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Como levantei em meu texto anterior as mulheres passaram por um período significante de proibição da prática esportiva, e não considerar a história a partir dessa concepção, é um erro grotesco que qualquer preparador ou preparadora possa ter.

Partindo dessa premissa, a Preparação Física sempre foi considerada como uma das áreas de maior influência no jogo de futebol. As concepções do corpo e da própria Educação Física enquanto profissão foram mudando de acordo com as transformações sociais que se deram, e a Preparação Física como ramo da área também sofreu influência desses movimentos, passando por grandes e importantes transformações a nível teórico e prático.

Mas hoje, não estamos aqui para discutir a fundo os aspectos técnicos-científicos da área, e sim, o seu papel dentro de um processo de ensino em categorias de base e a figura dos profissionais enquanto professores dentro do processo de educação atlético-cidadã.

Para Bettega et. all (2017)as competências essenciais para gerir o desenvolvimento de jovens giram em torno da compreensão de identificar as intervenções relacionadas com os conteúdos técnicos do esporte e o desenvolvimento positivo desses jovens em longo prazo.

Isto posto, além de o treinador obter conhecimento referente aos JEC, de deter, em sua modalidade, competências para o ensino-treino, ele deve reconhecer/identificar: seu contexto de inserção, mapear condições sociais, estruturar conteúdos relevantes e condizentes com a etapa de formação do grupo, e compreender a realidade encontrada. BETTEGA; TOZETTO, MILISTETD, SAAD, GALATTI (2017).


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Levando em consideração a minha prática enquanto profissional dentro do futebol feminino, necessitei desenvolver um olhar mais humano para os processos diários de treinamento, indo desde a questão da educação para o movimento como para aspectos que envolvem as questões sociais das minhas atletas e que influenciam diretamente a performance.

“Na aprendizagem desportiva, as questões sociais é que orientam o exercício das ações de cada um; em seguida, o exercício social das habilidades motoras exigirá o aperfeiçoamento e a integração, entre si, de diversas habilidades individuais” SCAGLIA, Pedagogia do Futebol. (2015)

Nesse sentido, para potencializar todos os comportamentos de nível técnico-tático-físico, precisei entender ao máximo a construção humana e a conjuntura social ao qual cada atleta estava ou está inserida.  A partir desse marco perceptivo, consegui romper com as inúmeras concepções que estereotipavam a minha função e isso, sem dúvidas alguma, me possibilitou dar um salto enorme a nível de abordagem metodológica. Naturalmente os ganhos começaram a se tornar muito maiores do que qualquer tipo de periodização que eu pudesse escolher me possibilitaria a nível de resultado.

Portanto, percebo que a preparação física no futebol feminino vai muito além do ministrar treinos para desenvolver habilidades ou capacidades que auxiliem na performance de maneira mais sistêmica e por isso, trago algumas dicas ou conselhos para todos aqueles que almejam/pretendem trabalhar nessa área, seja em categorias de base ou com alta performance assim como, alguns dos livros que podem enriquecer a prática profissional:

  1. Desenvolver competências inter/intrapessoais e associar essas duas esferas ao conhecimento técnico/profissional é de suma importância;
  2. Fomentar e exercitar a escuta ativa irá auxiliar a tomada de decisão para além dos números;
  3. Desenvolver a compreensão de que a atleta é muito mais do que um emaranhado de números apresentados em avaliações e reavaliações. Entender os motivos dos números é importante e encontrar estratégias para perceber os motivos desses padrões, mais ainda;
  4. Buscar conhecimentos no que tange a pedagogia do esporte podem auxiliar muito na obtenção de melhores caminhos para desenvolver competências atléticas e trazer à tona valores sociais;
  5. Beber de diversas fontes de conhecimento tornam o olhar mais sistêmico e a intervenção mais voltada para o que se pretende a médio-longo prazo;

Texto de Raíssa Jacob.

Livros utilizados como referência:

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