais no seu dia a dia. Através da observação e análise de diversos jogadores, que o Executivo vai ter todas as informações necessárias para tomar a decisão de contratar ou não o jogador.
Foto: Marco Santigo/ND
Como já falado aqui, há a relação com o treinador, em busca de ajustes para o próprio time. Outros profissionais da comissão técnica também permanecem em contato com o analista, que irá buscar, por exemplo, entender com os responsáveis pela área de saúde, se o jogador possui condições de atuar da maneira esperada pelo próprio analista e pelo restante da comissão. Por fim, existe a relação entre o analista de desempenho e os próprios atletas.
Dentre as diversas variáveis e cenários da análise de desempenho, há um ponto fundamental para que isso seja aplicado da melhor maneira possível: a comunicação com o atleta no processo de análise de desempenho. O analista precisa se adaptar a qualquer contexto. Primeiro, se discute com a comissão técnica quais informações vão ser necessárias para aquele momento e como será dada a ênfase na análise baseada no sistema de jogo do treinador.
Como funciona essa comunicação?
Michele ainda ressalta que de um treino para o outro, a comissão técnica tem que dar ênfase em alguns objetivos. Não tem como fazer tudo ao mesmo tempo. Para receber a informação, é preciso conhecer o perfil do atleta e como ele capta melhor o que está sendo passado.
Existem três formas de comunicação para com o grupo:
- Visual: Na visual, o jogador precisa observar aquela informação. Ou seja, ele precisa observar exatamente o movimento. Não só dos treinos, mas situações de outras equipes analisadas que estão disponíveis no banco de dados, uma função que outro atleta esteja fazendo exatamente aquilo.
- Auditiva: Na auditiva, ele precisa ouvir e entender como ele tem que executar a função solicitada.
- Sinestésica: Na sinestésica, o atleta precisa vivenciar e fazer a ação. Ele precisa executar. Treinar. Fazer o movimento.
E como se sabe qual a melhor maneira de se comunicar com o atleta?
“Precisamos conhecer o perfil do atleta que trabalhamos, porém não existe uma fórmula para saber com qual ação ele vai compreender melhor. Se a gente tem as três e consegue passar as três, ele vai ter todo o tipo de ferramenta ao seu dispor. Ele vai ter uma assimilação maior para executar o que está sendo pedido dentro do jogo. As informações precisam ser curtas e objetivas. Com o tempo de trabalho, experiência e relação com o grupo, a comissão identifica o perfil de cada um e adapta o tipo de comunicação para com todos, sem exceção. Afinal, a comunicação é para todos.” Michele Kanitz
Mas como analisa a própria equipe?
Para conseguir analisar a própria equipe, é necessário ter as competências citadas até agora:
- Conhecer o elenco;
- Entender a metodologia de trabalho;
- Compreensão do modelo de jogo;
“É necessário analisar os aspectos técnicos, físicos, táticos e psicológicos, e saber ler essas informações, que é o grande diferencial do analista, porque ver o dado cru é uma coisa, agora entender a situação de jogo, é que vai nos dar a resposta que buscamos.” Michele Kanitz
Portanto, para analisar a própria equipe é crucial ter o conhecimento do modelo, ideia e metodologia de jogo do treinador, para assim, conseguir observar o comportamento dos atletas da melhor maneira.
Após o treino, o que deve ter sido analisado:
- Comportamento coletivo;
- Comportamento individual;
- Quais as dificuldades?
- O que executaram bem?
- Alguma outra informação relevante?
E para analisar o adversário, é diferente?
Análise do adversário
O primeiro passo do analista de desempenho que vai observar um jogo do adversário precisa ter é definir:
- Quais jogos analisar, se for jogando como mandante ou visitante;
- Quais competições
Após essas definições, o segundo passo é a análise em si. Observar como a equipe se comporta nos jogos, quais as diferenças em jogos dentro e fora de casa, se muda a maneira de jogar dependendo da competição, quem são os atletas destaques, quais os setores do campo que são mais ocupados e mais trabalhados quando estão com a posse de bola. Enfim, são diversos pontos que precisam ser analisados, para que sejam definidos os padrões táticos, fazendo com que o treinador tenha total conhecimento do seu adversário.
E quais as ferramentas que os analistas usam para concentrar essa grande quantidade de dados e conseguir mostrar para os treinadores e jogadores?
Ferramentas do analista de desempenho
Bom, o analista possui alguns softwares que ajudam no seu dia a dia. A primeira delas é uma plataforma que vem sendo utilizada por clubes brasileiros e pela seleção brasileira, Kin Analytics, empresa com sede no Equador. A trilha de uso da plataforma da Kin Analytics é dividida em três partes:
- Processar dados crus;
- Obter inteligência para assistir na tomada de decisões;
- Gerar estratégias acionáveis para atingir os objetivos.
A partir disso, são gerados alguns indicadores chave, KPIs, para quantificar o objeto de estudo.
Outra ferramenta utilizada é a Hudl, uma empresa global de tecnologia sediada em Lincoln, Nebraska, nos Estados Unidos. Fundada em 2006, tem como objetivo ajudar equipes esportivas, atletas e treinadores a melhorarem seu desempenho por meio de soluções tecnológicas avançadas. Sua principal especialidade é a análise de vídeo esportivo. A empresa oferece uma plataforma online que permite que treinadores e equipes capturem, editem, analisem e compartilhem vídeos de treinamentos e jogos.
Com a Hudl, é possível marcar momentos-chave, criar playlists de destaques, fazer anotações e fornecer feedback aos jogadores de maneira mais eficiente. Através desses vídeos, os profissionais do futebol conseguem de forma mais fácil e rápida, analisar detalhadamente o desempenho individual e coletivo dos seus atletas e do adversário. Além disso, oferece recursos avançados de análise de dados.
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Como se tornar um Analista de desempenho de futebol?
O FootHub preparou um curso para você, que tem esse objetivo e vê a análise de desempenho como uma porta de entrada para trabalhar na indústria do futebol. O curso Analista de desempenho – por onde começar é um curso online introdutório na área de análise de desempenho, com três aulas que contemplam as três principais funções de um profissional do setor: análise do próprio time, da equipe adversária e de mercado. Os conteúdos são gravados e o aluno pode assistir no momento em que quiser, desde o momento em que finalizar a compra. Além das 4 horas de conteúdo disponíveis, a plataforma FootHub ainda proporcionará materiais extras e um certificado de conclusão do curso após o aluno finalizar as aulas.
Você irá aprender com duas referências na área:
Michele Kanitz – Auxiliar técnica do Flamengo Feminino, com passagens anteriores pelo Ipatinga, Metropolitano e Inter de Limeira. Atua também como instrutora da Conmebol, contribuindo com o Programa Evolução promovido pela entidade, além de elaborar análises e materiais de competições específicas, como a Libertadores Feminina.
Giovani Dalla Valle – Gerente de Mercado do Avaí, possui duas passagens pelo Athletico Paranaense em sua carreira, sendo a primeira entre 2016 e 2020 e a segunda em 2021, todas na área de análise de desempenho e mercado.
Então para você que deseja iniciar no mercado de análise ou quer aprimorar seus conhecimentos nos temas apresentados, este é o curso ideal! Faça já sua inscrição aqui!
Texto de Willian Sanmartin