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Análise de Desempenho – o que você precisa saber para começar

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A área de análise de desempenho é um setor relativamente novo no futebol. Até meados dos anos 2000, os clubes possuíam olheiros e observadores que auxiliavam dirigentes a buscar reforços, no cargo mais semelhante ao do analista atual. Com o passar do tempo, a área foi se profissionalizando, até chegarmos aos dias de hoje. Atualmente, a área de análise de desempenho funciona como uma das portas de entrada no mercado do futebol.

O que é Análise de Desempenho?

De forma mais simples, a análise de desempenho é um processo de coleta, análise e interpretação de dados sobre o desempenho individual ou coletivo dos jogadores, seja da própria equipe, dos adversários, ou de atletas que estejam sendo observados para futuras contratações. 

“A análise do jogo permite interpretar a organização das equipes e das ações que concorrem para a qualidade do jogo; planificar e organizar o treino; estabelecer planos táticos adequados em função do adversário; e regular o treino“.

Júlio Garganta, professor da Universidade do Porto.

O trabalho do analista serve como uma ferramenta que tem como objetivo contribuir na performance coletiva e individual, com dados coletados de forma qualitativa, observando a movimentação do jogador, quais as características, e quantitativa, que são números de partidas, participações em gols, passes, quanto correu, etc. Vale destacar que o analista de desempenho realiza as observações tanto nos jogos, quanto nos treinamentos.

Após coletar os dados, eles são organizados em um banco de dados, e transformados em materiais para serem apresentados para os jogadores, em forma de feedback, de maneira mais prática, para que o atleta consiga compreender e absorver as informações, e assim melhorar sua performance, realizando exercícios específicos para o aprimoramento. 

Além disso, esses relatórios são divulgados para a comissão técnica também, pontuando aspectos fortes e fracos da equipe, padrões táticos, e situações que precisam ser aperfeiçoadas.

Essa relação do analista com a comissão técnica vai além de observar a própria equipe. Existem profissionais que analisam os adversários da equipe, detectando o modelo de jogo, e diversas especificidades de cada equipe, com o objetivo de nutrir o treinador de sua equipe com o máximo de informações possíveis, para que o time esteja o mais preparado possível para a partida.

“É importante a gente entender como os atletas e treinadores preferem receber essas informações, se são através de relatórios, imagens, ou pela conversa (feedback)”

Michele Kanitz, auxiliar técnica do Flamengo Feminino e com anos de experiência na área de análise de desempenho.

Em suma, os objetivos da análise de desempenho incluem:

  • Medir o desempenho individual ou coletivo dos jogadores do clube;
  • Analisar os adversários;
  • Observar possíveis futuros jogadores;
  • Identificar pontos fortes e fracos;
  • Realizar relatórios; 
  • Desenvolver planos de ação para melhoria;
  • Auxiliar o processo de tomada de decisão;

Mas além dessas relações, com quem mais o analista de desempenho se relaciona?

Relações do Analista de Desempenho

Começamos citando aqui a relação do analista com o Executivo de Futebol, líder do departamento como um todo, responsável pela contratação de jogadores e profissionais no seu dia a dia. Através da observação e análise de diversos jogadores, que o Executivo vai ter todas as informações necessárias para tomar a decisão de contratar ou não o jogador.

Foto: Marco Santigo/ND

Como já falado aqui, há a relação com o treinador, em busca de ajustes para o próprio time. Outros profissionais da comissão técnica também permanecem em contato com o analista, que irá buscar, por exemplo, entender com os responsáveis pela área de saúde, se o jogador possui condições de atuar da maneira esperada pelo próprio analista e pelo restante da comissão. Por fim, existe a relação entre o analista de desempenho e os próprios atletas.

Dentre as diversas variáveis e cenários da análise de desempenho, há um ponto fundamental para que isso seja aplicado da melhor maneira possível: a comunicação com o atleta no processo de análise de desempenho. O analista precisa se adaptar a qualquer contexto. Primeiro, se discute com a comissão técnica quais informações vão ser necessárias para aquele momento e como será dada a ênfase na análise baseada no sistema de jogo do treinador. 

Como funciona essa comunicação?

“Hoje o nosso trabalho começa pelo sistema defensivo, dando ênfase à proteção, a organizar a casa e depois pensamos em como atacar. Precisamos entender o momento e quais informações vamos passar para o atleta. É aí que entra a comunicação. O atleta não pode receber muitas informações. Ele precisa receber informações-chave para assimilar melhor e conseguir aplicar. A informação mais importante é sempre conforme o objetivo do treino e do modelo de jogo para a equipe.”

Michele Kanitz 

Michele ainda ressalta que de um treino para o outro, a comissão técnica tem que dar ênfase em alguns objetivos. Não tem como fazer tudo ao mesmo tempo. Para receber a informação, é preciso conhecer o perfil do atleta e como ele capta melhor o que está sendo passado. 

Existem três formas de comunicação para com o grupo: 

  • Visual: Na visual, o jogador precisa observar aquela informação. Ou seja, ele precisa observar exatamente o movimento. Não só dos treinos, mas situações de outras equipes analisadas que estão disponíveis no banco de dados, uma função que outro atleta esteja fazendo exatamente aquilo.
  • Auditiva: Na auditiva, ele precisa ouvir e entender como ele tem que executar a função solicitada.
  • Sinestésica: Na sinestésica, o atleta precisa vivenciar e fazer a ação. Ele precisa executar. Treinar. Fazer o movimento. 

E como se sabe qual a melhor maneira de se comunicar com o atleta?

“Precisamos conhecer o perfil do atleta que trabalhamos, porém não existe uma fórmula para saber com qual ação ele vai compreender melhor. Se a gente tem as três e consegue passar as três, ele vai ter todo o tipo de ferramenta ao seu dispor. Ele vai ter uma assimilação maior para executar o que está sendo pedido dentro do jogo. As informações precisam ser curtas e objetivas. Com o tempo de trabalho, experiência e relação com o grupo, a comissão identifica o perfil de cada um e adapta o tipo de comunicação para com todos, sem exceção. Afinal, a comunicação é para todos.” Michele Kanitz 

Mas como analisa a própria equipe?

Para conseguir analisar a própria equipe, é necessário ter as competências citadas até agora:

  • Conhecer o elenco;
  • Entender a metodologia de trabalho;
  • Compreensão do modelo de jogo;

“É necessário analisar os aspectos técnicos, físicos, táticos e psicológicos, e saber ler essas informações, que é o grande diferencial do analista, porque ver o dado cru é uma coisa, agora entender a situação de jogo, é que vai nos dar a resposta que buscamos.” Michele Kanitz

Portanto, para analisar a própria equipe é crucial ter o conhecimento do modelo, ideia e metodologia de jogo do treinador, para assim, conseguir observar o comportamento dos atletas da melhor maneira.

Após o treino, o que deve ter sido analisado:

  • Comportamento coletivo;
  • Comportamento individual;
  • Quais as dificuldades?
  • O que executaram bem?
  • Alguma outra informação relevante?

E para analisar o adversário, é diferente?   

Análise do adversário

O primeiro passo do analista de desempenho que vai observar um jogo do adversário precisa ter é definir: 

  • Quais jogos analisar, se for jogando como mandante ou visitante;
  • Quais competições

Após essas definições, o segundo passo é a análise em si. Observar como a equipe se comporta nos jogos, quais as diferenças em jogos dentro e fora de casa, se muda a maneira de jogar dependendo da competição, quem são os atletas destaques, quais os setores do campo que são mais ocupados e mais trabalhados quando estão com a posse de bola. Enfim, são diversos pontos que precisam ser analisados, para que sejam definidos os padrões táticos, fazendo com que o treinador tenha total conhecimento do seu adversário.

E quais as ferramentas que os analistas usam para concentrar essa grande quantidade de dados e conseguir mostrar para os treinadores e jogadores?

Ferramentas do analista de desempenho

Bom, o analista possui alguns softwares que ajudam no seu dia a dia. A primeira delas é uma plataforma que vem sendo utilizada por clubes brasileiros e pela seleção brasileira, Kin Analytics, empresa com sede no Equador. A trilha de uso da plataforma da Kin Analytics é dividida em três partes: 

  • Processar dados crus;  
  • Obter inteligência para assistir na tomada de decisões;  
  • Gerar estratégias acionáveis para atingir os objetivos. 

A partir disso, são gerados alguns indicadores chave, KPIs, para quantificar o objeto de estudo.

Outra ferramenta utilizada é a Hudl, uma empresa global de tecnologia sediada em Lincoln, Nebraska, nos Estados Unidos. Fundada em 2006, tem como objetivo ajudar equipes esportivas, atletas e treinadores a melhorarem seu desempenho por meio de soluções tecnológicas avançadas. Sua principal especialidade é a análise de vídeo esportivo. A empresa oferece uma plataforma online que permite que treinadores e equipes capturem, editem, analisem e compartilhem vídeos de treinamentos e jogos. 

Com a Hudl, é possível marcar momentos-chave, criar playlists de destaques, fazer anotações e fornecer feedback aos jogadores de maneira mais eficiente. Através desses vídeos, os profissionais do futebol conseguem de forma mais fácil e rápida, analisar detalhadamente o desempenho individual e coletivo dos seus atletas e do adversário. Além disso, oferece recursos avançados de análise de dados.

“Nem todos os clubes terão os principais softwares, e, em alguns casos, o analista terá que utilizar como ferramenta uma câmera, para registrar os lances, e papel e caneta, para anotar os dados coletados ao vivo, contando com o auxílio do excel em um segundo momento. O importante é que o trabalho seja feito de acordo com a estratégia do departamento, a partir das ferramentas oferecidas pelo contexto.”

Michele Kanitz

Ficou interessado em ser um analista de desempenho? Então te liga no próximo tópico:

Como se tornar um Analista de desempenho de futebol?

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O FootHub preparou um curso para você, que tem esse objetivo e vê a análise de desempenho como uma porta de entrada para trabalhar na indústria do futebol. O curso Analista de desempenho – por onde começar é um curso online introdutório na área de análise de desempenho, com três aulas que contemplam as três principais funções de um profissional do setor: análise do próprio time, da equipe adversária e de mercado. Os conteúdos são gravados e o aluno pode assistir no momento em que quiser, desde o momento em que finalizar a compra. Além das 4 horas de conteúdo disponíveis, a plataforma FootHub ainda proporcionará materiais extras e um certificado de conclusão do curso após o aluno finalizar as aulas.

Você irá aprender com duas referências na área:

Michele Kanitz – Auxiliar técnica do Flamengo Feminino, com passagens anteriores pelo Ipatinga, Metropolitano e Inter de Limeira. Atua também como instrutora da Conmebol, contribuindo com o Programa Evolução promovido pela entidade, além de elaborar análises e materiais de competições específicas, como a Libertadores Feminina.

Giovani Dalla Valle – Gerente de Mercado do Avaí, possui duas passagens pelo Athletico Paranaense em sua carreira, sendo a primeira entre 2016 e 2020 e a segunda em 2021, todas na área de análise de desempenho e mercado.

Então para você que deseja iniciar no mercado de análise ou quer aprimorar seus conhecimentos nos temas apresentados, este é o curso ideal! Faça já sua inscrição aqui!

Texto de Willian Sanmartin

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