A precificação que afasta o torcedor

Camisetas da linha Adidas irão custar R$400,00, ou seja, um terço do salário mínimo brasileiro 

A cada nova temporada, os clubes lançam seus novos uniformes, e junto com eles, vem o desejo do torcedor em comprá-los, mas ao se deparar com a precificação, esse desejo acaba sendo oprimido.

De acordo com levantamento realizado no dia 15 de março de 2023, pela “Pluri Consultoria”, que buscou o preço de camisas dos 50 principais times brasileiros, o preço médio de uma camisa original, no Brasil, é R$ 247,16. Confira a lista dos uniformes mais caros:

  • Santos (R$ 359,99)
  • São Paulo (R$ 349,99)
  • Flamengo (R$ 349,99)
  • Cruzeiro (R$ 349,99)
  • Avaí (R$ 349,90)
  • Palmeiras (R$ 329,90)
  • Inter  (R$ 299,99)
  • Atlético MG  (R$ 299,99)
  • Sport  (R$ 299,99)
  • Grêmio (R$ 299,99)
Camisas de times fornecidas pela Adidas alusiva ao mês de prevenção ao câncer de mama em 2022 (Foto: Divulgação/Adidas)

Segundo Jean Makdissi Júnior, da Associação dos Lojistas do Brás em São Paulo, em entrevista para o blog do cap1ta, o principal causador dos preços elevados é a cadeia tributária, variando de 35% a 40%, podendo chegar a 60%.

Makdissi argumenta o motivo pelo qual as camisas possuem um preço tão alto: “Uma camisa do time do coração é produto do desejo e pela quantidade de peças produzidas, vale pela demanda gerada, para inflar o preço. O preço alto deixa a sensação de inacessibilidade e gera mais desejo”


De acordo com informações divulgadas pela Itatiaia, no meio do ano, os valores das camisetas da Adidas serão reajustados para R$ 400, e fornecedoras como Nike, Umbro e Puma, também devem seguir a mesma linha e aumentar o preço cobrado pelas camisas dos clubes que disputam a Série A do Campeonato Brasileiro. Confira quem são os patrocinadores responsáveis pelo material esportivo dos clubes da primeira divisão do Brasileirão:

Divulgação Ataque Marketing (@ataquemarketing)

Realizando um levantamento do valor das camisas desses times, percebe-se que os uniformes do América MG e do Fortaleza são os mais baratos da Série A. Isso se deve ao fato de serem os únicos clubes que tem como fornecedora uma empresa brasileira, Volt Sport.

“Os uniformes envolvem paixão. Felizmente, a cada novo lançamento a repercussão foi bastante positiva entre os torcedores. O nosso objetivo não é apenas confeccionar uniformes, mas investir nos times, estreitar a relação com os fãs e fazer história no esporte.” Fernando Kleimmann, sócio-diretor da Volt Sport, em entrevista para a PLACAR.

Atualmente, a marca patrocina mais 7 clubes brasileiros, Botafogo-SP, CSA, Criciúma, Figueirense, Remo, Santa Cruz e Vitória.

Uniforme número 1 do Figueirense para 2023 (Divulgação Volt)

Leia: Internacionalização dos clubes de futebol

Por Giovana Grassmann – GG Sports Management.

Mas por que as camisas de futebol são caras?

São diversos fatores que precificam as camisas dos clubes, como os impostos, o custo de produção, mas há questões de estratégias das marcas, que associam valor com qualidade, ou seja, quanto maior o valor, melhor será a qualidade. Outra estratégia é “balancear” os preços dos materiais esportivos, para que os consumidores já saibam a base de preço das mercadorias.

Outro fator que permite às empresas colocarem o valor que quiserem é a falta de concorrência. As camisas do seu time do coração são fabricadas e comercializadas apenas pela marca patrocinadora, ou seja, o torcedor só tem essa opção de compra.

O preço das camisas não vem incomodando somente os torcedores, vários jogadores já expuseram sua opinião a respeito desse assunto. Um deles foi o Marinho, que, em 2020, enquanto era jogador do Santos, foi ao programa “The Noite”, do Danilo Gentili:

“Não entendo como os clubes, não só o Santos, querem que a torcida consuma produtos oficiais se vendem uma camisa linda por 360 reais. O torcedor vai escolher comer durante o mês ou comprar uma camisa?”

Marinho

Solução que ajuda o torcedor, mas prejudica o clube

Uma das alternativas benéficas, tanto para os torcedores quanto para o clube, é aguardar o lançamento da nova camisa, e comprar a da temporada anterior, que costumam entrar em promoção, e assim, se tornando mais acessível para o torcedor. 

Outra saída é a busca pela compra de camisas de segunda linha, disponíveis no mercado por metade do valor. E enquanto isso é uma boa opção para o público, para as fornecedoras de material esportivo e para os clubes é resultado de déficits bilionários

Comércio de camisas não oficiais (Sindicato dos jornalistas profissionais no estado de São Paulo)

De acordo com uma pesquisa da Inteligência em Pesquisa e Consultoria (IPEC) encomendada pela Associação pela Indústria e Comércio Esportivo (ÁPICE) realizada em 2022 sobre o ano de 2021, a opção pela pirataria gerou um prejuízo de R$9 bilhões de reais aos clubes no Brasil. Das camisas vendidas, 22 milhões delas são falsificadas.

“A questão da pirataria é realmente complexa. Evidente que é muito ruim e o principal prejudicado é o clube. Então como marca, o que fazemos para combater isso é disponibilizar um mix de produtos acessíveis. Temos linhas de camisas mais em conta, entre 79 e 89 reais. Além disso, em alguns clubes temos também o projeto da linha fã. Há uma tentativa e uma luta diária da nossa parte diária da nossa parte de fazer com que cada vez menos torcedores partam para a informalidade e para a pirataria.” Fernando Kleimmann

As lojas especializadas em comercializar essas réplicas estão cada vez mais crescendo no Brasil. Isso se deve às redes sociais, que geram alcance para a loja, facilitando a divulgação e o contato com as pessoas, além de ser difícil a aplicação de uma fiscalização. 

Segundo uma reportagem publicada no UOL, os clubes estão contratando escritórios com o intuito de espionar e identificar produtos falsos. Em entrevista para o UOL, Flávio Augusto Nunes de Meirelles explicou como funciona o processo de espionagem do seu escritório para o Palmeiras, Inter, Flamengo e Grêmio.

“Nossa inteligência tem um pessoal que faz o rastreamento de forma online e temos equipe de inteligência que vai ao local e confirma a prática.’’  

Flávio Augusto Nunes de Meirelles

As marcas de materiais esportivos também estão nessa “guerra”. Uma delas é a Umbro, que detalhou sua operação para combater a pirataria:

“Na Umbro Brasil adotamos algumas medidas como forma de coibir a pirataria dos nossos produtos, o que inclui as camisas oficiais de clubes como Santos, Fluminense, Grêmio, Athletico Paranaense, Sport Recife, Avaí e Chapecoense. Além de detalhes na confecção que garantem a procedência, originalidade e qualidade dos produtos, também atuamos com força no mercado online.”

A luta contra a pirataria é constante, visto que para os clubes o prejuízo é gigantesco. No entanto, para muitos torcedores, é a única opção de ter uma camisa do seu time do coração. É preciso encontrar uma solução para que os torcedores tenham condições de se aproximar mais de seus clubes, e assim aumentar o nível de receitas com vendas de camisetas e ingressos.

Texto por Willian SanmartinEstagiário de comunicação do FootHub

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